A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

fevereiro 1, 2024

A paralisação do Memórias Reveladas e os 60 anos do Golpe Militar

O ano de 2024 marca os 60 anos do golpe de 1964.

Temos certeza de que inúmeros serão os eventos e manifestações para “rememorar” o período da ditadura militar. A efeméride é um momento importante para reforçar as lutas contra as forças autoritárias, responsabilizar autores de mortes e desaparecimentos, denunciar atrocidades, buscar reparações históricas, permitir o direito à memória e à verdade e, sobretudo, relembrar a sociedade o que aconteceu para que não se repita. Afinal, sabemos que o perigo não passou.

 Nesse sentido, é fato que um grande aliado para ajudar na construção de reflexões importantes em relação àquele episódio é o Memórias Reveladas.

 Criado em 2009, pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, no contexto de implementação de uma política de direito à memória e à verdade promovida pelo Estado brasileiro, o Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985): Memórias Reveladas tem por objetivo disponibilizar os arquivos sobre o regime militar e as lutas políticas durante a Ditadura. Sob a coordenação do Arquivo Nacional, mantém uma base de dados que integra, em rede, acervos e instituições, resultado de acordos de cooperação firmados entre a União, estados e o Distrito Federal, num total de cerca de 160 instituições parceiras.

 Desde sua criação o Memórias Reveladas atuou no sentido de constituir uma política integrada de acervos sobre a resistência à ditadura militar, contemplando sua identificação, tratamento, preservação e difusão. Ademais, o Centro mantém o Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, concurso monográfico de trabalhos que utilizam fontes documentais do período de 1964-1985, além de promover eventos diversos, como exposições, seminários e publicações sobre a temática.

 Não causa surpresa a ninguém que, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, o Memórias Reveladas foi alvo de inúmeras denúncias públicas sobre a tentativa de esvaziamento de suas atividades como, por exemplo, a desvinculação do Gabinete da direção-geral do Arquivo Nacional e, por conseguinte, seu rebaixamento institucional; o grande atraso no lançamento das obras vencedoras da edição 2017 do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas – publicadas somente em 2022, após uma série de denúncias dos autores nos meios de comunicação – e a suspensão de novas edições. Como se não bastasse, acompanhamos a paralisação dos trabalhos de organização e disponibilização de acervos das Delegacias de Ordem Política e Social – DOPS junto aos arquivos estaduais, além de censuras e perseguições contra servidores da área no Arquivo Nacional.

 Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ansiávamos que o Memórias Reveladas tivesse sua situação revista, mas infelizmente isso não aconteceu. Nem o fato dos 60 anos do golpe militar parece impulsionar essa possibilidade. O que nos leva a essa triste constatação são questões como: a) os órgãos colegiados que compõem o Memórias Reveladas, e que possuem um papel fundamental na elaboração de projetos de difusão e de produção de conhecimento sobre o período da ditadura militar do país, não foram compostos ou convocados pela atual gestão do Arquivo Nacional; b) na nova estrutura do Arquivo Nacional, aprovada pelo Decreto nº. 11.874, de 29 de dezembro de 2023, o Memórias Reveladas manteve-se subordinado à área voltada ao tratamento técnico do acervo sob a guarda da instituição arquivística, reforçando o esvaziamento político que o Centro de Referência vem experimentando desde 2016; c) de maneira semelhante, não houve, até o momento, uma nova edição do Prêmio de Pesquisa Memórias Reveladas, cuja periodicidade deveria ser bienal.

Essa morosidade do Arquivo Nacional em recompor o Memórias Reveladas mantém a política de enfraquecimento do Centro de Referência, criado no âmbito das ações de recolhimento, ao Arquivo Nacional, dos acervos dos extintos Conselho de Segurança Nacional, Comissão Geral de Investigações e Serviço Nacional de Informações (SNI). Vale lembrar que tais ações foram iniciadas em 2005 e tiveram por objetivo a garantia do direito da sociedade à memória e à verdade.

Portanto, um dos aspectos mais graves do esvaziamento do Memórias Reveladas é a paralisação da disponibilização de acervos sobre a ditadura e a resistência no Brasil, por meio de um banco de dados alimentado de forma cooperativa por arquivos e instituições públicas e privadas que compõem a Rede Nacional de Cooperação e Informações Arquivísticas.

Cumpre destacar que foi por meio dessa cooperação que foram identificados, tratados e disponibilizados, pelos arquivos estaduais, documentos dos DOPS que serviram para a implementação/execução das ações de reparação às vítimas da ditadura militar, e para a produção acadêmica e científica dedicada à investigação do passado recente do país, aspectos fundamentais para a construção da cidadania e o fortalecimento da democracia.

Pelo andar da carruagem, nem os 60 anos do golpe militar, tampouco os recentes acontecimentos antidemocráticos, são motivos relevantes para a direção do Arquivo Nacional retomar as importantes ações do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil (1964-1985): Memórias Rev

Replicado do blog da Associação de Arquivistas de São Paulo: A paralisação do Memórias Reveladas e os 60 anos do Golpe Militar (pontodevistaarqsp.wixsite.com)

janeiro 23, 2024

Tiradentes MG, destino turístico imperdível

Tenho a tendência em bater longos papos com pessoas estranhas que encontro pela vida afora. E isso resulta em uma série de conhecidos que preenchem meus dias com conversas agradáveis, conselhos e informações.

Passei 07 dias desse mês em Tiradentes/MG e cidades vizinhas, onde pude apreciar a linda arquitetura colonial, a deliciosa comida mineira, as estradas e paisagens montanhosas. Em uma de minhas caminhadas pelas ruelas de Tiradentes, mais precisamente próximo da rua Jogo de Bola, cruzei com D. Josephina, de 90 anos, elegantemente vestida, dando passos lentos com seu andador de apoio, que ao me ver esboçou um largo sorriso e disse: “boa tarde!”. O que aconteceu em seguida segue no relato abaixo.

D. Josephina

Ela parou e começou a puxar conversa. Disse que saiu de casa logo cedo para sua lenta caminhada. Perguntou de onde eu era e em seguida emendou que era nascida e criada em Tiradentes. Que adora conversar e contar “causos”. Disse: “você conhece Papo Suado (fubá suado)?” Diante de minha negativa, começou a contar que quando era jovem, ao cair da tarde e começo da noite, as pessoas se reuniam nas casas para rezar o terço. Depois de terminada a profissão de fé, sentavam na frente das casas para tomar café e comer papo suado. Em uma panela de ferro, colocavam toucinho para fritar. Depois acrescentavam fubá úmido com um pouco de sal. As vezes também colocavam queijo. Depois de pronto e morno, uma generosa colherada era acondicionada na palma da mão a qual era comprimida como um bolinho e comia-se junto com o café.

Josephina falou que a carne do Natal não deve ser porco, vaca ou galinha. Que tem que ser um pernil de cordeiro bem assado, com temperos e especiarias. E elencou sua receita. E frisou: “você pode fazer essa mesma receita em qualquer outra época do ano. Mas, com o sabor e o aroma quando é feito na noite de Natal, nunca ficará igual.”

Também discorreu sobre receita para curar a ressaca e disse ser infalível. Molhar o fubá, fazer bolinhas e dentro de cada uma delas colocar um pedacinho de pau de canela. Levá-las ao fogo em uma panela com água e deixar ferver. As bolinhas não desmancham. Depois de fervidas, retirar as bolinhas e tomar a água resultante da fervura. É tiro e queda, segundo ela. Você estará pronto para novo porre!

Rua Jogo de Bola

Ela ficou viúva faz 3 anos. Tem 3 filhos e todos tentam agradá-la da melhor forma possível. Gosta da boa comida acompanhada de um bom vinho. E ao final de nossa conversa deu um conselho sobre o melhor cartão de crédito que podemos ter nessa vida: “Eles são três – a amizade, o amor e a caridade”.

Nos despedimos. Ela estava a caminho do Restaurante Padre Toledo onde trabalhou durante 51 anos. Iria comer uma tapioca e tomar uma taça de vinho. Deu seu endereço, e disse sorrindo: quando passar pela rua Jogo de Bola, número tal, a porta está sempre aberta. Pare para tomar um café e papearmos.

Saúde e força para D. Josephina!

agosto 25, 2022

Edmundo Navarro de Andrade – vida e obra

Edmundo Navarro de Andrade nasceu em São Paulo em 02/01/1881, na antiga Rua do Chá, hoje Barão de Itapetininga. Ele era filho de João de Campos Navarro de Andrade (jornalista e teatrólogo) e Dona Cristina de Afonseca Navarro de Andrade.

Edmundo Navarro de Andrade

Foi batizado por Dona Veridiana Prado e o filho dela, Eduardo Prado. Edmundo Navarro de Andrade, com o apoio do padrinho, em 1896, foi para Coimbra estudar, matriculando-se na Escola Nacional de Agricultura, onde o curso era de 6 anos.

Durante o período de estudo, por ocasião de estar em férias, veio ao Brasil duas vezes, em 1899 e 1902, e numa delas passou todo o tempo na Fazenda Campo Alto, em Araras/SP, de propriedade de sua madrinha. Nesse local colocou em prática os seus conhecimentos sobre arboricultura, podou as árvores frutíferas da fazenda, o que deixou o administrador da fazenda preocupado, mas depois viu que o rapaz sabia o que estava fazendo.

Em1901 faleceu Eduardo Prado, seu padrinho, e D. Veridiana passou a custear os estudos de Edmundo, que voltou ao Brasil em 1903, diplomado, e em São Paulo, passou a morar na casa da Rua Visconde do Rio Branco, em que residira e falecera Eduardo Prado. Mas ia todos os dias fazer suas refeições na chácara de sua madrinha e em companhia dela. Dona Veridiana era extremamente correta e não aceitava falcatruas. E esta convivência  teve grande influência na formação do caráter de Edmundo.

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setembro 10, 2021

Jardim Chervezon, em Rio Claro/SP

O “Grande Cervezão” é um complexo formado por mais de uma dezena de bairros, surgidos quase todos de loteamentos clandestinos. Dentre eles, destaca-se o Jardim Chervezon, um bairro que pode ser visto como uma outra cidade, cheia de histórias e controvérsias.

A criação do Distrito Industrial no setor Norte de Rio Claro, em 1970, favoreceu o surgimento de novos loteamentos nas proximidades, forçando uma expansão territorial urbana.

No dia 7 de Janeiro daquele ano, Santo Oliva Chervezon requereu, junto à Divisão de Protocolo e Arquivo da Prefeitura Municipal, o loteamento de uma área de 274.390 metros quadrados, que fazia divisa com a FEPASA, com os loteamentos Parque das Indústrias e Jardim Independência, bem como com terras dos Irmãos Brescansin e de Sílvio Hilsdorf e Filhos. Essa área de terreno era denominada “Chácara Potreiro”; e, nela, seria implantado um futuro bairro: o Jardim Chervezon.

O projeto contava com 35 quadras, 10 áreas institucionais e 5 sistemas de lazer. O acesso se daria pelas ruas 6 (antiga estrada de acesso a Brotas) e M-4 e pela avenida M-21.

O requerimento foi recusado com base nas considerações do Departamento de Engenharia, que dizia que a área compunha-se por terrenos baixos para onde escoavam as águas pluviais e alguns córregos da região Norte de Rio Claro. Eram, portanto, terrenos alagadiços, a princípio impróprios para que ali se assentassem edificações. Afim de se tornarem adequados à utilização urbana, teriam que passar por uma ampla drenagem.

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agosto 29, 2021

Minha infância teve cheiro de capim gordura

“Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo”.

Adélia Prado

Nasci, no final década de 1950, no município de Rio Claro/SP, mas meus pais, tios e avós moravam e trabalhavam na Fazenda e Haras Morro Grande, distrito rural daquela cidade. Sou o terceiro filho de uma família de três irmãos, que era para ser de quatro. Minha mãe perdeu um filho quando estava grávida de 6 meses. Meu pai era o terceiro dos oito irmãos de uma família de filhos de italianos. Só conheci a minha avó paterna, Virgínia Rosin Calore Martini. Ela contava as aventuras da longa travessia do oceano que seus pais fizeram, da Itália até o Brasil, que teria durado seis meses, entre outras histórias.

Meu avô, Primo Martini, com minha avô, Virgínia Calore Martini, em sua primeira foto juntos, na saída da missa da igreja de Santo Antônio, em Morro Grande, quando começaram a namorar.

Depois de algum tempo, meu avô, Primo Martini, comprou um sítio bem próximo da fazenda onde trabalhavam. A casa, bem simples, ficava em uma parte baixa do terreno, com muitas árvores frutíferas ao redor, como laranjeiras e mangueiras. Tinha também um pé de jambo enorme, que ficava do lado esquerdo da casa, no qual eu e meus primos costumávamos subir. Tudo permeado pelas flores da minha avó. Roseiras, cravos, dálias, rainhas margaridas, olgas, primaveras…Tinha duas cozinhas na casa e um corredor comprido onde havia os quartos de dormir. E lá no sítio, não havia separação entre a vida dos adultos e das crianças. As tarefas eram feitas em conjunto, quer sejam as domésticas ou as da roça, cada um com responsabilidades compatíveis com a idade e a força.

Cultiva-se basicamente arroz, feijão e milho. Mas lembro que tinha velhos pés de café, talvez plantados pelo antigo proprietário ou outro qualquer, que ainda produziam. Do lado de fora da janela da sala de jantar tinha um pequeno parreiral, que produzia uvas brancas e escuras e que quando produziam tinham seus cachos vigiados por meu avô. Nas festas de ano novo, sempre tinha vinho tinto de garrafão e lembro que minha avó misturava vinho com água e açúcar cristal. Colocava em canecas e dava para nós, ainda crianças, molhar o pão. Não, ainda não bebíamos vinho puro. Ter o direito de tomar vinho correspondia a um ritual de passagem da vida de criança para a de adulto. Todo o trabalho no sítio era feito manualmente. Cada filho que nascia representava mais uma enxada, um machado, uma foice, um facão… A cada ano e com a parcimônia e sabedoria do meu avô e tios, derrubava-se nova porção de mato para ampliar a área de cultivo. Uma junta de bois ou um cavalo puxava o arado. Por ali, raramente usava-se o dinheiro. O que havia era muito escambo.

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agosto 2, 2021

SERES-RIOS – festival fluvial promovido pelo BDMG Cultural

O Festival Seres-rios acontecerá online, de 02 a 10 de agosto e é promovido pelo BDMG Cultural – o festival propõe reflexões sobre as histórias e as relações culturais dos rios.

Acesse a programação

Há centenas de narrativas de povos que estão vivos, contam histórias, cantam, viajam, conversam e nos ensinam mais do que aprendemos nessa humanidade. Nós não somos as únicas pessoas interessantes no mundo, somos parte do todo. Isso talvez tire um pouco da vaidade dessa humanidade que nós pensamos ser, além de diminuir a falta de reverência que temos o tempo todo com as outras companhias que fazem essa viagem cósmica com a gente.

AILTON KRENAK, IDEIAS PARA ADIAR O FIM DO MUNDO

Falar sobre rios é falar sobre seres, matérias, encantamentos, violência, vida e morte. É falar sobre o duo natureza e cultura que tanto tentou se apartar, mas que resiste em manifestos e festas. E pensar em rios no território das Minas e das Gerais é consagrar o maior número de bacias hidrográficas do país, onde abrigam-se nascedouros e grandes rios que seguem Brasil adentro e rumo ao Atlântico, abastecendo aquíferos e, por que não, imaginários de um mundo abundante.

Segundo o Igam – Instituto Mineiro de Gestão das Águas – são 17 bacias hidrográficas no Estado. A questão que se faz presente, entretanto, é como cuidamos dessa abundância, como cuidamos de toda a rede ecológica e cultural que os rios emanam e coletivamente constroem em seu entorno.

SERES-RIOS vem então para compartilhar conhecimentos múltiplos, arte e diálogos de quem vivencia e tem relação com águas fluviais em suas mais diversas formas, cursos e geografias. Um festival virtual criado – e inspirado pelas correntes dos rios Doce, Jequitinhonha e São Francisco – para celebrar a existência e a importância dos rios para a vida e seu importante papel em todas as discussões ambientais, culturais, sociais e econômicas. 

Com realização BDMG Cultural, o SERES-RIOS Festival Fluvial se materializa em uma plataforma online com uma programação fluida como os rios e que contempla músicas para abrir os caminhos e uma mesa de inauguração, 6 diálogos, 4 lives, uma exposição coletiva de 6 artistas que desenvolveram trabalhos especialmente para o projeto, uma mostra de filmes, playlists, cartografia, conteúdo infantil e outras interações digitais para um público diverso.

E, assim, esperamos que nesse navegar, possamos vivenciar a estética, a política, a festa, a imagem, o som e o conhecimento juntos, sempre olhando para o outro. Pela sede de descanso que estamos vivendo e pelo prazer de soltar o corpo na água e lutar para sobrevivermos em coletivo. Pelos seres-rios.

Gabriela Moulin
Diretora-Presidente do BDMG Cultural

maio 16, 2021

Prefeitura lança Manual Ilustrado do Centro Histórico de São Paulo

Cartilha ilustrada traz dicas e orientações para que proprietários e locatários de 380 imóveis no perímetro do Triângulo Histórico recuperem as suas fachadas e tornem a arquitetura dessa região ainda mais valorizada.

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) e a São Paulo Urbanismo, acaba de publicar o “Manual Centro Histórico – Manutenção, Conservação, Reforma, Restauro”. O objetivo é sensibilizar a população quanto à importância da paisagem urbana, orientando as ações individuais e coletivas que possam ajudar a manter e preservar a cidade. Confira aqui a publicação.

Mapa do Centro Histórico de São Paulo

O caderno tem como área de estudo o Triângulo Histórico, recorte especial do Centro formado pelas ruas Benjamin Constant, Boa Vista e Líbero Badaró, com área de aproximadamente 185 mil m² e por onde circulam diariamente 600 mil pessoas. A ideia do Manual é incentivar e orientar os proprietários e locatórios dos 380 imóveis contidos nesse perímetro para que mantenham ou promovam as devidas intervenções nas suas fachadas a fim de realçar a beleza da arquitetura de São Paulo.

Cabe destacar que no perímetro do projeto todos os imóveis são tombados ou encontram-se em áreas envoltórias de tombamento. A cartilha foi elaborada de forma ilustrada, a fim de facilitar e ampliar o acesso à informação quanto às normas legais para esses bens, além de prestar orientações sobre a inserção de elementos na paisagem tendo em vista a valorização, reforma e preservação do imóvel.

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maio 7, 2021

Árvores conseguem aprender e lembrar de coisas

Em entrevista concedida para Richard Schiffman, no site Scientific American Brasil a pesquisadora Suzanne Simard sugere que plantas trocam nutrientes e informações, e são capazes até de interagir especificamente com outras da mesma “família”.

A matéria citada acima é muito interessante. Abaixo seguem os trechos que mais me chamaram a atenção. Mas vale a pena acessar o conteúdo na íntegra.

“A descoberta de que árvores são, na verdade, seres sociais, foi o que chamou a atenção do público. Segundo os estudos da ecologista, elas trocam nutrientes entre si e mantém uma comunicação umas com as outras sobre possíveis ameaças ambientais, como pragas que podem atacá-las, de modo a se sempre se ajudarem a sobreviver.”

Suzanne Simard, autora do livro Finding the Mother Tree: Discovering the Wisdom of the Forest, sobre árvores-mãe e a importância de ajudarmos em sua sobrevivência. Foto de: sciam.com.br

“Em um trabalho mais recente, ela (Suzanne) encontrou evidências de que as árvores reconhecem sua própria família, sendo bastante generosa com ela, especialmente em relação àquelas mudas mais vulneráveis.”

Ela também descobriu que bétulas fornecem moléculas de açúcar para árvores de abetos durante o verão através das redes micorrizas e que os abetos retornam o favor ao alimentarem as bétulas nos meses de outono e primavera, quando lhe faltam folhas.

“Isso não é incrível? Alguns cientistas estavam tendo problemas com isso: por que uma árvore enviaria açúcar fotossintético para outras espécies? Mas, para mim, era óbvio. Elas sempre ajudam umas as outras a criar uma comunidade saudável com beneficio para todos”.

Pergunta: “Você está dizendo que as comunidades da floresta são, em alguns aspectos, mais igualitárias e mais eficientes do que a nossa própria sociedade? Há alguma lição a ser aprendida aqui?”

“Exatamente, elas promovem a diversidade. Estudos mostram que a biodiversidade leva à estabilidade e resiliência. E é fácil ver por quê. É um sistema sinérgico. Por exemplo, existe uma planta com alta capacidade fotossintética e alimenta todas essas bactérias do solo que fixam nitrogênio. Enquanto isso, há essa outra planta com raízes profundas. Ela desce e traz água, que compartilha com a planta fixadora de nitrogênio, pois esta precisa de muita água para realizar suas atividades. Então, de repente, toda a produtividade do ecossistema aumenta”.

*Isso acontece porque as espécies ajudam umas as outras? *

“Sim, esse é um conceito importante que todos nós precisamos apresentar e adotar. É aquele que nos escapou”.

Pergunta: Dessa maneira, a cooperação é igualmente importante, senão mais importante do que a competição. Precisamos revisar nossas visões sobre como a natureza opera?

“Penso que precisamos. Charles Darwin também entendia a importância da cooperação. Ele sabia que as plantas viviam juntas em comunidade, e escreveu sobre isso. Porém, essa questão nunca recebeu tanta atenção quando seus trabalhos sobre a seleção natural baseada na competição.

No dias de hoje, nós estudamos coisas como o genoma humano e percebemos que boa parte do nosso DNA tem origem viral ou bacteriana. Agora sabemos que somos consórcios de espécies que evoluíram juntas. Esse pensamento está se tornando mais popular. Da mesma forma, florestas são organizações multiespécies. Culturas aborígenes já tinham conhecimento sobre a existência e complexidade dessas relações e interações. Nem sempre tivemos uma abordagem tão reducionista”.

Pergunta: Seu último trabalho de pesquisa mais recente é chamado de Projeto Árvore-Mãe. O que são “árvores-mãe”?

“As árvores-mãe são as maiores e mais antigas da floresta. Elas são a cola que mantém a floresta unida e possuem os genes de climas anteriores. Essas árvores-mãe são o lar de várias criaturas, de uma enorme biodiversidade. Por meio de sua enorme capacidade fotossintética, elas fornecem alimento para toda a vida presente solo. Além disso, “árvores-mãe” mantêm o carbono no solo e na superfície e conservam também o fluxo de água, Ajudando, assim, a floresta a se recuperar de perturbações. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-las”.

março 1, 2021

Em nenhum momento a pandemia assolou o Brasil como agora

Peço às amigas e amigos que leiam e repassem o importante texto que se segue. Os autores estão listados no final.
Em nenhum momento a pandemia assolou o Brasil como agora. Com suas mutações de escape, é possível que o vírus se antecipe à vacinação.


“E assim acaba o mundo. Não com uma explosão, mas com um gemido”, concluía T. S. Eliot em “The Hollow Men”. Uma pandemia não é menos destrutiva que uma guerra. Pode, no entanto, ser desqualificada, total ou parcialmente.
Sejamos claros: em nenhum momento a Covid-19 assolou o Brasil como agora. Crescem as internações e mortes. Disseminam-se variantes virais, provavelmente mais transmissíveis e talvez causando doença mais grave. Pior: é possível que essas variantes escapem à imunidade conferida pelas vacinas.
Que essa não é uma situação sem esperança demonstram os exemplos da Nova Zelândia, Alemanha e Espanha. E o movimento coerente (ainda que tardio) do município de Araraquara (273 km de SP). Porém, vivemos uma epidemia de cegueira que ultrapassa as previsões de Saramago. O pacto coletivo de autoengano consistia em negar o que ocorre na Europa. Agora se estende a ignorar o colapso da cidade vizinha.
Como entender que Araraquara e Jaú estejam em lockdown enquanto Bauru, a 55 km da última, faz passeatas pelo direito à aglomeração?
Sem dúvida esse é um caso para análise em antropologia e ciências do comportamento. Não que se menosprezem os danos econômicos, sociais e psicológicos do distanciamento. Mas, na emergência da saúde pública, o valor intrínseco da vida deve ser reforçado. Não sabemos tudo, mas já acumulamos fortes evidências. As “medidas não farmacêuticas”, incluindo distanciamento social por fechamento de comércio, inibição de aglomerações e uso rigoroso de máscaras são o único (amargo) caminho para interromper a progressão da Covid-19.
Não conseguiremos vacinar a tempo. É possível que o vírus se antecipe à vacina, com suas mutações de escape. A transmissão do coronavírus gera oportunidades para surgimento de variantes. É urgente, pois, interrompê-la. Mas, se continuarmos a pensar que Araraquara e Jaú são longínquas ilhas do Pacífico, marcharemos rapidamente para o colapso da saúde. Não no estado de São Paulo, mas no país.
Passamos pela fase da ilusão de “enterros falsos”. Muitos de nós já tiveram vítimas fatais na família. Também já estão soterradas as pílulas milagrosas —cloroquina, ivermectina e nitazoxanida. Os antivirais com resultados promissores são novos, caros, inacessíveis. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, já menciona a dificuldade em conseguir oxigênio. O caos está aqui, está em todo lugar.
Pesa sobre nós uma escolha. De um lado temos o darwinismo social, em que aceitaremos a morte de centenas de milhares como uma pequena inconveniência suportada em nome da economia. Do outro, a chance de aprender com as lições positivas e negativas de outros países. Como bom exemplo, temos a Nova Zelândia. No extremo oposto, os Estados Unidos. Ainda há tempo para deixarmos de bater continência a réplicas da Estátua da Liberdade e reconhecermos que Donald Trump levou seu país ao fundo do poço da saúde pública.
Não será o fim do mundo, mas já é uma catástrofe sem precedentes. Silenciosa, exceto pelos ruídos de ambulâncias e ventiladores mecânicos, quando existem. Ou pelos gemidos daqueles a quem falta o ar. Uma agonia tão intensa e destrutiva quanto bombardeios.
Manipular politicamente o boicote às medidas óbvias de contenção da Covid-19 foi a receita para o caos, tanto nos Estados Unidos quanto no Amazonas. Não é muito desejar que aprendamos com nossos erros. “O que a vida quer da gente”, diria Guimarães Rosa, “é coragem”.
Carlos Magno Castelo Branco – Fortaleza – Infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp)
Luís Fernando Aranha Camargo – Professor de infectologia da Unifesp
Dimas Tadeu Covas – Diretor do Instituto Butantan
Marcos Boulos – Professor titular aposentado da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP)
Rodrigo Nogueira Angerami – Infectologista (Unicamp)
Benedito Antônio Lopes da Fonseca – Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP)
Eduardo Massad – Professor da FGV-RJ e da USP
Francisco Coutinho – Professor do Departamento de Patologia da FM-USP
Gonzalo Vecina – Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP

fevereiro 23, 2021

Villa Grazioli em Grottaferrata, de uma villa nobre a uma residência histórica

Villa Grazioli, Grottaferrata – Créditos das fotos: https://bit.ly/3auRRyZ

Quem não gostaria de passar um fim de semana em uma antiga vila nobre , sem abrir mão do conforto da vida moderna? Na Villa Grazioli, em Grottaferrata, você pode! A residência do antigo cardeal é uma das doze Villas Tuscolane, localizadas no território dos Municípios de Frascati, MontePorzio Catone e Grottaferrata, na área de Castelli Romani . Em Grottaferrata estão Villa Muti-Arrigoni e Villa Grazioli: ao contrário da primeira, esta última pode ser visitada e nós, no fim-de-semana passado, tivemos o prazer de a conhecer.

Ao contrário da maioria das Villas Tuscolan, atualmente inacessíveis, Villa Grazioli nos últimos anos passou por cuidadosas obras de restauração que a adaptaram a uma instalação de alojamento turístico; é, portanto, acessível ao público que pode apreciar suas belezas histórico-artísticas e paisagísticas, e vivê-la em uma experiência de 360 ​​graus. A villa, de fato, uma das mais ricas em termos artísticos entre as Villas Tuscolan, situa-se na fronteira entre Grottaferrata e Frascati num parque de cerca de 15 mil metros quadrados, com vista para o campo em torno de Roma.

Assim, vamos descobrir juntos as origens e a história deste património cultural inestimável do nosso território, a dois passos de Roma, protegido desde 1913 pela Superintendência de Belas Artes, pelos seus notáveis ​​valores artísticos.

Villa Grazioli, residência do cardeal do final do Renascimento, com origens romanas antigas

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