Meu pai era um operário que fazia trabalho pesado, mas antes disso foi agricultor. Acho que posso classificá-lo como um pouco bruto em seu modo de ser. Mas como dizem, “os brutos também amam”. Apesar da dificuldade que tinha em expressar o seu amor, era portador de um coração doce, enorme e aparentemente entre mim e minhas duas irmãs não tinha um filho preferido, como deve ser com todos os pais.
Comia muito mal e em quantidade, mas com gosto. Adorava carnes de panela bem gordas, muita manteiga ou margarina no pão, toras de mortadela, tigelas grandes de doces de abóbora, banana etc., torresmos e um sem-fim de tranqueiras. Mas não foi por conta de doença cardíaca que morreu. Acho que essa fome desmensurada foi por conta da infância e juventude que teve e as dificuldades que passou. Tinha mania de fazer estoque de alimentos não perecíveis. A cozinha era o maior cômodo da casa e em um dos cantos havia um enorme baú de madeira onde ficavam acondicionados dezenas de quilos de arroz, feijão, trigo, açúcar, sal, latas de óleo, margarina… Quando ficava sabendo que em dito supermercado havia um produto em promoção ia até lá e comprava o tanto que o dinheiro que tinha no bolso dava para comprar.
Meu pai, Antonio Martini, era um ecologista nato
Me lembro claramente da sensação de que eu tinha vendo-o comer. Dava gosto de vê-lo comer com tanto prazer. Minha mãe é quem preparava o prato. Prato fundo. Montanha de arroz com feijão e sobre ele a “mistura do dia”. A comida tinha que estar morna e ao lado do prato sua colher de estimação. Sim, ele comia de colher e tinha que ser a colher dele. Era raro ele aceitar um convite de almoço na casa de parentes ou amigos. Mas, quando ia, a colher o acompanhava, no bolso. Mesmo ainda criança, eu acho que percebia que aquela fome não era só de comida. Se fosse, ele já estaria satisfeito com três sanduíches de pão com mortadela. Mas ele chegava a devorar dez, doze de uma só vez… Dizia: “Maria, hoje não vou jantar. Vou comer pão com mortadela”. Tive que viver algumas décadas ainda para entender os vários tipos de fome das pessoas em suas tentativas de compensações.
Também conhecida como “text neck”, a síndrome do pescoço de texto é uma nova doença da coluna vertebral, causada principalmente pelo uso excessivo de celulares e dispositivos móveis.
A má postura com que manuseamos esses aparelhos, em geral com a cabeça flexionada para baixo, na direção do queixo, faz com que uma grande quantidade de peso seja depositada sobre toda a coluna, gerando dor no pescoço, tensão muscular e rigidez.
Ao usar um celular, conforme aumenta a inclinação da cabeça para baixo, cresce também a pressão que ela exerce sobre a coluna cervical. Quando o pescoço fica inclinado para frente e para baixo, o peso da cabeça passa de cinco para 27 kg, sobrecarregando toda a coluna.
A dor no pescoço é o primeiro sintoma da síndrome do pescoço de texto, podendo ser acompanhada por deformações posturais como uma suave porém permanente inclinação do pescoço para baixo (que com o tempo fará as dores piorarem) e até mesmo pela formação de corcundas.
Isso acontece porque a coluna tenta se adaptar ao novo peso constantemente exercido sobre ela e busca posturas que não a sobrecarreguem tanto.
Quando o pescoço fica flexionado por muito tempo, como é comum quando se usa o celular para navegar pelas redes sociais ou assistir vídeos, há um alongamento excessivo dos extensores cervicais, que são os músculos que mantém o pescoço elevado.
Como esses músculos em geral são fracos, o seu alongamento exagerado induz um encurtamento dos flexores cervicais (os músculos que inclinam nosso pescoço para frente), aumentando a tensão muscular na região do pescoço, ombro e toda a coluna, de modo que a cabeça tende a se projetar para a frente.
Em casos mais graves, a síndrome do pescoço de texto pode levar a uma compressão dos discos intervertebrais cervicais, responsáveis por evitar problemas como a hérnia de disco.
É importante tomar cuidado e buscar corrigir sua postura o quanto antes, para evitar que um nervo cervical seja comprimido. Isso pode provocar sintomas neurológicos como formigamento ou dormência nos braços e nas mãos.
Dor nas costas – pode ser desde uma pequena dor crônica, que incomoda constantemente, até espasmos musculares graves na coluna cervical e torácica (pescoço e região superior das costas)
Dor no ombro
Rigidez muscular (em geral resultante de um espasmo muscular e ombro dolorido)
Formigamento ou dormência de membros superiores (em casos mais graves)
Prevenir casos de síndrome do pescoço de texto consiste basicamente em manter uma boa postura corporal. Esteja atento ao modo como você usa o seu celular.
O ideal é levantar o aparelho na altura dos olhos, ao invés de abaixar o pescoço em direção ao dispositivo. Digitar com ao menos dois polegares também ajuda a prevenir casos de tendinite no dedão.
Ter uma musculatura firme e boa amplitude de movimentos são fatores importantes para que consigamos manter uma postura correta por mais tempo.
Fazer exercícios físicos regulares é outra medida eficiente na prevenção à síndrome do pescoço de texto, uma vez que fortalece os músculos.
Também é recomendável fazer alongamentos específicos para o pescoço ao longo do dia, em especial se você trabalha sentado, em frente ao computador ou faz uso intenso do celular.
Faça rotações circulares do pescoço, primeiro para um lado, depois para o outro. Com uma das mãos, puxe a cabeça para o lado e segure por alguns segundos, invertendo em seguida.
Segure a cabeça para a frente com as duas mãos e, por fim, também com as duas mãos, empurre suavemente o queixo para trás, de modo a flexionar a cabeça. Para complementar, você pode fazer rotações com os ombros e movimentos laterais com as costas, de modo a aliviar a tensão acumulada nessas regiões.
Nos casos em que os sintomas já se manifestaram, além de corrigir a postura, atividades como ioga e pilates, que estimulam o alongamento e relaxamento do corpo, além de fornecerem maior consciência corporal, são boas opções, pois ajudam na recuperação da amplitude motora perdida.
Em casos mais graves pode ser necessário fazer fisioterapia para corrigir e reeducar a postura, de modo a evitar que a síndrome do pescoço de texto se manifeste novamente.
Se você sente dores frequentes no pescoço ou tem algum dos sintomas aqui citados, é bom procurar um médico ortopedista ou fisiatra, que poderá solicitar exames e fornecer um diagnóstico mais preciso sobre o desequilíbrio biomecânico, identificando fatores (além da postura) que podem estar perpetuando a dor.
A dor no pescoço pode não ter sido necessariamente causada pelo celular, mas indicar o começo de uma doença mais grave se manifestando, como hérnia de disco, artrite, meningite ou mesmo câncer. Fique atento!
Tenho um grupo de amigos de minha época de infância e educação primária no WhatsApp. Dias atrás o Pisteker encaminhou o texto abaixo, que encontrou na rede, o qual se refere aos benefícios da velhice. Procurei no Google, o encontrei como sendo de autor desconhecido.
É uma boa reflexão para um país que está envelhecendo em alta velocidade como demonstram as estatísticas mais recentes. Leia e se gostar, compartilhe!
As vantagens de ter 60 anos, ou mais.
Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo tornei-me mais amável para mim e menos crítico de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo…
Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou pela compra de algo bobo que eu não precisava. Eu tenho o direito de ser desarrumado, de ser extravagante.
Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.
Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até às quatro horas e dormir até meio-dia? Quem irá me tirar o prazer de ficar na cama ou na frente da televisão o tempo que eu quiser? Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 70 e 80 e se eu, ao mesmo tempo, desejar chorar por um amor perdido… Eu vou.
Se eu quiser, vou andar na praia em um short excessivamente esticado sobre um corpo decadente e mergulhar nas ondas com abandono, apesar dos olhares penalizados dos outros no “jet set”. Eles também vão envelhecer.
Eu sei que sou às vezes esquecido, mas há algumas coisas na vida que devem mesmo ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril, e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.
Sou abençoado por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata. Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.
Eu ganhei o direito de estar errado. Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velho. Eu gosto da pessoa que me tornei.
Não vou viver para sempre, mas enquanto ainda estou aqui, não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E, se me apetecer, vou comer sobremesa todos os dias.
Que nossa amizade nunca se separe, porque é de coração!
A detecção precoce do câncer de próstata tem um impacto muito relevante no sucesso do tratamento.
O câncer de próstata é um processo de crescimento anormal e desorganizado de algumas células desta glândula do sistema reprodutor masculino, que nas situações onde o diagnóstico ou o tratamento se atrasam levam a uma proliferação descontrolada da patologia.
Na maioria dos casos apresenta um comportamento assintomático, por dois motivos: de a evolução lenta e o crescimento tumoral surgir, frequentemente, na zona periférica da próstata. Quando não é tratado em tempo oportuno, pode levar ao envolvimento tumoral de toda a glândula, invasão para órgãos vizinhos ou mesmo disseminação hematogênica/linfática, mais conhecida como metastização. Os locais de metastização mais comuns são os gânglios linfáticos e os ossos.
O câncer da próstata em números O câncer da próstata é atualmente um dos tumores mais frequentes no homem, sendo considerado a segunda causa de morte oncológica mais comum desta população. Em média, um em cada seis homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da sua vida.
Fatores de risco Existem vários fatores de risco para o câncer de próstata, sendo a idade o mais importante. Ainda que possa surgir em pessoas mais jovens, é mais frequente acima dos 65 anos — aumentando exponencialmente o risco conforme aumentam também os anos.
A hereditariedade/história familiar é também um fator de risco cada vez mais importante. No caso do câncer de próstata em pais ou irmãos, o risco de desenvolver este tumor aumenta muito — e, geralmente, quanto mais parentes afetados maior o risco.
Não há dúvidas de que a boa alimentação é uma das principais aliadas para manter a longevidade, o bem-estar e para ter uma melhor qualidade de vida, é a alimentação saudável.
Alimentar-se bem é sinônimo de manter o bom funcionamento do corpo. Segundo Cyntia Maureen, nutricionista da Superbom, um cardápio balanceado ajuda o sistema imunológico, melhora o humor e a memória, reduz o cansaço e o estresse, melhora a qualidade do sono, previne o envelhecimento precoce da pele e de todas as células, melhora o sistema digestivo e fornece disposição e mais energia para as atividades diárias.
Uma dieta a base de carboidratos complexos, proteínas, gorduras saudáveis, fibras, vitaminas, minerais e boa ingestão de água é essencial para manter o sistema imunológico funcionando bem. Pensando nisso, a especialista separou alguns benefícios que a refeição balanceada, rica em alimentos naturais, é capaz de promover.
1. Previne contra o câncer
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), praticar atividades físicas, evitar bebidas alcoólicas e manter o peso adequado são ações simples capazes de evitar 28% de todos os casos de câncer. “Uma dieta com base em alimentos vegetais e reduzida de açúcares e sal demonstra grandes benefícios em relação a prevenção contra o câncer. Além disso, abusar das verduras, legumes, frutas e cereais integrais, por serem ricos em antioxidantes, auxilia a defesa do corpo a destruir agentes cancerígenos, podendo ajudar a reverter estágios iniciais de câncer”, afirma.
Desde o início da pandemia por Covid19, somos diariamente invadidos com o tema da morte. Este confronto diário parece inevitavelmente suscitar a reflexão sobre a nossa própria finitude enquanto seres humanos. E quem não se sente por isso, mais vulnerável e angustiado? Por mais que na atualidade o conhecimento sobre a pandemia esteja se consolidando, a verdade é que as perdas pela doença continuam a ser abruptas, difícil de encontrar um significado, surgindo frequentemente pensamentos como “Se não fosse a Covid, ainda estaria vivo, pois estava bem de saúde”. Além disso, o confronto diário com a morte pode evocar perdas passadas e trazer à tona lutos não resolvidos.
Devido ao distanciamento social exigido, frequentemente não existe qualquer tempo de despedida por parte dos familiares. Nestas circunstâncias, assuntos ficaram pendentes, palavras ficaram por dizer, colocando a pessoa em luto num estado de grande angústia e muitas vezes com sentimento de culpa. Não podemos esquecer ainda as restrições inerentes à realização das cerimônias fúnebres, as quais possuem uma função adaptativa importante. São rituais que permitem expressar a dor da perda, representar um momento de concretização das despedidas e de permitir a coesão social. A impossibilidade de estar presente no funeral ou de não existir a oportunidade de este ser realizado dentro das circunstâncias desejadas representa um fator de estresse acrescido. E isso dificulta a aceitação da perda, levando ao adiamento deste processo e potenciar, assim, o desenvolvimento de lutos traumáticos e problemas psicológicos, levando à quadros clínicos de ansiedade e depressão.
Dormir, agradecer e ajudar ao próximo são algumas das lições
25.mar.2021 às 20h00
MOLLY OSWAKSTHE NEW YORK TIMES
O curso de felicidade da Universidade Yale, conhecido oficialmente como Psicologia 157: Psicologia e a Vida Boa, é um dos cursos mais populares já oferecidos nos 320 anos de história da universidade.
O curso só foi ministrado em pessoa uma vez, no segundo trimestre de 2018, em forma de palestras para 1.200 espectadores realizadas no maior auditório do campus.
Em março daquele ano, uma versão gratuita em forma de dez palestras semanais em vídeo, oferecidas via Coursera com o título “A Ciência do Bem-Estar”, também conquistou popularidade instantânea, atraindo centenas de milhares de espectadores online.
Mas quando os lockdowns começaram, cerca de dois anos mais tarde, o número de matriculados disparou. “Octuplicamos o número de pessoas que fazem o curso”, diz Laurie Santos, professora de psicologia em Yale e diretora do Silliman College, sobre a popularidade das aulas na era da pandemia.
“Todo mundo sabe o que é precisa fazer a fim de preservar a saúde física: lavar as mãos, respeitar o distanciamento social e usar máscara”, acrescenta. “Mas as pessoas enfrentam dificuldade para proteger sua saúde mental.”
O currículo do curso oferecido via Coursera, adaptado daquele que Santos leciona em Yale, pede que os estudantes, entre outras coisas, registrem dados sobre seu padrão de repouso, mantenham um diário de gratidão, façam gentilezas para desconhecidos, e anotem se, ao longo do programa, esse comportamento pode ser correlacionado a uma mudança positiva em seu humor, em termos mais amplos.
Gretchen McIntire, 34, que trabalha como assistente de saúde domiciliar em Massachusetts, está fazendo graduação em psicologia por meio de um curso online da Southern New Hampshire University. Em seu tempo livre durante o lockdown, em agosto, McIntire fez o curso da Yale. E disse que isso “mudou sua vida”.
Peço às amigas e amigos que leiam e repassem o importante texto que se segue. Os autores estão listados no final. Em nenhum momento a pandemia assolou o Brasil como agora. Com suas mutações de escape, é possível que o vírus se antecipe à vacinação.
“E assim acaba o mundo. Não com uma explosão, mas com um gemido”, concluía T. S. Eliot em “The Hollow Men”. Uma pandemia não é menos destrutiva que uma guerra. Pode, no entanto, ser desqualificada, total ou parcialmente. Sejamos claros: em nenhum momento a Covid-19 assolou o Brasil como agora. Crescem as internações e mortes. Disseminam-se variantes virais, provavelmente mais transmissíveis e talvez causando doença mais grave. Pior: é possível que essas variantes escapem à imunidade conferida pelas vacinas. Que essa não é uma situação sem esperança demonstram os exemplos da Nova Zelândia, Alemanha e Espanha. E o movimento coerente (ainda que tardio) do município de Araraquara (273 km de SP). Porém, vivemos uma epidemia de cegueira que ultrapassa as previsões de Saramago. O pacto coletivo de autoengano consistia em negar o que ocorre na Europa. Agora se estende a ignorar o colapso da cidade vizinha. Como entender que Araraquara e Jaú estejam em lockdown enquanto Bauru, a 55 km da última, faz passeatas pelo direito à aglomeração? Sem dúvida esse é um caso para análise em antropologia e ciências do comportamento. Não que se menosprezem os danos econômicos, sociais e psicológicos do distanciamento. Mas, na emergência da saúde pública, o valor intrínseco da vida deve ser reforçado. Não sabemos tudo, mas já acumulamos fortes evidências. As “medidas não farmacêuticas”, incluindo distanciamento social por fechamento de comércio, inibição de aglomerações e uso rigoroso de máscaras são o único (amargo) caminho para interromper a progressão da Covid-19. Não conseguiremos vacinar a tempo. É possível que o vírus se antecipe à vacina, com suas mutações de escape. A transmissão do coronavírus gera oportunidades para surgimento de variantes. É urgente, pois, interrompê-la. Mas, se continuarmos a pensar que Araraquara e Jaú são longínquas ilhas do Pacífico, marcharemos rapidamente para o colapso da saúde. Não no estado de São Paulo, mas no país. Passamos pela fase da ilusão de “enterros falsos”. Muitos de nós já tiveram vítimas fatais na família. Também já estão soterradas as pílulas milagrosas —cloroquina, ivermectina e nitazoxanida. Os antivirais com resultados promissores são novos, caros, inacessíveis. O prefeito de Araraquara, Edinho Silva, já menciona a dificuldade em conseguir oxigênio. O caos está aqui, está em todo lugar. Pesa sobre nós uma escolha. De um lado temos o darwinismo social, em que aceitaremos a morte de centenas de milhares como uma pequena inconveniência suportada em nome da economia. Do outro, a chance de aprender com as lições positivas e negativas de outros países. Como bom exemplo, temos a Nova Zelândia. No extremo oposto, os Estados Unidos. Ainda há tempo para deixarmos de bater continência a réplicas da Estátua da Liberdade e reconhecermos que Donald Trump levou seu país ao fundo do poço da saúde pública. Não será o fim do mundo, mas já é uma catástrofe sem precedentes. Silenciosa, exceto pelos ruídos de ambulâncias e ventiladores mecânicos, quando existem. Ou pelos gemidos daqueles a quem falta o ar. Uma agonia tão intensa e destrutiva quanto bombardeios. Manipular politicamente o boicote às medidas óbvias de contenção da Covid-19 foi a receita para o caos, tanto nos Estados Unidos quanto no Amazonas. Não é muito desejar que aprendamos com nossos erros. “O que a vida quer da gente”, diria Guimarães Rosa, “é coragem”. Carlos Magno Castelo Branco – Fortaleza – Infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Botucatu (Unesp) Luís Fernando Aranha Camargo – Professor de infectologia da Unifesp Dimas Tadeu Covas – Diretor do Instituto Butantan Marcos Boulos – Professor titular aposentado da Faculdade de Medicina da USP (FM-USP) Rodrigo Nogueira Angerami – Infectologista (Unicamp) Benedito Antônio Lopes da Fonseca – Professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) Eduardo Massad – Professor da FGV-RJ e da USP Francisco Coutinho – Professor do Departamento de Patologia da FM-USP Gonzalo Vecina – Professor da Faculdade de Saúde Pública da USP
[…] “A maior parte da nossa memória está fora de nós, numa viração de chuva, num cheiro de quarto fechado ou no cheiro duma primeira labareda, em toda parte onde encontramos de nós mesmos o que a nossa inteligência desdenhara, por não lhe achar utilidade, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando todas as nossas lágrimas parecem estancadas, ainda sabe fazer-nos chorar. Fora de nós? Em nós, para melhor dizer, mas oculta a nossos próprios olhares, num esquecimento mais ou menos prolongado”. Marcel Proust In A sombra das raparigas em flor
Salvo engano, foi Clarice Lispector que disse que o talento da escrita nasce da frequência com que ela é experimentada. E que há quem pense que só os que gostam devem escrever. Não é verdade. Todos que têm algo a dizer, que têm o que compartilhar, que precisam documentar o que vivem, que querem refletir sobre as coisas da vida e sobre o próprio trabalho, que ensinam a ler e escrever… precisam escrever. E minha amiga Rosa Hebling, de Rio Claro/SP, professora aposentada e ótima escritora, tem muito o que compartilhar com suas memórias. Nesse ano atípico resolveu criar em seu perfil do Facebook “O Diário da Rosa”, onde documenta o que já viveu e reflete sobre isso.
O ponto de partida foi em 02 de maio, com “O Diário da Rosa 0”. Nasce com uma carta dedicada à sua neta Jade. No dia 09 do mesmo mês, surge “O Diário da Rosa #1”, onde ela escreve: ” Minha filha Renata me disse assim: – Mãe, você gosta de escrever. Por que você não faz um… tipo assim, um diário da quarentena?
“Depois de uns dias, me peguei pensando: “diário de quarentena? ”. O que pode haver de interessante para contar sobre a rotina de alguém confinado nos poucos metros quadrados de seu apartamento?”
A partir disso Rosa vem nos presenteando com lindos textos, recheados das mais diversas lembranças. Hoje ela nos brindou com o “Diário da Rosa #29”, que, com sua permissão, reproduzo abaixo. Boa leitura!
“Diário da Rosa #29” – Dezembro chegou. Ainda continuo obedecendo ao isolamento social, mas sei que Papai Noel já está preparado para nos assaltar em todo final de corredor de supermercado, querendo nos agarrar em todas as portas de lojas, tentando escalar janelas das poucas casas que ainda se preocupam em vestir-se para o Natal.
A Covid19 mudou nossas vidas e isso não temos como negar. Não falo simplesmente da alteração da rotina nesses dias de isolamento, em que não podemos mais fazer caminhadas despreocupadas ou ir aos nossos restaurantes preferidos. Quais serão as mudanças mais profundas, aquelas transformações que devem moldar a realidade à nossa volta e, claro, as nossas vidas depois que o vírus for atenuado ou mesmo ser controlado? Sou pessimista. Acho que ele não irá desaparecer. Esse vírus mudou as nossas vidas e continuará nos assombrando.
Entender que mundo novo é esse é importante para nos prepararmos para o que vem por aí. O mundo de antes do coronavírus não existe mais, é fato. Mudanças que a população mundial levaria décadas para se adaptar tiveram que ser efetivadas rapidamente, em meses. E ainda estamos nos tentando nos acostumar com elas.
Li no Estadão de ontem, 12/10/2020, um artigo do Gilberto Amêndola o qual gostaria de compartilhar com vocês. Segue. Boa leitura e boa reflexão.
A geração corona
Filhos do home office, um dia vocês vão sair de casa e romper a casca. O futuro é de vocês.