Nasci em Rio Claro, onde morei até doze anos atrás. A coisa boa de nascer e viver na mesma localidade é o estabelecimento de amizades de grande duração. Atualmente, com as mudanças da sociedade, este tipo de experiência está cada vez mais difícil. As crianças de nossos dias na maioria das vezes estabelecem relacionamentos somente no ambiente escolar e nada mais. As casas estão cada vez mais isoladas, os novos condomínios isolam os moradores, os quais raramente conhecem um ao outro e compartilham muito pouco suas vidas.
Na vizinhança onde fui criado era tudo muito diferente da realidade atual. Os vizinhos eram habitantes antigos do lugar, todos criaram seus filhos naquela comunidade e todos conheciam uns aos outros.
Uma homenagem ao meu primeiro e grande amigo – José Ronaldo Klain (as fotos abaixo foram cedidas por Sandra Terezinha Klain Cristofoletti, irmã do Ronaldo)
No Rio Claro de minha infância havia uma cumplicidade entre os vizinhos. Uns cuidavam dos filhos dos outros, das casas dos outros, das roupas no varal dos outros, sempre que fosse preciso. Todos se conheciam pelo nome e pela história da família. O Sr. Antonio não era só o “fulano de tal”. Era o Sr. Antonio Martini, filho da D. Virgínia e do Sr. Primo, casado com a D. Maria Angela Graciolli e amigos dos Pizzirani que eram os proprietários da venda da esquina.
As crianças tinham liberdade, brincavam na rua sem medo de serem atropeladas, pois não havia tantos carros circulando nas ruas, não haviam tantos perigos, tanta maldade…
Os nomes dos amigos de infância ainda estão muito claros na minha mente. Os meninos mais chegados eram Didi (filho de Dona Anízia), o Nenê (filho da D. Diva), o João (filho da D. Cida), o Nico (filho da D. Cida e do Sr. Pedro), o Ronaldo (filho da D. Leonil). Com o Nico (Onivaldo Donizete Dagnolo), mantenho contato até hoje!
Eu pouco brincava fora do ambiente de nossa rua, o máximo que eu podia chegar era na rua de cima que tinha um lugar legal para soltar pipa. E minha mãe não gostava que eu fosse para lá porque de vez em quando saiam algumas brigas.
Hoje, com 54 anos, estas pessoas fazem parte das lembranças felizes da minha infância. As brincadeiras, as brigas sem maiores consequências e até mesmo os vizinhos, mesmo aqueles “não muito amáveis” formam parte da riqueza da minha vida. E ainda que hoje não me encontre mais com estas pessoas, quero deixar aqui um agradecimento aos amigos de infância, mesmo os que não nominei. O meu desejo é que todos estejam bem e felizes! As alegrias que retornam à lembrança à medida que escrevo esse post são presentes que recebo de cada um deles. Todos fazem parte da riqueza de vida que acumulei naqueles anos da infância alegre, simples e cheia de encantamento. Desejo que todos sejam vencedores nos “piques” da vida, que todos consigam se “esconder” dos males e tragédias desse mundo muitas vezes injusto!
Lembro que nas noites de muito calor a gente se sentava na frente da nossa casa com uma melancia grande e deliciosa e que era repartida entre todos: adultos e crianças. Ou então eram as mangas espada do pé que ficava no quintal. E conversávamos, e corríamos e brincávamos pela rua. Depois de jantar, as crianças não iam ver televisão, nem jogar Playstation – muitos dos eletrônicos de hoje não existiam ainda. Íamos pra rua brincar. Uma rua que era de terra batida, e quando chovia virava lama, uma lama gostosa de sujar, de colocar o pé e atolar até a canela só pra sentir a textura molenga daquela mistura fria de liberdade. As brincadeiras era as de rodar pneus velhos pela rua, correndo sem parar, rodar peões, bolinhas de gude… Esconde-esconde no meio do capinzal que ficava perto da linha do trem… A brincadeira do “bento, bento é o frade, na boca do forno, tudo que seu mestre mandar, faremos todos…”.
Estou sempre falando de coisas do passado, não é mesmo? Há coisa melhor do que falar das nossas próprias experiências, da recuperação dos fatos da nossa memória? E esses dias tenho lembrado muito do meu amigo, o Ronaldo Klain. Ele era filho da D. Leonil e do Sr. Roberto, irmão da Sandra e do Carlos. E foi o meu primeiro amigo de verdade. Tínhamos quase um ano de diferença – ele nasceu em 19/03/1960 e eu em 21/04/1959. Mudei de casa, de rua, de bairro, e continuamos amigos. Mas, um acidente fatal deu fim a sua vida – ele estava servindo o “Tiro de Guerra” (exército). Quando na volta para casa em um dia de neblina, bateu com sua moto em um cavalo que atravessava a via e morreu.
É Ronaldo – que saudades de antigamente! Esteja onde você estiver, deve estar vendo tudo o que aconteceu no nosso mundo, do de antigamente, para hoje, e dizendo: “eu fiz parte desta história”. E está vendo como as coisas eram mais simples e como hoje são mais complicadas. O mundo, em certos aspectos, melhorou; melhorou e nem precisava tanto… Mas, tem muita coisa para consertar até que os homens possam viver em paz consigo mesmo e com a natureza. No entanto, tudo o que surgiu de bom nos custou grande esforço e muito menos tranquilidade… Agradeço todos os dias por ter nascido na hora certa e vivido minha infância no melhor período que o mundo poderia ter me proporcionado. E para você, amigo Ronaldo, esteja onde estiver, meu abraço, meu afeto e carinho.
É MEU IRMÃO …SAUDADES DOS NOSSOS AMIGOS TODOS AI , QUE VOCE COMENTOU , DA NOSSA INFÃNCIA MUITO POBRE , MAS MUITO FELIZ DOS NOSSOS PAIS, AVÓS , TIOS , PRIMOS E AMIGOS , QUE JÁ SE FORAM , PRO ANDAR DE CIMA …BJOS PRA VOCE MEU QUERIDO .
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Comentário por IVONE VERONICA MARTIN CHRISTOFOLETTI . — outubro 24, 2013 @ 8:37 |
Bjs, Ivone! Até amanhã! Gu
Em 24 de outubro de 2013 08:37, A Simplicidade das Coisas — Augusto
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Comentário por Augusto Martini — outubro 24, 2013 @ 8:49 |
lindas lembranças, gostoso de ler e imaginar como deve ter sido bom!
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Comentário por vera — outubro 24, 2013 @ 9:24 |
Oi Vera, querida! Infância simples, pobre de recursos até… Mas, rica em sabedoria. Namaskar! Bjs.
Em 24 de outubro de 2013 09:24, A Simplicidade das Coisas — Augusto
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Comentário por Augusto Martini — outubro 24, 2013 @ 9:25 |
Gusto, Mais uma lembrança pra ficar na lembrança, que bom ler suas linhas…….continue escrevendo abraços
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Comentário por Sidnei Antonio Graciolli — outubro 25, 2013 @ 18:36 |
Oi Nei.
Fiquei feliz em saber que visita meu blog. Obrigado.
Sempre vejo no facebook as fotos que posta de sua chácara. Quando aposentar, tb quero morar num lugar assim.
Abraços e apareça.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — outubro 26, 2013 @ 17:22 |
Lindo Gu!! Suas palavras retratam de maneira tão doce os fatos desse período que enquanto eu lia, as imagens foram tão nítidas em minha mente que me parecia ter estado lá também! Abçs
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Comentário por Claudia — novembro 5, 2013 @ 22:34 |
Oi Clau.
Obrigado. Leia também esses posts https://asimplicidadedascoisas.wordpress.com/?s=lembran%C3%A7as+da+minha+inf são parecidos. Vai gostar.
Bjs
Gu
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Comentário por Augusto Martini — novembro 6, 2013 @ 8:25 |
Amei! Como é bom lembrar! Minha infância foi vivida nos anos 60. Temos muitas coisas em comum. Ontem minha neta pediu-me que falasse sobre minha infância, atividade solicitada pela professora de Língua Portuguesa. Senti-me feliz relembrando aquele tempo que não volta jamais. Muito bom! Faço minhas as palavras do Augusto “infância simples, pobre de recursos, mas rica em sabedoria”. Parabéns pelos maravilhosos e emocionantes textos!
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Comentário por Ana Lucia Dias Pereira — julho 16, 2014 @ 21:01 |
Obrigado pela visita, Ana Lucia.
Abrs.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — julho 16, 2014 @ 21:51 |
fico muito triste em não ter nascido nessa época gostosa,hj não tem muita natureza nas ruas para brincar,nem muitas amizades. Douglas,13 anos.
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Comentário por Douglas — agosto 4, 2014 @ 12:07 |
Oi Douglas!
Tenho certeza que ainda terá muitas amizades que durarão por toda a vida e que aproveitará muito bem sua adolescência.
Um abraço.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — agosto 4, 2014 @ 12:11 |
meu deus amei ainda hoje minha mae estava falando da infancia dela era exatamente assim
quando li o seu blog e as historias me emocionei mais ainda
depois quero lhe contar a historia dela p vc publicar tem muita coisa! um abraço
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Comentário por andreia joyce — junho 3, 2015 @ 22:26 |
Bom dia Andréia.
Agradeço sua visita ao blog. Fico feliz que tenha gostado.
Um abraço.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — junho 9, 2015 @ 9:46 |
Republicou isso em A Simplicidade das Coisas — Augusto Martinie comentado:
O mundo, em certos aspectos, melhorou; melhorou e nem precisava tanto… Mas, tem muita coisa para consertar até que os homens possam viver em paz consigo mesmo e com a natureza. No entanto, tudo o que surgiu de bom nos custou grande esforço e muito menos tranquilidade… Agradeço todos os dias por ter nascido na hora certa e vivido minha infância no melhor período que o mundo poderia ter me proporcionado.
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Comentário por Augusto Martini — março 31, 2017 @ 16:29 |
[…] da D. Leonil Klain, uma vizinha que tivemos em Rio Claro. Eu devia ter por volta de 6 a 7 anos e o Ronaldo Klein, meu primeiro amigo, era um dos filhos dela. Seus irmãos era a Sandra e o Carlos. Lembro até hoje […]
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Pingback por Os jardins de minha infância | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — dezembro 1, 2020 @ 13:56 |
emocionante esta história
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Comentário por MARCOS ANTONIO DOS SANTOS — fevereiro 3, 2021 @ 11:36 |
Obrigado.
Abraços.
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Comentário por Augusto Jeronimo Martini — fevereiro 3, 2021 @ 11:44 |
Saudades, grande homem, que Deus o tenha em seus bracos. Carlos prof. Do Senai.
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Comentário por Carlos — fevereiro 3, 2021 @ 13:34 |
Prof. Carlos.
Que prazer reencontra-lo por meio do blog.
Grande abraço.
Augusto
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Comentário por Augusto Jeronimo Martini — fevereiro 3, 2021 @ 15:22 |