A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

janeiro 7, 2013

Bicicleta – minha primeira vez…

Rio Claro, minha cidade natal, além de ser conhecida como “Cidade Azul”,  também é conhecida como a “Cidade das Bicicletas”. Por sua topografia privilegiada, possui uma das maiores frotas de bicicletas por habitante do país. É a segunda, depois de Joinville/SC. Além do lazer, a bicicleta é muito utilizada como meio de transporte.

Rio Claro possui ciclovias e ciclofaixas com pouco mais de 20 km conectando os bairros ao Distrito Industrial, localizado na Avenida Brasil. Além dessa faixa, a principal avenida que dá acesso à cidade, Avenida Presidente Keneddy, também tem parte de sua via protegida e reservada aos adeptos desse transporte.

Além da topografia plana, a cidade de Rio Claro tem no seu planejamento suas ruas dispostas como um tabuleiro de xadrez. Para orientar-se basta saber que qualquer endereço sempre estará com sua referência mediante duas coordenadas, um número residencial e o bairro específico. Desta forma, o endereço a ser buscado estará na coordenada de uma rua com uma avenida com seu número específico no bairro determinado. O ponto de referência está no centro da cidade na área da antiga Estação Ferroviária (hoje o prédio abriga a Secretaria de Turismo). Este ponto referencial é a partir da rua 1 com a avenida 1 onde as avenidas que estão à direita da estação vão aumentando sempre com números pares, ou seja, avenida 2, avenida 4, avenida 6… E à esquerda da Estação sempre vão aumentando com números ímpares, por ex: avenida 3, avenida 5, avenida 7… Fácil de se localizar, não é? Mas nem sempre foi assim.. 

O centro histórico de Rio Claro no século XIX tinha suas ruas e avenidas com nomes de pessoas,  ou santos, ou algo curioso é que nomeava a rua, como a Rua das Formigas, a Rua Alegre… Lá pelo final do século XIX um vereador foi visitar Nova York e gostou do sistema de números lá implantado. Logo a Intendência Municipal adotou o mesmo sistema.

Acima falei da ordem das avenidas. Agora falarei da ordem das ruas.  As ruas da Estação para o centro da cidade aumentam sua numeração em uma ordem crescente, sendo assim, rua 1, rua 2, rua 3, rua 4… Isto valendo para bairros da área central. A antiga linha do trem divide a cidade e o lado oposto a área da frente da estação também está condicionada a esta mesma lógica da área anteriormente descrita, porém recebem uma letra acrescida na numeração – Ex: Rua 1-A, porque se trata de um endereço do bairro da Vila Alemã. Para todos os outros bairros vale esta lógica pois a numeração ocorrerá seguindo sempre a letra do bairro que corresponde. Ex: Rua 5-P ou Av. 5-P correspondem ao bairro Vila Paulista. Viram como é fácil? Então, para orientar-se na cidade, basta entender esta lógica para que você se locomova e encontre o que procura.

Voltemos às bicicletas… A fama delas na cidade vem de longe. No dia 24 de agosto de 1910, quatro desportistas de Rio Claro, amigos, se encontraram numa rua central da cidade ( esquina da rua 3 com avenida 4). Um deles, conhecido pelo apelido de Vebacha, mas cujo nome era Venâncio Baptista Chaves, expõe aos demais seus planos para a fundação de um clube dedicado à pratica e promoção do ciclismo. A idéia recebe o apoio de todos. No dia 28 de agosto de 1910 realizou-se a Assembleia para a fundação e escolha da primeira Diretoria, tendo comparecido, além dos 4 idealizadores, mais algumas pessoas, sendo eles então considerados fundadores.  O nome escolhido para a nova agremiação foi Velo, referente ao Velódromo ( Local onde o ciclismo é praticado). As cores do clube ( vermelha e verde) foram para homenagear o principal idealizador da fundação do clube – Venâncio Baptista Chaves, português de nascimento.

Mas, comecei a escrever isso tudo por conta de dois questionamentos que li no site Ciclofaixa Qual a primeira lembrança que você tem com uma bike? Você se lembra de quando aprendeu a pedalar?

Eu lembro perfeitamente! Morávamos na Vila Martins, em Rio Claro, ao lado da linha férrea da Cia. Paulista. Meu pai tinha uma Monark, cor vinho. Era fabricada na Suécia. Eu e minhas irmãs aprendemos a andar nela, depois de cair muitos tombos nas ruas de terra batida em frente da nossa casa.

Monark

A Monark do meu pai era bem parecida com esta!

Ah, e sobre essa bicicleta tenho uma outra lembrança que vale a pena contar. Pouco tempo depois de termos aprendido a andar na “magrela”, nos mudamos para a Vila Nova e por um bom motivo – meu pai tinha feito um financiamento na Caixa Econômica Federal – comprou um terreno e nele construiu nossa casa – seu único bem imóvel por toda a vida.

Num final de tarde minha mãe me mandou comprar mortadela fatiada nos Supermercados Três Irmãos – o único do bairro. Pedi autorização para ir de bicicleta. Ela deixou! Fui, mas esqueci que tinha ido com ela. Voltei a pé! Na madrugada do dia seguinte (5h30), fui acordado por minha mãe. Queria saber onde havia guardado a bicicleta. Só então lembrei que a tinha deixado em frente ao supermercado. Meu pai foi até lá no mesmo instante. E a Monark estava estacionada no mesmo lugar que deixei, sem travas, sem nada. Ah, se fosse nos dias de hoje!

Fui ter minha bicicleta somente quando completei 16 anos e comecei a trabalhar na Casa Nevoeiro – Comércio de Ferragens em Geral. O Tico (Aristides Lara Neto), gerente da loja e quase um pai para mim, foi conversar com meu pai e disse que iria abrir um crediário em meu nome para a aquisição de minha primeira bike. Uma monark na cor verde garapa metalizado. Linda! Não tinha feito o pagamento da segunda prestação quando foi roubada, em frente ao banco Banespa, agência central da Avenida 3, com as ruas 3 e 4! E estava com travas!

Mas, voltemos aos questionamentos acima: “qual a primeira lembrança que você tem com uma bike? Você se lembra de quando aprendeu a pedalar?” Foi com base nessas questões que o cinegrafista brasileiro Wev Silva deu vida ao documentário “Bicicleta, minha primeira vez”.

O documentário foi gravado em Paris e reúne belas imagens junto com depoimentos sinceros e até mesmo nostálgicos de sete ciclistas, entre eles um brasileiro, que compartilham suas lembranças e experiências com a bicicleta. Relembram suas primeiras aventuras  e nos passam mensagens que mostram como a bicicleta pode ser responsável por momentos de nossas vidas que serão inesquecíveis.  Além disso, eles nos constam porque preferem utilizar a bike como meio de transporte, ao invés de outras opções, como o carro ou transporte público.

“Não é somente para não utilizar os transportes públicos, mas também pela liberdade. Eu posso voltar a hora que quiser, passar por onde quiser e posso ver a cidade como ninguém.”, diz um dos entrevistados.

E você, se lembra de quando deu suas primeiras pedaladas? Tem uma lembrança em que a bicicleta teve grande importância? Escreva aqui! Compartilhe com a gente!

1 Comentário »

  1. […] em sabor e nunca mais as esqueci. Depois que cresci e fiquei adulto, em muitos domingos fui com amigos pedalando até Ajapí. Chegávamos lá cansados, comprávamos  pão bengala, muita mortadela da Ceratti e uma Tubaína […]

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    Pingback por Lembranças de minha infância; os meus primeiros refrigerantes – Cerejinha e Tubaína! | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — fevereiro 17, 2016 @ 17:52 | Responder


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