No ano de 1969, na capital paulista surgia a Gurgel S.A.- Indústria e Comércio de Veículos.
Em 1975 transferiu suas instalações para Rio Claro, às margens da rodovia Washington Luís, atendendo a um esquema de interiorização industrial proposto pela ação governamental e visando à expansão da empresa.
Fundada pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, a marca produzia veículos movidos a álcool, gasolina e os elétricos. Com 13 mil metros quadrados de área construída, fabricava, aproximadamente, 160 veículos por mês, contando com cerca de 300 funcionários diretos e mais de mil indiretos. Era uma indústria genuinamente brasileira.
Gurgel era um homem visionário. Acreditava que o carro elétrico era uma das soluções válidas para colaborar com o governo na luta contra o desequilíbrio da balança de pagamentos e a poluição sonora e ambiental.
O modelo elétrico que a indústria produzia era da linha Itaipu E-400, que tinha autonomia de 80 quilômetros e atingia 70 km/h. Funcionava alimentado por oito baterias de 12 volts, que pesavam cerca de 400 kg e consumiam, em média, 0,350 kWh/km. Para o abastecimento, o veículo vinha acompanhado de um carregador portátil que podia ser ligado a uma tomada de 50 A, com fiação adequada.
Lembro que eu tinha 16 anos quando passei em frente ao prédio do Paço Municipal de Rio Claro e vi pela primeira vez um carro elétrico ser abastecido. Para mim era como se a ficção que lia em Gibis tivesse chegado à minha cidade, que na época não tinha mais que 75 mil habitantes.
No entanto, o sonho da fábrica de automóveis 100% brasileira da história ruiu em 1996, com sua falência. Em 27 anos de funcionamento, a empresa fabricou 40 mil unidades. No caso dos elétricos – pick-up, furgão e passageiro, a Cesp – Cia. Energética de São Paulo foi uma das principais clientes.
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E, abaixo reproduzo reportagem que li hoje, no linkedin, de um RioClarense, Domenico Paolo Pecora (Paulinho)
Amaral Gurgel – Um Grande Brasileiro…Esquecido!
por Chef Domenico Paolo Pecora (Paulinho) – Consultor Master e Chef Instrutor de Gastronomia e Gestão de A&B. Chef Corporativo na Gelateria Di Frediccio
Desde sua juventude, sonhava em fazer um carro brasileiro, tanto que em sua formatura da Escola Politécnica de São Paulo, apresentou um pequeno veículo de dois cilindros, batizado Tião. Como projeto pedido foi um guindaste, quase é reprovado. Ouviu então de seu professor: “Carro não se fabrica, Gurgel, se compra”.
Pós-graduado nos Estados Unidos, trabalhou na Buick Motor Corporation e na General Motors Truck and Coach Corporation.
Em 1958, criou a Moplast Moldagem de Plásticos e começou a desenvolver projetos próprios, tornando-se fornecedor de luminosos para diversas empresas brasileiras.
Sua carreira foi marcada pela busca do desenvolvimento de tecnologias automotivas nacionais, utilizando capital igualmente nacional. Característica marcante nos veículos fabricados por sua empresa eram as suas carrocerias de fibra de vidro.
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