A Abadia de Melk, ou Convento Melk, é uma das mais célebres entre as escolas monásticas. Fundada em 1089 quando Leopoldo II de Babenberg, família que dominava aquela região até a ascensão dos Habsburgos, doou um de seus castelos aos monges beneditinos da Abadia de Lambach.
No século XII os monges criaram ali uma escola e a partir desse momento a biblioteca ficou muito conhecida pela sua imensa coleção de manuscritos. Em seu “scriptorium” foram copiados centenas de manuscritos com iluminuras preciosas. No século XV a abadia tornou-se o centro da Reforma Melk, movimento que revigorou a vida monástica na Áustria e no sul da Alemanha.
Os dois legados mais impressionantes dessa construção barroca são a Igreja com seus belíssimos afrescos e a Biblioteca, que guarda incontáveis manuscritos, incluindo uma admirável coleção de partituras. Devido à sua fama Melk conseguiu escapar da dissolução por várias vezes; apesar de invadida e agredida, acabou sempre por resistir. Do reinado de José II, passando pelas invasões napoleônicas até o surgimento do nazismo, quando a escola e a abadia foram confiscadas pelo estado, Melk sofreu mas resistiu. Aos ditadores não agradam as bibliotecas.
Aos apaixonados por livros, é de extasiar a coleção de livros históricos que preenchem a biblioteca. Ao entrar no salão, aquelas prateleiras que vão até o teto, ocupadas por encadernações deslumbrantes, são de tirar o fôlego. Toda a decoração da biblioteca acompanha os tons dourados do couro trabalhado em ouro: todo o ambiente resplandece.
O valor artístico de sua decoração mostra o apreço que os monges tinham pela biblioteca. No teto os afrescos de Paul Troger (1731/32) fazem um retrato alegórico da Fé. Ela está no centro, cercada pelas quatro virtudes cardeais: Sabedoria, Justiça, Coragem e Moderação. As quatro esculturas em madeira são representações das quatro faculdades: Teologia, Filosofia, Medicina e Direito.
Ao todo são doze salas que guardam cerca de 1800 manuscritos, 750 incunabula, 1700 livros do século XVI, 4500 do século XVII e 18000 do século XVIII. Juntando com os livros modernos, são cerca de 100.000 volumes.
Sua influência e reputação como centro de aprendizado e cultura estão bem descritas por Umberto Eco em seu admirável “O Nome da Rosa”. Eco pesquisou sua novela na biblioteca de Melk. A um de seus personagens, de fato o narrador da história, ele deu o nome de Adso von Melk, como um tributo à abadia e à sua famosa biblioteca.
Melk, Vale de Wachau, Áustria – site da Abadia de Melk
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Pingback por A Abadia de Melk e sua maravilhosa biblioteca, na Áustria | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini | Inesagula's Blog — janeiro 14, 2014 @ 19:19 |