Em alguns países do mundo, entrar em um curso de licenciatura, que oferecerá ao final a oportunidade para se ser professor é quase tão difícil quanto entrar nas melhores universidades do mundo. Na Finlândia, por exemplo, é assim. O candidato tem que se submeter a um exame de acesso e, se aprovado, ser avaliado numa exigente entrevista. E apenas um em cada dez candidatos consegue e, no caso dos cursos de ensino básico, a média é ainda inferior: na universidade de Helsínquia (2011-2012), candidataram-se 1789 para somente 120 vagas. Quem não conseguir entrar numa das poucas universidades que oferece o curso, fica de fora – não existe outra alternativa para ser professor. Os finlandeses só confiam nos melhores entre os melhores para preparar as gerações futuras nas suas escolas. Por isso, ser professor na Finlândia tem tão ou mais prestigio do que ser médico e, internacionalmente, o país é reconhecido pelos bons desempenhos dos seus alunos.
Sabemos que por aqui não é assim. Os melhores alunos do segundo grau não querem ser professores, o acesso aos cursos de licenciatura não é competitivo e, geralmente, quem frequenta esses cursos são os alunos que apenas obtiveram resultados médios ou fracos no seu desempenho escolar, com raras exceções. Ou seja, confiamos a missão de preparar os jovens do futuro àqueles que, hoje, estão entre os piores alunos da sua geração. E os resultados disso estão à vista: nas comparações internacionais o Brasil tem baixos níveis de desempenho escolar, e entre nós, tornar-se professor está longe de ser uma opção de carreira de prestígio. Mas, de novo eu digo: há exceções – em nossas escolas também temos ótimos e dedicados professores que fazem de tudo por amor a profissão. (more…)