Continuação… (ver a parte 1)
Mas não era só para comer e beber vinho que nossa família se reunia – a gente também tinha que rezar o terço. Quando criança o nosso passeio era ir à missa e não víamos a hora de ter uma quermesse. A gente também gostava de rezar o terço, não por rezar o terço, mas pelas brincadeiras da molecada que havia depois que acabava o amém. E também a baciada de pipocas que minha avó fazia!
No sítio eles faziam procissão para chover. Todo o mundo em procissão para dar banho no São Benedito, porque daí não chovia muito. Lavar o santo no riacho, imagine só? Ao meio dia faziam procissão até uma encruzilhada pra jogar água nela, isso para fazer chover. Será que hoje isso funcionaria?

Meu avô, Primo Martini, com minha avô, Virgínia Calore Martini, em sua primeira foto juntos, na saída da missa, quando começaram a namorar.
Nós, as crianças, fazíamos isso na inocência, na pureza. Minha mãe era muito devota de Nossa Senhora Aparecida e de São José – sempre rezou muito. Eram essas coisas que faziam parte de nossa “agenda”: “mês tal vai ter terço”. Um dos nossos maiores anseios era saber que ia ter terço. As ruas de Rio Claro eram mal iluminadas, a gente ia a pé para ir rezar. Não queríamos nem saber se estava chovendo, se estava frio. A gente sabia que esse era um modo de conversar com as pessoas. Nem passava pela nossa cabeça o uso telefone. Telefone, TV e geladeira não faziam parte do nosso pobre cotidiano. Então a gente saía e ia fazer visita nas casas. (more…)