Os quintais de minha infância sempre foram cheios de vida. Flores, borboletas, passáros, verduras legumes e frutas.
A minha mãe tinha muito orgulho do jardim, uma vaidade que não escondia e que crescia quando vizinhos e parentes o elogiavam. Idem para a horta que meu pai cultivava no fundo do quintal.
As flores que minha mãe cultivava eram como se pertencessem às joias da coroa – meio que impossíveis de toca-las. E é bem no fundo de minha memória que ficam guardados os perfumes e cores do jardim da minha infância. Exuberante, cheio de recantos e flores de várias espécies. Tinha até uma cerquinha de madeira para não ser pisoteado ou invadido pelos cães da casa.
Nosso quintal era um bom lugar para brincar, pois a graça daqueles canteiros, da mistura de laranjeiras e roseiras, ameixeiras e margaridas estava nessa junção de jardim com pomar – um viveiro de flores a fazer fronteira com a horta. Um pouco adiante, em canteiros cercados por uma paredinha de terra ou tijolos, o meu pai semeava alfaces, rúculas, almeirões e tomates. Havia sempre no quintal um vigoroso pé de alecrim, outro de capim cidreira, poejos, hortelã, e tudo quanto era ervas para chás e unguentos. (more…)