Professores criam campanha pela vida após adolescentes falarem em suicídio e mutilações
Folha 6/12/2018 – Thaiza Pauluze – SÃO PAULO
Quando a professora Daniela Zanoni chegou à sala de leitura da escola Major Arcy, ela se assustou com o relato dos alunos. “Vou me matar. Meu pai não aceita minha sexualidade”, disse uma adolescente. “Quero morrer. Eu queria morar com a minha mãe”, se queixou outra aluna, que vive com a tia. A mãe é moradora de rua.
Alguns já haviam se cortado com estilete, outros quebraram o apontador para fazer de objeto cortante. As histórias não são exclusivas desse colégio estadual na Vila Mariana, bairro de classe média da zona sul paulistana. Mas foi lá que os professores ligaram o alerta e decidiram criar o projeto Há Vida para jogar luz sobre o tabu. Ele se soma a outras ações de melhoria da autoestima dos estudantes.
No caso da primeira aluna, a solução foi a conversa aberta sobre sexualidade. No segundo caso, foi a música —a menina ama cantar e entrou para o coral da escola.

Entrada da escola estadual Major Arcy na Vila Mariana, zona sul de SP – Ronny Santos/Folhapress
A meditação fica a cargo da professora de sociologia Laura Sanches. Ela entra na sala e, em no máximo cinco minutos, acalma a turma —levada a se imaginar numa montanha ou numa boia no meio do oceano. Sem o método, “tem professores que levam 20 minutos até a classe fazer silêncio e focar”.
(more…)