A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

agosto 28, 2022

O Jardim na frente da casa

Não sei… se a vida é curta ou longa demais para nós. Mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo: é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira e pura… enquanto durar. (Saber viver, de Cora Coralina)

Lembro-me dos quintais das casas que vivi minha infância e adolescência e boa parte da vida adulta. Lembro-me daqueles dias e de como eles pareciam ser longos, infindáveis, pareciam que iriam durar para sempre. E hoje os dias parecem tão curtos! Será que conforme crescemos os dias encolhem?

Eu adorava andar pelo quintal, sentir o cheiro das plantas, “roubar” uma laranja ainda por amadurecer, retirar uma cenoura da terra, lavar e comer, observando os pássaros. Ver as rainhas margaridas plantadas por minha avó, as rosas, as cravinas, as dálias…

O amor que tenho pelas plantas em geral é parte da herança que recebi da minha avó paterna, dos meus pais e dos meus tios-sitiantes. Não consigo pensar neles sem associá-los a natureza. Meu pai gostava de pescar, caminhar, andar de bicicleta, plantar árvores, verduras e legumes, ervas e flores, que serviam para alegrar a alma, curar o corpo e levar para longe as dores.

E qual era o lugar preferido de minha avó e de meu pai? Se alguém quisesse encontrá-los, era só procurar no quintal. Lá estavam eles mergulhados numa profusão de cores.  Minha avó valorizava cada flor como se fosse uma joia rara, suas plantas eram o seu maior tesouro. Sempre tinha novas espécies, em mudas que eram trocadas com vizinhos, amigos ou parentes. E ela sempre usava um lenço na cabeça e um avental. Na hora do almoço, as refeições eram servidas com verduras frescas que sempre vinham do quintal – plantadas por ela e por meu pai. Com eles aprendi a ouvir o canto dos pássaros, a contar estrelas, a distinguir de olho fechado o perfume de cada flor e a reconhecer espécies de árvores. Aprendi usar ervas para curar, a tomar chá, a plantar e colher. Há muitos anos ela e meu pai se foram, mas continuam presentes no meu quintal da casa que mantenho em Rio Claro, e nas plantas que tenho nos vasos e floreiras do apartamento.

Comecei a escrever esse texto saudoso por um fato que me deixou emocionado dias atrás e fez-me pensar ainda mais em meus antepassados. Estava em Rio Claro e passei na casa de minha irmã mais velha, a Tereza, (minhas duas irmãs moram no bairro Vila Nova) que me levou para conhecer as plantas de D. Cidinha, uma de suas vizinhas que mora quase em frente de sua casa, que fará 86 anos no próximo outubro.

Ela vive sozinha por opção, com seus bichos (cão, gato, calopsita), em uma casinha simples e aconchegante, que na frete tem um pequeno quintal com o piso todo cimentado. Mas ali é o pequeno paraíso daquela simpática senhora. Suas flores estão plantadas em baldes, velhas caixas d´água, caixotes, pequenos canteiros feitos com tijolos, elevados do chão. Duas vigorosas trepadeiras Jade – uma azul e a outra vermelha, correm sobre um caramanchão feito com canos plásticos, madeira, arames, todos confeccionados e trançados por ela. Uma trama de arame, também feito por ela, serve de tutor para outra trepadeira plantada em uma caixa de água.

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agosto 7, 2019

Ipê roxo florido

E olhando o ipê florido dá para perceber a renovação que é a primavera: é como uma segunda chance para a natureza, as folhas caem no outono, morrem no inverno e na primavera renascem. É como se a natureza a nos dizer que todos merecem uma segunda chance. Mas será que essa segunda chance se aplica a todos, independentemente dos erros? E até onde vai o orgulho que me impede de perdoar? Até onde ele vale a pena? E se a direção correta for o caminho do amor? E se for necessário o perdão? Talvez o amor seja necessário, porque a vida é simplesmente tão bonita e tão passageira e ninguém sabe como será o dia seguinte. Amanhã a gente morre e não viveu, não lutou, não amou, tudo por orgulho. O orgulho é bom, mas em excesso, envenena o coração.
Fica a dica!🙏😘🥰

setembro 22, 2018

Feliz Primavera!

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la.”
Cecília Meireles

Todos os anos, no dia 23 de setembro, tem-se oficialmente declarado o início da Primavera, uma das quatro estações do ano. Mas, nessa data, é primavera apenas no Hemisfério Sul, pois no Hemisfério Norte, nesse mesmo dia, inicia-se o outono.

Do ponto de vista técnico, a primavera não necessariamente coincide com a sua data oficial. Ela pode ter início no dia 22 ou no dia 23 de setembro.Mas o que marca, astronomicamente, o início da primavera?

A data de início da primavera possui relação com um fenômeno chamado equinócio. A palavra equinócio vem do latim equus (igual) e nox(noite), e significa “noites iguais”. Nesta ocasião, o dia e a noite tem igualmente 12 horas de duração cada período. Esse é um momento de equilíbrio perfeito entre as energias do Sol e Lua, dia e noite. Equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita, como vista da Terra, cruza o Equador celeste. O Equinócio de Primavera, também é conhecido como Ponto Vernal, consiste no momento em que o Sol atravessa o Equador da direção Sul para o Norte.

Minha avó paterna, Virgínia Rosin Calore Martini, com suas rainhas margaridas,  num!a distante primavera

No Hemisfério Sul, onde estamos localizados, no Brasil, este fenômeno ocorre entre os dias 20 e 24 de setembro. No Equinócio, ambos os Hemisférios da Terra encontram-se igualmente iluminados pelo Sol. A partir dele, os dias começam a ficar mais longos e a temperatura do ar e dos Oceanos cada vez mais quente.

É válido lembrar, porém, que o equinócio exato só ocorre em um momento do ano, pois logo depois a luz solar vai gradativamente se inclinando para o hemisfério sul, fazendo com que, aos poucos, os dias vão se tornando cada vez maiores do que as noites. Quando esse processo atinge o seu ponto máximo, ou seja, o momento em que o dia estiver maior o possível, temos o solstício, que costuma ocorrer no dia 21 de dezembro, encerrando a primavera e iniciando o verão.

Perceba, porém, que as estações do ano são apenas convenções. Pois, se pensarmos bem, a data de início da primavera é apenas o ápice do posicionamento da Terra em relação aos raios solares durante o movimento de translação. Pois, à medida que o tempo passa, mais próximo do verão estamos e gradativamente temos “menos primavera” com o passar dos dias.

É válido mencionar que, não necessariamente, a primavera é a “estação das flores”. Isso porque essa estação provoca diferentes efeitos sobre os diferentes lugares, de modo que nem sempre essa época do ano obedece ao estereótipo do céu azul, sol radiante, temperaturas amenas e ambiente florido. No Brasil, por exemplo, nesse período, muitas regiões começam a receber as fortes chuvas, que costumam se iniciar no final do mês de setembro e no início do mês de outubro, prolongando-se durante quase todo o verão.

No Brasil, é também durante a primavera que o fenômeno do El Niño se manifesta, atuando principalmente com a intensificação das chuvas no centro-sul do país e aumentando o período mais seco no norte e no nordeste.

O Equinócio de Primavera era chamado pelos povos celtas de “Rito de Ostara”. Ostara era conhecida por esses povos como a deusa da Aurora. Durante esse evento astronômico, os celtas realizavam um ritual de fertilidade que celebra o redespertar da vida na Terra, visto que a primavera, enquanto estação do ano, procede do inverno. Nessa celebração plantavam-se sementes, pois acreditava-se que a energia emanada nesse período faria com que a vida florescesse com intensidade. Simbologicamente, a primavera é o momento de deixar as dificuldades irem embora, toda secura e infertilidade do inverno devem partir, para dar lugar a semeadura da alegria e da harmonia com a chegada da primavera. É um momento de equilíbrio, cura, esperança e renovação.

Feliz Primavera!

Quando eu flor. Quando tu flores. Quando ele flor … Nós flores seremos. E o mundo florescerá. Que esta primavera perfume o seu coração com todos os aromas da alegria. Que o calor seja suave. E que a brisa seja amena. Que o perfume seja doce. E que cada dia valha a pena. Que estes três meses lhe renovem a paz, o amor, a saúde  e a força para seguir com os projetos da sua vida. Deixe que a vida faça contigo, o que a primavera faz com as flores. Encante – se! Transborde cor! Espalhe amor! Primavere – se.

setembro 6, 2016

Jardim Floridiana, Rio Claro/SP

Rio Claro e o quintal de minha casa…. Dá muito trabalho vir para cá, limpar, podar, mas é gostoso. Desestressa! Ver a Sabiá que fez seu ninho na porta da cozinha. A rolinha que está criando na árvore. As pequenas abelhas que fizeram suas casinhas no sino dos ventos… E a Jade florida. Como diz o comercial, isso não tem preço. Esse é um pedaço de meu canto encantado…

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agosto 28, 2016

Os quintais de minha infância sempre foram cheios de vida

Os quintais de minha infância sempre foram cheios de vida. Flores, borboletas, passáros, verduras legumes e frutas.

A minha mãe tinha muito orgulho do jardim, uma vaidade que não escondia e que crescia quando vizinhos e parentes o elogiavam. Idem para a horta que meu pai cultivava no fundo do quintal.

As flores que minha mãe cultivava eram como se pertencessem às joias da coroa – meio que impossíveis de toca-las. E é bem no fundo de minha memória que ficam guardados os perfumes e cores do jardim da minha infância. Exuberante, cheio de recantos e flores de várias espécies. Tinha até uma cerquinha de madeira para não ser pisoteado ou invadido pelos cães da casa.

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Nosso quintal era um bom lugar para brincar, pois a graça daqueles canteiros, da mistura de laranjeiras e roseiras, ameixeiras e margaridas estava nessa junção de jardim com pomar – um viveiro de flores a fazer fronteira com a horta. Um pouco adiante, em canteiros cercados por uma paredinha de terra ou tijolos, o meu pai semeava alfaces, rúculas, almeirões e tomates. Havia sempre no quintal um vigoroso pé de alecrim, outro de capim cidreira, poejos, hortelã, e tudo quanto era ervas para chás e unguentos. (more…)

março 8, 2016

As flores do jardim de minha Avó

No início dos anos 70, com a nossa vida guardada em caixas, fomos levados a desbravar um local desconhecido. Começou ali a descoberta de um mundo novo para mim e para minhas duas irmãs e minha prima Cida, a qual morava conosco.

Quando fomos morar na Vila Nova, em nossa primeira casa própria, tínhamos um terreno vizinho que pertencia ao meu avô, Primo Martini. E nele foi construída a casa que tempos depois viriam morar ele, minha avó e meu tio Pedro.

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Logo fiz muitas amizades. Todas as brincadeiras comuns giravam em torno de “brincadeiras de meninos”: índios, soltar pipas, esconde-esconde. Caçávamos besouros, ninhos de pássaros em meio ao mato baixo dos terrenos baldios, içás e gafanhotos aos quais arrancávamos as asas para não fugirem. Maldades de criança. Deus perdoa! (more…)

julho 27, 2014

Buenos Aires e seu circuito Papal

A Buenos Aires que vou falar hoje não é a dos famosos bairros portenhos como a chique Recoleta, o boêmio San Telmo ou o turístico La Boca. Há poucos meses outra região de Buenos Aires entrou no circuito turístico, o bairro de Flores. E quem colocou esse lugar, pouco conhecido dos turistas, na lista dos visitantes foi um argentino, o papa Francisco.

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Jorge Mario Bergoglio nasceu e cresceu nesse bairro modesto de Buenos Aires, e de repente o bairro ganhou fama. Filho de imigrantes italianos, Bergoglio viveu com seus pais e irmãos na casa da Calle Membrillar, 531, que antes passava despercebida por quem caminhava por essa rua. Ainda em Flores, na esquina da sua residência, a pequena praça Herminia Brumana, que antes só era conhecida pelos vizinhos do bairro, também ganhou fama. Quando criança, o Papa costumava jogar bola ali com seus amigos do bairro. Talvez até tenha sido nessa época que a sua paixão pelo futebol surgiu.

Mesmo com todo o protocolo que o rodeia, o Papa não esconde seu fanatismo pelo clube de futebol do Clube San Lorenzo. A imagem dele segurando a camiseta azul e vermelha do time argentino deu a volta ao mundo e estampou jornais e revistas. (more…)

abril 11, 2014

48º Hanamatsuri (nascimento de Buda), na Praça da Liberdade, em São Paulo

Hoje fui almoçar no bairro da Liberdade, pois queria dar o banho de chá doce no Buda criança, como faço todos os anos, e levo meus três pedidos. A  Festa das Flores (conhecida como Hanamatsuri)  acontece desde 1966 no Bairro da Liberdade para celebrar o aniversário de Buda Shakyamuni.  Esta é a 48.a edição.

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Hanamatsuri (nascimento de Buda)

A festa é realizada anualmente no sábado anterior à primeira lua cheia do mês de abril (amanhã, dia 12). Durante toda essa semana está ali, na saída do Metrô Liberdade (na rua da Liberdade),  um altar ricamente ornado por flores com o Buda criança, para que as pessoas possam dar um banho de chá doce (Amacha). Muitos aproveitam para fazer seus pedidos enquanto derramam o chá sobre a cabeça de Buda. Esse ato representa a chuva perfumada que teria caído sobre Buda logo depois do seu nascimento. A cada ano, uma seita budista fica resonsável pela organização do evento, sendo que no sábado anterior à primeira lua cheia de abril, a escultura segue da Praça da Liberdade até o templo, sobre um elefante branco.

Na língua japonesa “Hana” significa flor e “Matsuri” significa festival, assim Hana Matsuri  quer dizer “Festival das Flores”, mas é uma celebração ao nascimento de Buda. A abundância de flores durante a festa simboliza o jardim de Lumbini, local onde a rainha Maya, esposa do rei Suddhodhana, deu luz ao menino Sidarta. (more…)

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