Lembrar de minha infância não significa apenas fazer relatos de acontecimentos e fatos passados. Significa mexer numa série de sonhos, sentimentos, emoções, sensações de medo e insegurança… Lembrar do passado é recordar as brincadeiras com os amigos, lugares, cheiros e sabores de tamanha importância que ficaram gravados na memória.
Lembro perfeitamente dos cheiros das comidas que minha mãe fazia, do perfume das flores do quintal (não gostava do cheiro de dama da noite – me dava enjoo), do cheiro do estábulo do sítio de meu avô – adorava o cheiro de cocô de vaca! Gosto ainda! Cheiro de capim cortado… Ainda hoje, quando sinto esses cheiros, passa um filme em minha cabeça.
Como já falei aqui, minha infância foi muito pobre, com poucas roupas novas e quase nenhum brinquedo “industrializado” – a não ser uma aranha, daquelas ligadas a uma mangueirinha e um fole, que ao ser pressionado a fazia pular e um trenzinho de lata – com uma locomotiva e três vagões – único brinquedo que ganhei de meus padrinhos de batismo. Em compensação, tínhamos o espaço, a atenção e o amor de nossos pais. (more…)