São Paulo é mesmo uma cidade de contrastes e muitas coisas por aqui me deixam intrigado. De vez em quando fico sabendo de um abaixo-assinado que repercute da mídia de forma estrondosa, contra coisas esdrúxulas, que aparecem até muito mais que algo como da luta contra a poluição dos mares, rodeios, uso de pele animal, etc. Esses abaixo assinados, geralmente firmados por moradores endinheirados, viajados e com diplomas universitários, não pedem mais segurança nas ruas, nem salários dignos para seus empregados, nem a interrupção do trânsito nos fins de semana para poder passear, nem mesmo o fechamento de enormes shoppings que acabam com a boa vida do bairro. O que querem é acabar com aquilo que moradores de qualquer cidade do mundo gostariam: estações de metrô, ciclovias, ônibus mais rápidos e, agora, um museu (no caso o MIS – Museu da Imagem e do Som).
Dizem que essas coisas atraem gente não tão viajada e com menos dinheiro, gente diferente, vendedores ambulantes e ônibus com crianças. Ou quase pior: afastam de suas vias, restaurantes e butiques destinados à esse “cidadão exclusivo”, como advertia anos atrás uma cabeleireira de Moema angustiada ao ver sua rua pintada de vermelho: “Onde vou colocar a minhas clientes milionárias que vêm com seus carros importados?! Acha que vão vir de bicicleta?!”.
Os moradores dos bairros ricos sentem-se inconformados, desprotegidos e protestam estacionando seus carros nas faixas destinadas às bicicletas, desabafam no facebook contra os farofeiros e mobilizam-se em busca de assinaturas. O que acontece com essa gente?
Esse é um sintoma da elite. Moema, Higienópolis, Jardim Europa – sempre foram protegidas pela polícia. O fato de uma nova classe média, agora com algum dinheiro, tomar a cidade, vindo das periferias para as “ilhas dos endinheirados”, para eles significa insegurança, medo, entre outras tantas coisas. (more…)