A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

fevereiro 13, 2022

Mistérios da meia noite

O que é espiritualidade para você? Para mim é poder fazer a conexão com algo maior do que a mim mesmo. E isso envolve também a procura por um sentido na vida, que pode ser uma busca particular, seja com um Deus, com vários Deuses, com alguma experiência transcendental, com alguma força da natureza, com o seu EU interior e tantas outras coisas. 

Fui criado na fé católica. Sou batizado e crismado, mas acredito que somos permeados por várias formas de energia. Se existe o bem, o mal também existe. E por que comecei a escrever esse post? Simplesmente porque hoje acordei lembrando de minha infância e das histórias de terror que meu avô, meus tios e pai contavam.

Meu avô, Primo Martini, com minha avô, Virgínia Rosin Calore Martini, em sua primeira foto juntos, na saída da missa em Morro Grande, quando começaram a namorar.

No final dos anos 60 e início dos anos 70, em casa de minha avó, no sítio que a família Martini tinha nas proximidades de Morro Grande (hoje Ajapi, distrito rural de Rio Claro/SP) não havia energia elétrica. As noites eram iluminadas por velas, pela lua cheia ou lamparinas de querosene. Depois do horário da janta tinha a reza do terço e depois do terço as “contações” de histórias, acompanhadas por uma baciada de pipocas quentinhas, por uma xícara de chá e por muito medo. Mas adorávamos tudo aquilo, apesar desses “causos” assombrarem o nosso sono. E, independente do conceito, de acreditar ou não, é possível perceber, dentre outras coisas, a força que essas histórias exerceram na minha vida e nos meus caminhos e igualmente nos caminhos de minhas irmãs e primos. 

A história a seguir vem sendo passada de geração em geração. Meu bisavô contava ao meu avô, que contou ao meu pai e assim por diante. Então “senta que lá vem história”!

 Antigamente, as famílias tinham muitos filhos. Mas havia uma grande preocupação quando nasciam sete homens. Nesse caso, o primogênito tinha que batizar o caçula, para evitar que o mais velho virasse lobisomem. Assim também era feito com a filha mais velha, para que não virasse bruxa.

Meu avô contava que lá  por aquelas bandas, na Mata Negra, aconteceu o casamento de uma jovem que, depois de casada, teve seu primeiro filho e, juntamente com seu marido, ia sempre visitar seus pais nas noites de sexta-feira. Certa feita, no caminho, o marido disse que precisava ir no mato fazer necessidades e pediu à esposa que o esperasse ali. A moça ficou esperando com o bebê no colo e este estava coberto com uma manta de lã vermelha, que tinha um trançado, tipo crochê, nas extremidades. De repente, apareceu do nada um cachorro grande, peludo, com os olhos vermelhos que pulou na moça para tomar a criança de seu colo e abocanhou a barra da manta. Desesperada, ela subiu na porteira para proteger o bebê e a si mesma. Gritou pela proteção de Nossa Senhora Aparecida e para o Anjo da Guarda guardar o seu bebê, fez o sinal da cruz e, neste momento, o cachorro foi embora. Após alguns instantes, o marido voltou e a esposa contou-lhe o que havia acontecido. Tranquilo, ele disse que era algum cachorro  bravo ali do sítio por onde passavam e que cão de guarda age assim mesmo. E continuaram a caminhada. No outro dia, após o almoço na casa dos pais, enquanto todos conversavam, rindo e se divertindo, o pai da moça percebeu algo estranho: nos dentes de seu genro havia muitos fios vermelhos. Descobriu-se, então, que o pai da criança era um lobisomem e havia atacado seu próprio filho!

Meu avô também contava outra história e essa o envolvia.  Dizia que quando jovem era bonito e elegante – o que minha avó confirmava. Para visitá-la, quando ainda eram namorados, havia uma grande porteira no caminho entre o sítio em que ele morava e o sítio onde morava minha avó. E ele sempre fechava essa porteira com o trinco, após passar por ela. Depois de fazer várias vezes aquele trajeto, percebeu que a porteira estava sempre aberta, apesar de ele a ter fechado. Numa noite, após fechar a porteira por mais de uma vez, e ela voltando a se abrir, disse que ficou irritado e começou a xingar. Foi quando escutou uivos vindo da mata. A lua cheia se escondeu por trás das nuvens e ele sentiu um vulto passar pela sua lateral esquerda. Tremendo de medo, saiu correndo em disparada. Ao chegar em casa, riscou uma cruz na porta, se benzeu, foi para o quarto e se enfiou sob as cobertas. Nada aconteceu com ele, mas no dia seguinte, havia vários arranhões na porta, como se tivessem sido feitos por uma fera raivosa esfregado as unhas. Até hoje por aquelas bandas ouve-se falar do mistério da porteira. E meu avô tinha a certeza de ter sido coisa do lobisomem!

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