A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

novembro 7, 2021

Câncer de Próstata – novembro azul

Filed under: amor,Atualidades,Cidadania,Saúde,Uncategorized — Augusto Jeronimo Martini @ 16:36
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A detecção precoce do câncer de próstata tem um impacto muito relevante no sucesso do tratamento.

O câncer de próstata é um processo de crescimento anormal e desorganizado de algumas células desta glândula do sistema reprodutor masculino, que nas situações onde o diagnóstico ou o tratamento se atrasam levam a uma proliferação descontrolada da patologia.

Na maioria dos casos apresenta um comportamento assintomático, por dois motivos: de a evolução lenta e o crescimento tumoral surgir, frequentemente, na zona periférica da próstata. Quando não é tratado em tempo oportuno, pode levar ao envolvimento tumoral de toda a glândula, invasão para órgãos vizinhos ou mesmo disseminação hematogênica/linfática, mais conhecida como metastização. Os locais de metastização mais comuns são os gânglios linfáticos e os ossos.

O câncer da próstata em números
O câncer da próstata é atualmente um dos tumores mais frequentes no homem, sendo considerado a segunda causa de morte oncológica mais comum desta população. Em média, um em cada seis homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da sua vida.

Fatores de risco
Existem vários fatores de risco para o câncer de próstata, sendo a idade o mais importante. Ainda que possa surgir em pessoas mais jovens, é mais frequente acima dos 65 anos — aumentando exponencialmente o risco conforme aumentam também os anos.

A hereditariedade/história familiar é também um fator de risco cada vez mais importante. No caso do câncer de próstata em pais ou irmãos, o risco de desenvolver este tumor aumenta muito — e, geralmente, quanto mais parentes afetados maior o risco.

Existe uma pequena subpopulação de pessoas (9%) com diagnóstico de câncer de próstata hereditário, definido com a existência de três ou mais parentes afetados, ou de, pelo menos, dois parentes com tumor diagnosticado antes dos 55 anos. Habitualmente, este grupo desenvolve o câncer de próstata seis a sete anos mais cedo do que a população em geral.

Apesar das causas não serem claras, a etnia é considerada também um importante fator de risco, sendo este câncer mais frequente em homens afrodescendentes.

Os hábitos alimentares, consumo de álcool, exposição ocupacional, comportamento sexual, exposição a testosterona, obesidade e inflamação crônica são habitualmente apontados como sendo eventuais fatores de risco para o desenvolvimento da patologia. No entanto, não existe até à data, evidência suficiente para recomendar alterações do estilo de vida.

Um tumor assintomático
Pela sua evolução lenta do tumor e porque o crescimento tumoral se localiza preferencialmente na zona periférica da glândula, o câncer de próstata começa, na maioria dos casos, por ser uma patologia assintomática. Por este motivo, grande parte dos sintomas pode demorar anos até se tornar evidente, manifestando-se muitas vezes em fases mais avançadas da doença.

Quando presentes, estes sintomas podem estar relacionados com a obstrução criada pela própria glândula:

  • Dificuldade em urinar;
  • Aumento da frequência em urinar;
  • Incontinência urinária;
  • Sangue na urina/sêmen.

Nos casos de doença avançada, os sintomas são mais gerais:

  • Dores ósseas;
  • Edemas dos membros inferiores;
  • Astenia;
  • Quebra do estado geral;
  • Entre outros.

Como é feito o diagnóstico e como é o tratamento?
A suspeita de um câncer de próstata surge na presença de alterações do toque retal e/ou elevação do doseamento PSA, os dois exames utilizados para o rastreio do tumor.

O toque retal é o exame de diagnóstico essencial na avaliação da próstata, que permite, por um lado, esclarecer as dimensões e consistência da glândula e, por outro, descartar a presença de nódulos suspeitos.

Já o PSA (antigénio específico da próstata) é uma proteína produzida pelas células da próstata, que tem como principal função tornar o esperma líquido. Em algumas situações clínicas, como, por exemplo, no câncer de próstata, parte desta proteína entra nos vasos sanguíneos, levando a uma elevação do seu doseamento nas análises.

No seguimento da investigação e caso necessário, existem meios auxiliares de diagnóstico complementares, como a ecografia prostática transretal e a ressonância magnética nuclear multiparamétrica. Estes exames permitem identificar a presença do tumor, caracterizar localmente a doença e avaliar o grau de progressão.

No entanto, a confirmação do diagnóstico depende sempre do resultado histológico da biópsia prostática. A biópsia prostática é realizada na maioria das vezes por via transretal, guiada por ecografia. Este exame é realizado em regime de ambulatório sob anestesia local, minimizando as queixas inerentes ao procedimento. Nos últimos anos houve um interesse crescente na biópsia prostática de fusão. Em causa está o fato de que com este método, onde se faz a fusão das imagens previamente obtidas pela ressonância magnética com as imagens da ecografia, torna-se possível a detecção do câncer com maior precisão e eficácia.

Os tratamentos atualmente disponíveis e aceites são a cirurgia (prostatectomia radical), a radioterapia, a braquiterapia, crioterapia e tratamento focal. Face aos eventuais efeitos colaterais dos tratamentos existentes (disfunção erétil e incontinência urinária) e do impacto na qualidade de vida, as opções terapêuticas deverão ser cuidadosamente discutidas de forma individual. O aparecimento de novas técnicas de tratamento minimamente invasivas, como a prostatectomia radical laparoscópica/robótica (cirurgia realizada por pequenos orifícios) e a braquiterapia (colocação de partículas radioativas), permitem a cura da patologia, estando associadas a um risco de complicações inferior e muito diferente dos obtidos há alguns anos.

A importância da atitude preventiva e como adotá-la
A deteção precoce do câncer de próstata tem um papel fundamental em todo o processo, uma vez que se for diagnosticado e tratado numa fase inicial a probabilidade de cura oncológica é grande.

A deteção precoce ou rastreio oportuno consiste na realização de uma avaliação voluntária por iniciativa da própria pessoa (check-up). O rastreio é, então, realizado através do toque retal e pelo doseamento PSA. Como referido anteriormente, na presença de alterações deverá ser realizada uma biópsia prostática via transretal.

Apesar de não se ter demonstrado que o rastreio consiga aumentar o tempo de sobrevida, o resultado de um câncer de próstata diagnosticado numa fase precoce é significativamente melhor do que num estágio mais avançado. O principal objetivo do diagnóstico precoce consiste na identificação das pessoas com câncer clinicamente significativo e localizado, de forma a possibilitar a realização de tratamentos potencialmente eficazes e curativos. Detectar o câncer de próstata numa fase precoce permite tratar com uma taxa de cura que pode ser superior a 95%.

O câncer de próstata atinge todas as faixas etárias, mas nos últimos anos tem aumentado de forma significativa nos grupos mais jovens. A sobrevivência estimada ao fim de 5 anos após o diagnóstico é praticamente 100%.

O aumento significativo da incidência do câncer próstata deve-se, sobretudo, à introdução na prática clínica do PSA, que permitiu também que se assistisse a uma inversão dos estágios de apresentação inicial. Há 40 anos, a quase totalidade dos tumores eram já avançados quando se diagnosticavam, sendo hoje em dia a grande maioria dos cânceres diagnosticados numa fase localizada suscetível de tratamento curativo.

O receio das consequências do tratamento
As opções de tratamento do câncer de próstata são, regra geral, acompanhadas de questões e preocupações, que não assumem o mesmo protagonismo em outros procedimentos cirúrgicos. Existe, portanto, um grande misticismo associado à cirurgia prostática, sendo a disfunção erétil e a incontinência urinária as principais angústias dos indivíduos, levando muitas vezes a um atraso na procura de ajuda.

Atualmente os que são confrontados com a necessidade de serem submetidos a cirurgia prostática podem reagir com maior serenidade, pois o procedimento não é sinónimo absoluto de disfunção erétil e incontinência urinária, não passando, portanto, de mitos perpetuados.

Todos os homens a partir dos 45 anos devem realizar uma consulta de rotina anual. No caso de pertencer a um grupo de risco (história familiar de câncer de próstata ou homens afrodescendentes), deverão realizar o rastreio a partir dos 40 anos, uma vez que apresentam uma probabilidade aumentada de serem acometidos por essa patologia.

1 Comentário »

  1. Bom dia Augusto

    Parabéns pelos esclarecimentos.

    Abraço

    Marcos

    Curtir

    Comentário por Marcos Santos — novembro 8, 2021 @ 10:37 | Responder


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