A minha infância foi muito próxima do campo.
Nasci em Rio Claro/SP e vivi alguns anos na Fazenda e Haras São José do Morro Grande, próxima ao distrito de Ajapí. Depois mudamos para a cidade. Mas, meus avós paternos e alguns tios, com suas famílias, continuaram no campo. Portanto, desde muito pequeno tive a oportunidade de frequentar o sítio da minha família. Apesar de não ser uma região de grande representatividade agrícola, sítio com afloramentos de piçarras, meus avós e tios sempre tiveram grande contato com a terra e suas atividades, cultivando vegetais e criando animais.

Lembro-me claramente das idas à horta de minha avó, descalço, para colher temperos, legumes e frutas, e aos pastos com animais.
Mas, mesmo morando na cidade, sempre tivemos horta e galinheiro em casa.
Isso ficou no passado e a vida dá muitas voltas! Há 20 anos venho me tornando um morador tipicamente paulistano e podendo fazer um interessante comparativo entre os modos de vida rural e urbano. Gosto muito de mexer na terra, de plantar. Isso recarrega minhas energias. E aqui, na selva de pedra, talvez uma das constatações mais evidentes tenha sido de que a percepção sobre o campo é distorcida para quem mora na cidade.
Lembro que já há muito tempo atrás meu pai dizia que as crianças da cidade achavam que a origem do leite, da carne e dos vegetais que comem são a própria prateleira do supermercado. Tenho uma história engraçada sobre isso: ainda em Rio Claro/SP, quando aluno do curso de Geografia da UNESP, uma amiga de São Bernardo do Campo esteve na casa de meus pais. Era época das chuvas. Na horta de meu pai haviam brotados centenas de pés de tiririca. Minha amiga parou na porta da cozinha e ficou olhando o quintal. Meu pai estava próximo. Eis que ela vira-se e diz para ele: “Seu Antônio – que terra boa tem aqui. Suas cebolinhas estão crescendo vigorosas”. E em um de nossos trabalhos de campo da disciplina de Geografia Rural, essa mesma amiga chorou ao ver uma vaca, ao vivo.
Já eu tirei leite da vaca, peguei ovo no galinheiro e andei em pastos de milho e cana-de-açúcar, plantações de arroz, feijão e café, mas é de se esperar que muitos moradores dos centros urbanos não tenham tido essas experiências na infância. Mais do que isso, talvez eles tenham uma visão alterada da agricultura e não tenham conhecimento de sua positiva modernização. Hoje eu vejo a importância da realidade do campo, assim como os avanços científicos e tecnológicos que permitem com que façamos uma agricultura melhor e mais sustentável.
É bom relembrar…
Obrigado por assinar o meu blog! Espero que goste!