Fonte: Por Renato Jakitas – O Estado de S. Paulo – 24/07/2019
Até o ano passado, Renato Querino tinha o que considerava uma vida “bem encaminhada”. Recém-casado, estava se formando em análise de sistemas e trabalhava havia quatro anos em um grande banco. Tudo mudou quando ouviu falar de uma escola de programação criada na França. Sem professores e sem exigências prévias, a École 42 tinha caído nas graças dos recrutadores das principais empresas de tecnologia, interessados em alunos capazes de aprender código resolvendo desafios. Querino largou o emprego e mudou para o Vale do Silício, onde a escola abriu sua segunda unidade. Tivesse esperado um pouco mais, poderia ter ficado no Brasil: em agosto, duas unidades da École 42 começarão a operar por aqui, no Rio e em São Paulo.
Independentes entre si, as duas unidades poderão receber mais de 800 alunos – serão 450 na capital fluminense e 360 estudantes em São Paulo. O Brasil será o 14º país a receber a marca, fundada em Paris em 2013. No Vale do Silício, onde estuda Querino, há 1,5 mil pessoas. Assim como em todo o mundo, os cursos da École 42 no País serão gratuitos. Mas a dedicação é alta: na média, os estudantes passam cerca de 50 horas por semana dentro da 42.

“Fico aqui umas 12 a 14 horas por dia. Tem gente que precisa ser lembrado para sair e tomar um banho”, diz Renato Querino. Os depoimentos são similares. “É a coisa mais difícil que já fiz em minha vida, mas entendi que frustração faz parte da formação do programador”, afirma Fernanda Moura, administradora de 44 anos que está no início do programa, também nos EUA. Entre os nomes que apoiam a escola, há gigantes do Vale do Silício, como Jack Dorsey, do Twitter, Brian Chesky, do Airbnb, e até Tony Fadell, o pai do iPod.