Eu cresci, as cidades cresceram, o mundo evoluiu e a tecnologia tomou conta de tudo. Minha infância foi vivida em Rio Claro/SP, o adensamento populacional da cidade e o avanço da urbanização alteraram muito as maneiras como as crianças passaram a se divertir. O desenvolvimento tecnológico e a falta do espaço público para as brincadeiras infantis redefiniu com rapidez as maneiras de a molecada interagir, conversar, pular, dançar, correr e inventar o mundo.
Algumas brincadeiras do meu tempo de moleque sumiram nos dias atuais. Eu adorava, por exemplo, rodar pneu. Um moleque era colocado dentro de um pneu grande, sem a câmara de ar; outra fazia a roda girar por uma grande extensão. E foi assim que eu tive a primeira e única quebra de osso em minha vida! Trinquei o braço esquerdo. Fiquei 30 dias engessado e tendo que aprender a escrever com a mão direita! A sensação de desconforto causada pela posição do corpo face ao movimento da roda (vez por outra alguém passava mal, vomitava ou se esborrachava) era descontada pela excitação que o movimento arriscado gerava. Rodar pneu era adrenalina pura!