Ah, o sítio Boa Vista, que pertenceu ao meu avô, Primo Martini. Era razoavelmente próximo da cidade (Rio Claro/SP), onde tudo era lindo e cheirava gostoso, apesar da simplicidade e da “terra ruim”, como ele mesmo dizia. Há bem mais de quarenta anos atrás a energia elétrica não tinha chegado por lá. Tinha apenas em um sítio vizinho, pelo que me lembro. Durante a noite o sítio e as estradas das cercanias eram iluminados só pela luz da lua. Era a única luz que tinham nas noites escuras. Na casa apenas a luz de velas, do fogão a lenha e de lamparinas – que para quem não conheceu vou descrever – podia ser feita de latão, vidro ou lata mesmo, com um pavio de cordinha de algodão que conduzia o querosene de dentro da lamparina para fora e podia ficar acesa a noite toda. O problema é que quando estava acesa soltava uma fumaça preta que deixava marcas pelas paredes e teto, e o nariz que ficava preto por dentro.

Primo Martini
Na frente da casa e nas laterais tinha um jardim muito bem cuidado pela minha avó. Também perto de onde ficava o poço caipira tinha uma horta e mais flores. Para chegar até a casa tinha dois caminhos nos quais podiam passar carroças e carros (não tão comuns naquela época!). Um dos caminhos é o que passava antes pelo poço, que ficava à esquerda e a casa era lá embaixo. O outro caminho começava na escolinha rural – que era composta de apenas uma sala de aula em terreno cedido pelo meu avô e onde as crianças da região aprendiam as primeiras letras. (more…)