A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

outubro 12, 2015

A minha infância nos anos 60 e início dos 70

Quem viveu a infância durante os anos 50, 60, 70, se fosse na visão dos pais de hoje, tais crianças não teriam sobrevivido.
Afinal de contas…Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, nem airbag! As crianças iam soltas no banco de trás aos saltos e brincando! E isso não era perigoso!
As camas tinham grades e os brinquedos eram com muitas cores, com pecinhas que se soltavam ou no mínimo pintados com umas tintas “duvidosas” contendo chumbo ou outro veneno qualquer.

Eu, com minha primeira bola de pano.

Eu, com minha primeira bola de pano.

Não havia travas de segurança nas portas dos carros (e quem tinha carro é porque tinha muito dinheiro – não tive um só amigo que o pai tivesse carro!), chaves nos armários de medicamentos e dos produtos de limpeza. Andávamos de bicicleta para lá e prá cá, sem capacete, joelheiras, caneleiras e cotoveleiras…Bebíamos água em potes de barro, ou da torneira, duma mangueira,ou duma fonte e não águas minerais em garrafas ditas “esterilizadas”.


Construíamos aqueles famosos carrinhos de rolemãs e aqueles que tinham a sorte de morar perto duma ladeira asfaltada, podiam tentar bater recordes de velocidade e até verificar no meio do caminho que tinham economizado a sola dos sapatos, que eram usados como freios… Minha rua era de terra e às vezes os rolemãs travavam.. Íamos brincar na rua, com uma única condição: voltar para casa ao anoitecer.

Não havia celulares… Os nossos pais não sabiam onde estávamos! Era incrível!
Tínhamos aulas só de manhã, e íamos almoçar em casa. Quando tínhamos piolhos a nossa mãe lavava-nos a cabeça com querosene e com um pente fininho removia a piolhada toda. Graças a Deus lembro de ter tido piolhos uma única vez!

Comíamos doces à vontade, comíamos muito pão feito em casa, tomávamos Qsuco com muito açúcar. Não se falava de obesidade, brincávamos sempre na rua e éramos super ativos…

Quando conseguíamos comprar um doce naquela mercearia da esquina, vinha logo o pessoal todo a pedir um “teco” e dividíamos com os nossos amigos. Bebíamos todos pelo mesmo canudo e nunca ninguém morreu por isso….

Nada de Playstations, Nintendo, X boxes, jogos de Vídeo. Televisão poucos a tinham em casa, era luxo. Nem TV por satélite, Televisão a Cabo nem DVD’s, Dolby surround, celular era coisa de ficção científica, não existia Computador, Internet … Só tínhamos mesmo eram os amigos!!!

E quem não teve um cão? Nada de ração. Comiam a mesma comida que nós (muitas vezes os restos), e sem problema nenhum! Banho quente? Shampoo? Que nada! No quintal, um segurava o cão e o outro com a mangueira (fria) ia jogando água e esfregava-o com (acreditem se quiserem) sabão (em barra) de lavar roupa! Algum cão morreu ou adoeceu por causa disso?
A pé ou de bicicleta, íamos à casa dos nossos amigos, mesmo que morassem a quilômetros da nossa casa, entrávamos sem bater e íamos brincar. É verdade! Lá fora, nesse mundo cinzento e sem segurança! Como era possível? Jogávamos futebol na rua, muitas vezes com a trave sinalizada por duas pedras… Ás vezes quando éramos muitos tínhamos que ficar de fora sem jogar nem ser substituído… mas nem era o fim do mundo.

Na escola tinha bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados. Ninguém ia por isso a um psicólogo ou psicoterapeuta. Não havia a moda dos superdotados, nem se falava em dislexia, problemas de concentração, hiperatividade. Quem não passava, simplesmente repetia de ano e tentava de novo no ano seguinte! As nossas festas eram animadas por toca discos e os discos eram de vinil. As bebidas, eram claro, a deliciosa groselha com cubinhos de gelo. Tínhamos: Liberdade, Fracassos, Sucessos e Deveres….e aprendíamos a lidar com cada um deles!
A única verdadeira questão é: como conseguimos sobreviver? E acima de tudo, como conseguimos desenvolver a nossa personalidade?
Nosso tempo, era assim! Hoje, contando isto aos méis sobrinhos e os outros adolescentes sem dúvida vão responder que era uma chatice, mas… Como éramos felizes!!! “

2 Comentários »

  1. Adorei o seu texto.E que saudade desse tempo. Tivemos uma infância feliz!!!!!

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    Comentário por Rosemeire Cezarini — outubro 13, 2015 @ 2:00 | Responder


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