Ir na padaria todo dia cedo ou ao boteco da esquina para pedir um pão na chapa e um café está cada vez mais caro. E não são só estes dois itens que estão com preços abusivos – tudo está mais caro! O dinheiro anda “curto” para todos, não é mesmo?
Aqui perto do meu trabalho eu consigo tomar um ótimo café no Sesc/Carmo. Custa R$ 2,00. Mas, bem próximo, ele pode custar entre R$ 4,00 e R$ 6,00!

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Questionar o preço do cafezinho em São Paulo fez com que Carol Gutierrez, Francele Cocco, Lucas Pretti e Maurício Alcântara se juntassem para pensar em um novo formato de negócio: um lugar onde você paga o quanto achar que deve pagar pelo que consome. Assim funciona o Preto Café, uma associação sem fins lucrativos para que “as pessoas reflitam sobre o quanto custa o que elas consomem”, segundo Maurício Alcântara.
O Preto Café foi inspirado no Curto Café, outra versão do mesmo negócio, só que no Rio de Janeiro. Instalado no bairro de Pinheiros, o Preto Café tem quase tudo o que um café convencional tem: mesas, cadeiras, decoração descolada. Mas a lousa na parede com a descrição de custos como aluguel, luz, impostos e, claro, o café, e as xícaras sem jogo – todas foram doadas, por isso, não há uma padronização das louças. Diferente, não é?
Não há um cardápio. No balcão, algumas quiches, bolos e outros salgados. Não há garçons. Quem toca o negócio são os próprios sócios. Não existe caixa. Para pagar, é preciso deixar o dinheiro dentro de um pequeno aquário de vidro, ou passar seu cartão na máquina que fica ao lado. E você deixa ali o quanto quiser.
A professora de história Fátima Mazarão partiu do mesmo princípio que o Preto Café para abrir a Ecozinha, em Curitiba. Ela e o namorado, Luciano Vaini, realizam almoços semanais, onde as pessoas pagam o quanto querem pela refeição. “Os custos são abertos e as pessoas contribuem com margem nesses custos”, conta Fátima. “Não é o preço da comida, é a ideia de valor de refeição, tudo o que fazemos é natural, artesanal e orgânico. E é preciso fazer reserva antecipada, para que não tenha desperdício de comida”.
O Instituto Chão, em São Paulo, trabalha um pouco com a mesma lógica do deixe o quanto quiser. Criado com a ideia inicial de ser um espaço de convivência, o local foi inaugurado em maio, mas logo mudou de direção. “Quando abrimos, as pessoas vinham até aqui procurar alimentos orgânicos”, conta um dos seis sócios, Fábio Mendes. “Detectando essa demanda reprimida e passamos a vender esses tipos de alimentos. Mas não era essa a ideia inicial”. O grande quadro negro com a descrição dos custos parece ser o selo de transparência desses lugares, já que todos têm um.
No Instituto Chão os alimentos são vendidos pelo custo do produtor – um feito e tanto para os que buscam comprar alimentos sem agrotóxicos e não querem gastar uma fortuna por isso. Chegando no caixa, o cliente deixa, além do valor da conta, o quanto quiser de contribuição.
Em pouco tempo, a notícia se espalhou e o local passou a ser super procurado. E na lógica do Chão, quanto mais gente compra, mais baixos os preços ficam. O Instituto é aberto às novas ideias. Quinzenalmente, alguns assentamentos de trabalhadores sem terra realizam uma feira com seus produtos ali. Mensalmente, há uma reunião em que todos que deixam seu e-mail na ficha cadastral são convidados.
A busca por um propósito no trabalho é, na maioria dos casos, a maior responsável pelo surgimento de novas iniciativas. Buscar um propósito, porém, não significa, necessariamente, não ganhar dinheiro – é conciliar lucro com propósito.
Fonte de pesquisa: El País
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