Ontem, como de costume, fui almoçar com a Vera Grellet, amiga com quem trabalho. Resolvi revisitar um restaurante vegetariano que há anos não ia e apresenta-lo à ela.
No caminho de volta passamos na frente de um sobrado invadido na Quintino Bocaiúva, cuja foto apresento abaixo. Resolvi postar a imagem no Facebook com o seguinte comentário: “O inusitado: eu, apressado, voltando do almoço para toda a montanha de trabalho que me esperava. E ela, na janela, enrolada num cobertor, celular em uma mão, cigarro na outra. Quem é o certo? Quem é o errado? Eu, na correria da vida e sobrevivência, ou ela, apreciando o movimento da rua enquanto defende um lugar para ficar?”

Prédio invadido na Quintino Bocaiúva, centro de São Paulo
Aqui, no asimplicidadedascoisas já postei alguns escritos sobre as invasões que presencio e que são corriqueiras em edifícios centrais, em estado de abandono. São eles: São Paulo e a invasão dos sem teto, Morar no centro de São Paulo – prédios invadidos e Morar no centro de São Paulo – programa Renova Centro.
Mas, a foto de ontem, instigou um amigo a escrever o seguinte lá na rede social: Oi Augusto – não creio que a questão que nos ajude a mudar esta situação se resuma ao binário “certo e errado”. A resposta a esta questão gerará um jogo de forças na qual vencerá os mais privilegiados. A questão que talvez seja a mais importante a fazermos para que este cenário não se repita é: “como chegamos a ocuparmos estes lugares”. Pois antes de o prédio ser invadido, ele foi abandonado, ou seja, há uma política habitacional envolvida nisso, há um processo de urbanização precário, malfeito, há desemprego, há pessoas sem escolas, há vidas miseráveis e abjetas. Curiosamente, no interior, não vemos isso com frequência, certo? Fico pensando no projeto governamental que acreditamos e que vai por água abaixo a cada nova aliança espúria que é feita com os fundamentalistas, com a bancada da bala, com a ingerência do PSDB que se omite em absolutamente tudo, mas, mesmo assim, conseguiu reeleger-se em Sampa. Isso merece mesmo um estudo muito aprofundado.
Questionamento perfeito o dele, concordam? Grande abraço!
Vejam esse outro belo exemplar que fotografei no final de semana. Ainda ocupado por algum comércio, mas os cuidados foram totalmente deixados de lado…
Vejo um terceiro elemento nesta foto: a beleza do prédio. Os traços e detalhes da arquitetura, os cortes das janelas…imagina uma política bacana e justa para moradores de rua e ao mesmo tempo para preservação e manutenção de edíficios tão charmosos como este. O mundo ideal só cabe à nossa imaginação, uma pena!
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Comentário por Marcelo — junho 17, 2015 @ 15:25 |
Boa tarde Marcelo.
São pouquíssimas as construções históricas do “centro velho” que receberam algum cuidado. Realmente uma pena.
Um abraço.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — junho 17, 2015 @ 15:35 |
Cara, tem um edifício do Niemeyer, se não me engano na Barão de Itapetininga, onde as colunas em “V” se transformaram em vitrines de lojas?!?!?! KKKKK é muito esculacho KKKKKK
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Comentário por Marcelo — junho 17, 2015 @ 15:54
Oi Marcelo. Isso mesmo. É o edifício e Galeria Califórnia, na Barão de Itapetininga, 255. A Galeria é assinada por Oscar Niemeyer, inaugurada em 1955. O prédio tem também um painel de pastilhas de vidro desenhadas por Cândido Portinari. Esse é o nosso centro – tão abandonado! Há também outros edifícios dos Oscar por aqui: o COPAN, O Edifício Triângulo (na Rua José Bonifácio, 24), o Edifício Montreal (Avenida Ipiranga, 1284)… Abraços. Augusto
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Comentário por Augusto Martini — junho 17, 2015 @ 16:09