A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

junho 15, 2015

Internet e vigilância – não estamos sozinhos!

Na rede mundial (internet), nada é gratuito. Sempre que nos interessamos por produto que aparentemente é grátis, é provável que na verdade estejamos pagando por ele com dados. Isso acontece com as redes sociais, os cartões de fidelidade de lojas e supermercados ou com infinitos aplicativos que oferecem serviços mais ou menos relevantes em troca, somente, dos nossos dados pessoais.

internet

Ilustração e informação: Olga Subirós (CC BY-NC-ND-2.0)

Tecnologia e dispositivos que produzem ou armazenam dados de nossas atividades diárias:

1/6/14. Videovigilância: as imagens podem ser interceptadas.

  1. Medidores de eletricidade e termostatos: fornecem informação sobre hábitos.

3/4. Televisores inteligentes e consoles de videogames: possuem câmeras e microfones.

  1. Controles biométricos de entrada e saída.
  2. Monitoramento remoto no trabalho: capturas de tela para medir a produtividade do trabalhador.
  3. Bases de dados pessoais: podem conter dados fiscais e de saúde dos clientes.
  4. Sensores de contagem de pessoas: monitoram o fluxo de compradores e os tempos de compra.
  5. Cartões de fidelidade: em troca de descontos, criam perfis do comprador.
  6. Ibeacons: enviam ofertas para celulares próximos.
  7. Wifi gratuito: pode ser oferecido em troca do acesso ao perfil do Facebook.
  8. Bilhetes de transportes públicos: cartões recarregáveis que produzem dados de deslocamentos.
  9. Redes de bicicletas públicas: registro dos trajetos.
  10. Carros: existem sistemas para ler as placas.
  11. Telefonia móvel: permite geolocalizar.
  12. Câmeras térmicas e sensores sonoros: medem o fluxo de pedestres e níveis de ruído.
  13. Mobiliário urbano que detecta a presença de pedestres.
  14. Sistemas de estacionamento: o pagamento com cartão de vagas azuis e verdes gera dados do usuário.

Nós somos o produto! Depois que você preenche um formulário com seus dados, passa a não saber o que é feito exatamente com as informações. Na verdade, não é uma questão simples e cada aplicativo tem seus próprios procedimentos e lógicas. No caso da navegação na internet, por exemplo, as empresas e prestadores de serviços nos oferecem de forma gratuita seus motores de busca, páginas web e serviços associados para ler o jornal, consultar a previsão do tempo ou estar em contato com outras pessoas através de redes sociais e fóruns. No entanto, cada vez que entramos em uma web é baixada automaticamente uma série de microprogramas conhecidos como cookies que conseguem informações sobre nossa atividade online e enviam ao proprietário da página visitada informações sobre nosso IP, MAC ou IMEI (o número de registro do nosso dispositivo), o tempo e a forma que usamos um determinado site ou outros sites que estejam abertos ao mesmo tempo, identifica se somos visitantes regulares e que uso fazemos da página web, em que sequência, como acessamos outros sites e assim por diante. Além disso, é comum que diferentes empresas paguem ao site que visitamos para poder instalar seus próprios cookies, como também é habitual que a empresa use os dados não somente para seus estudos internos, mas que também os venda a terceiros.

Na verdade, cada vez que visitamos uma página com o computador, o celular ou o tablet, recebemos dezenas de pedidos de instalação de cookies. Somos, portanto, o produto, porque em troca da informação que obtemos fornecemos detalhes sobre nossa atividade online e, frequentemente, dados pessoais como nome e localização, hábitos, cartão de crédito, etc., sobre os quais não temos nenhuma maneira de controlar para onde eles vão. Diante disso, o único recurso de autoproteção é não aceitar cookies e renunciar ao serviço, ou exclui-los sistematicamente do nosso computador, algo tão enfadonho como escassamente útil.

O exemplo de navegação na internet é o mais comum, mas já não é o único protagonista. A mesma implantação de conexões não aparentes e de compra e venda de dados também ocorre quando usamos um cartão de fidelidade de clientes, que relaciona o nosso padrão de consumo com um nome, endereço, muitas vezes alguns dados bancários e as respostas ao questionário que normalmente preenchemos ao solicitar esse tipo de cartão.

Outra área em que a coleta de dados está se tornando cada vez mais importante é o espaço público. Nossos passeios pelas ruas é cada vez menos anônimo.

Para algumas pessoas, esse cenário não provoca nenhuma inquietude. Pagar com informação própria também abre a porta para a promessa de serviços personalizados e atenção individualizada. No entanto, os corretores de dados não se limitam a cruzar detalhes do que compramos, com quem interagimos e do que gostamos. Esse comércio inclui também, e cada vez mais, relatórios médicos, dados fiscais e de renda ou bancários. O tipo de informação que pode determinar se nos concederão um crédito, se nos oferecerão um plano de saúde mais ou menos caro ou se conseguiremos um emprego. De repente, o preço pago com informações pessoais surge como algo totalmente desproporcionado e incontrolável.

Ao aceitar nos transformar em produto, convém não esquecer que também aceitamos que acabem nos afastando do jogo, escondidos ou ignorados porque o nosso perfil não fornece a solvência, a saúde ou a obediência esperada.

Baseado em texto de Gemma Galdon Clavell, que é doutora em políticas públicas e diretora de pesquisa da Eticas Research and Consulting e publicado no El País

1 Comentário »

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    Pingback por Internet e vigilância – não estamos sozinhos! | Cosmopolitan Girl — junho 23, 2015 @ 17:33 | Responder


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