Ele é um garoto interno de 17 anos que cumpre medida socioeducativa em uma unidade da Fundação Casa, em São Paulo.
No final de outubro recebeu a notícia de que foi classificado como finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa, na categoria poema. A olimpíada reuniu alunos de escolas públicas de todo o país e é promovida pelo Ministério da Educação e pela Fundação Itaú Social. Para participar da segunda etapa do concurso (a semifinal, em Belo Horizonte), ele teve autorização judicial para viajar de avião pela primeira vez, acompanhado por uma professora e um agente de segurança.
O tema escolhido este ano para o concurso nacional de poesia da Olimpíada de Língua Portuguesa foi “O lugar onde vivo”. Entre os 53.706 textos recebidos (além de poema, a olimpíada seleciona textos de memória literária, artigo de opinião e crônica), chegou o desse interno, preso pela terceira vez por tráfico de drogas na Fundação CASA, como são chamados os centros de internação para menores infratores em São Paulo. O lugar é formado por quatro celas, um banheiro dividido entre 30 internos, um refeitório e duas salas de aula com vista para uma pista esportiva. Os muros com arame farpado não deixam ver nada do que está do lado de fora. O jovem, que já é pai e tem dois filhos gêmeos de um ano, aos quais só conseguiu ver duas vezes, intitulou seu poema de “Vida em Transição”. Ele cursa o 6º ano do fundamental, escreveu um poema sobre como é morar na Fundação Casa.