O tempo de minha infância era uma época que ainda se faziam visitas. Lembro-me de quando criança, em Rio Claro/SP, minha mãe mandando eu e minhas irmãs para o banho pedindo para “esfregar tudo direitinho” porque iríamos visitar algum parente. Íamos todos juntos e a pé. E tais visitas geralmente aconteciam à noite ou em finais de semana.
Naquela época ninguém avisava ninguém sobre a visita. O costume era chegar de surpresa mesmo. E os donos da casa recebiam as visitas sempre com alegria.
– “Pede a benção para sua tia, garoto! Cumprimenta sua prima”, dizia minha mãe.
E a gente beijava a mão direita do tio e da tia, dizendo: “benção, tio!”, “benção, tia!”. E todos se sentavam e a conversa rolava solta na sala ou na cozinha. Meu pai conversando com o meu tio e minha mãe de papo com a minha tia. Eu e minhas irmãs ficávamos sentados, entreolhando-nos e olhando a casa… Retratos de familiares e santos emoldurados na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro, uma jarra de limonada sobre a mesa… casa singela e acolhedora. A nossa também era assim. (more…)