A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

outubro 5, 2014

Eleições 2014 – Vale a pena votar! Eu já votei, e você?

A maioria dos brasileiros estão insatisfeitos com os seus governantes –incluindo nesse lote os milhões de famílias que saíram da miséria, que não passam mais fome, e que têm até televisão de plasma. Reconhecem que o Brasil melhorou nos últimos 20 anos, mas não são bobos e sabem que neste país rico se desperdiçam bilhões de reais com a corrupção. Reconhecem também que as pessoas ganham mais do que ontem, mas que a inflação graça por aqui e que lhes exige voltar a repensar a compra do mês antes de ir ao supermercado. Que dá medo de pedir um novo empréstimo por conta dos juros, que estão entre os mais altos do mundo e que já endividaram 50% das famílias.

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Diferente de nossos vizinhos sulamericanos, ainda gozamos de uma democracia formal onde existe a liberdade de expressão, mas sabemos que a classe política atual não responde às exigências de mudança e de limpeza ética que pedimos nas ruas em julho de 2013. Sim, não gostamos o jeito  como os políticos administram a vida das pessoas e queremos mudanças!

Mas, por que não fazemos isso com o voto?

As eleições de hoje acontecem no dia em que comemoramos 26 anos de promulgação da Constituição vigente, a qual acabou com a ditadura militar, que até hoje permanece assombrando a nossa frágil democracia. Hoje, cerca de 70% do total da população, deverá votar, exercendo o direito de escolher seus representantes no Poder Executivo e Legislativo estadual e federal (se o voto deve ser facultativo ou continuar obrigatório é uma discussão que não cabe aqui e agora, mas já falei sobre isso em outro post). 

São Paulo, onde se concentra um terço do Produto Interno Bruto (PIB), é tido como o estado mais parecido com o modelo econômico-social que os outros estados da Federação invejam, encontramos candidatos cujo deboche pela política aparece no próprio nome. Vejam alguns nomes de  candidatos a deputado federal: Obama Brasil, Toninho do Diabo, Carlão do Doce, Macaco Tião Cláudia, Rique O Tchê-Tchê, Doutor Verme, Meu Querido, Mick Jagger do Brasil, Valmir Olho de Lobo, Newton – O Homem do Chapéu, e por aí vai.

Também não é nada estimulante perceber que os concorrentes, principalmente aqueles que disputam cargos executivos, ao invés de oferecer ideias e propostas para, se não resolver, pelo menos tentar reduzir os problemas graves e estruturais do país, como os ligados à educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, meio-ambiente, preferem patinar em acusações e tentativa de abater uns aos outros. E é decepcionante acompanhar as notícias nos meios de comunicação que nos dão conta de que alguns nomes, claramente ligados à corrupção e ao banditismo puro e simples, de todos os partidos e de todas as ideologias, permanecerão por pelo menos mais quatro anos mandando em seus estados com a arrogância de quem se protege na impunidade garantida pela posição que ocupam na sociedade.

Mas, por mais frustrante que seja isso tudo, sabemos que a mudança depende somente de nós, de nosso engajamento político e social, de nossa participação, do modo como exercemos nossa cidadania.  Os Tiriricas da vida, os  Toninhos Diabos, não ameaçam a democracia, embora a empobreça. Preocupante e assustador, entretanto, é o pouco caso com que tratamos o nosso passado recente – e essa incapacidade de refletir sobre a história, isso sim é algo que deveríamos temer. Mas, infelizmente a maioria da população é incapaz de refletir e pensar nas consequências.

Em 2014 completamos 50 anos do golpe que instalou os militares no poder e presenciamos a um grande falatório de manifestações autoritárias, o que nos faz lembrar que estamos longe ainda de termos um sólido estado de direito. Esta é a sétima eleição direta consecutiva para a Presidência da República – o maior período de democracia de toda a história política do Brasil –, superando traumas (como o impeachment de Fernando Collor) e preconceitos (como a investidura de um ex-metalúrgico e de uma ex-guerrilheira), um que de superioridade ainda graça pelas ruas e avenidas e, principalmente, pelas redes sociais. Cito aqui uma página de Facebook, intitulada Apoiamos Patrícia Moreira contra a hipocrisia do politicamente correto, criada em 14 de setembro último e que já tem mais de seis mil seguidores. Patrícia Moreira é a torcedora que xingou o goleiro Aranha, do Santos, de macaco…

Não, meus amigos. Não vivemos em um País ideal. Estamos longe disso! Aqui,  o exercício da política chega a ser constrangedor e muitas vezes chega a causar-nos nojo. Eu tenho! Você não tem? Mas somente por meio do voto, por meio dessa nossa acanhada democracia, mas que é nossa, garantiremos que muitas dessas propagandas eleitoreiras absurdas convençam uma minoria de ignorantes. Por isso, eu sempre digo que é essencial participar do processo eleitoral.

Um abraço. E se ainda não foi vota,r vote conscientemente!

2 Comentários »

  1. Entrar mudo e sair calado, na seção e na eleição, engolir essa maioria de pessoas que se deram bem a custa de quem lutou, como mts, eu tbm, pelo fim da ditadura, dói viu, mas democracia é isso rsss voto obrigatório, candidato caçado concorrendo, o voto de cabresto, o coronelismo do senadoi….enfim melhor que porrada de torturador …que triste fim!

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    Comentário por Ruth Silva — outubro 5, 2014 @ 17:47 | Responder

    • É isso mesmo, Ruth. Mesmo como essa nossa democracia capenga, melhor com ela do que sem ela.
      Abraços.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — outubro 6, 2014 @ 22:12 | Responder


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