Meu amigos ficam intrigados e sempre me perguntam por que sou diferente da maioria quando o assunto é viagem. Procuro fazer incursões aleatórias rumo ao desconhecido, longe do lugar-comum, de roteiros pré-traçados por empresas de turismo. E sempre volto para casa com a certeza de ter feito a coisa certa.
Passei alguns dias em Buenos Aires (minha sexta visita!). No primeiro dia comprei passagens de ônibus de ida e volta para Buenos Aires/Córdoba/Buenos Aires e viajei a noite, ficando lá por 5 dias. E em um deles fui até a pequena Alta Gracia, uma cidade de cerca de 50 mil habitantes que fica na província de Córdoba, a noroeste de Buenos Aires. Foi naquela região que se instalaram os primeiros jesuítas que chegaram na América, no século 17. E foi lá que viveu um dos nomes mais reverenciados e, ao mesmo tempo, contestados do século passado, o revolucionário Ernesto Che Guevara.
Mas antes de entrar no assunto Che Guevara, seguem mais algumas coisas interessantes a se fazer em Alta Gracia.
Valem a pena uma visita:
– ao Museu Nacional Estância Jesuítica. A estrutura foi adquirida pelo governo da Argentina em 1969, e o museu foi inaugurado em 1977, preservando sua arquitetura original. Em 2 de dezembro de 2000, o local foi declarado como Patrimônio Histórico da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
– Paroquia Nuestra Señora de La Merced – de estilo barroco colonial, a igreja foi construída entre 1723 e 1762, tem uma única nave e se caracteriza pela curvatura das paredes de cima para baixo.
– Gruta Virgem de Lourdes, que é a réplica da existente na França. Fica a três quilômetros do centro de Alta Gracia e foi construída entre 1915 e 1916. Uma década depois foi erguida a capela da gruta, toda em estilo colonial. Em setembro de 2011, a aparição de um vulto da santa em seu nicho, cuja imagem havia sido retirada do local para reforma, chamou a atenção de todos e, desde então, o local passou a atrair muitos fiéis de toda a Argentina.
– El Tajamar – é a mais antiga represa artificial construída pelos jesuítas, no ano de 1659. O fluxo de água permitiu a irrigação de culturas e a operação de duas fábricas de farinha. Atualmente, é um dos maiores parques da cidade, onde se encontram famílias inteiras que vão passear, praticar esportes ao ar livre e até pescar no lago.
Mas, Alta Gracia vive e respira Che Guevara, você gostando ou não do personagem. E estando por lá, vale muito a pena uma visita ao Museu Casa del “Che” construída em 1911. Che se mudou para a residência com a família ainda bebê sob orientação médica em busca do ar puro e seco vindo das serras que cercam a região, a fim de aliviar a asma que o acometia. Ali ele morou durante seis dos 11 anos em que viveu em Alta Gracia.
Conhecida como Villa Nydia, em homenagem à filha mais nova do primeiro proprietário do imóvel, e declarada como Bem Patrimonial pela prefeitura de Alta Gracia, que a comprou em novembro de 2000, a casa foi aberta como museu em 14 de julho de 2001. Lá, encontra-se um rico acervo composto por fotos, roupas, documentos, livros e objetos pessoais de Che.
Entre as principais atrações estão La Poderosa, bicicleta com a qual Che percorreu quatro mil quilômetros na Argentina quando tinha 21 anos e conheceu de perto as grandes diferenças sociais que assolavam o país; e La Poderosa 2, a moto com a qual Che, quando era estudante de Medicina, viajou pela América Latina com o amigo Alberto Granado – uma aventura que inspirou o filme Diários de Motocicleta, dirigido pelo brasileiro Walter Salles e estrelado por Gael García Bernal.
Também atraem a atenção dos visitantes uma sala onde é exibido um filme de 20 minutos sobre a vida de Che, com depoimentos de amigos de infância e antigas imagens produzidas pela própria família. Em outra sala estão expostas fotos de uma visita feita ao museu pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e pelo ex-presidente de Cuba Fidel Castro, em julho de 2006.
Mas, voltarei ao assunto Che no próximo post, e em homenagem ao meu amigo Geraldo Ardonde Junior, grande admirador do personagem.
Sobre a informação da aparição do vulto da Virgem quando da retirada da imagem para restauração, gostaria de saber se a mesma já foi restituída ao lugar e se perdura o fenômeno da aparição ainda hoje. Agradeço.
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Comentário por Ana Maria — fevereiro 18, 2015 @ 16:22 |
Olá!
Agradeço sua visita ao blog.
Pelo que pude ver, a imagem não voltou ao seu nicho e sim, no local onde ficava há uma proteção em vidro e é visível o vulto que ali ficou gravado. Tenho fotos que fiz. Vou postar aqui no blog.
Abrs.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — fevereiro 18, 2015 @ 16:29 |
Muito obrigada por responder. Matéria muito interessante, principalmente a referência ao fenômeno. Aguardarei a publicação das fotos para melhor apreciar.
Grata,
Ana Maria Zaiden.
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Comentário por Ana Maria — fevereiro 18, 2015 @ 16:55
[…] Com quase 430 anos, Alta Gracia se destaca pela sua importância histórica para todo o continente sul americano. Foi lá que se instalaram os primeiros jesuítas a chegar à América, no século 17. E foi lá que viveu, em sua infância, um dos nomes mais reverenciados do século passado, Ernesto Che Guevara. […]
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Pingback por Aparição de Nossa Senhora de Lourdes em Alta Gracia, Argentina | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — fevereiro 18, 2015 @ 23:13 |