Ainda pouco visitada por brasileiros, Córdoba é um importante ponto turístico para os argentinos, que a tomam como base para passeios pelas sierras, que são as regiões de montanha com lindas paisagens, perfeitas para serem percorridas de automóvel. Por aqui, o verão quente é ligeiramente chuvoso, enquanto as demais estações, mais secas e frescas, são perfeitas para atividades ao ar livre. Agora, em julho e agosto, inverno, é possível ver neve nos picos e nas localidades mais altas, como La Cumbre.
Na cidade em si, o maior atrativo é o centro histórico, na Plaza San Martín e arredores, onde há diversos edifícios coloniais, boa parte deles obras dos jesuítas, que chegaram a Córdoba em 1599 e foram expulsos do país em 1767.
Faz parte das heranças deixadas pelos jesuítas a Universidade de Córdoba, que tem sua origem em um colégio onde os noviços estudavam filosofia e teologia. Em razão dela, Córdoba é até hoje um importante centro universitário, o que lhe vale o epíteto de La Docta (“A Douta”).
Manzana Jesuítica – fica entre as ruas Obispo Trejo, Caseros e Duarte Quirós e a Av. Vélez Sársfield. Amanzana (quarteirão) corresponde ao local outrora ocupado pelos jesuítas, um conjunto de construções do século XVII formado pela Igreja da Companhia de Jesus (1640), a Universidade Nacional de Córdoba (1622), com seu Museu Histórico, e o Colégio Nacional de Monserrat (inaugurado em 1687 e reformado no fim do século XVIII). De fachada simples, a igreja em forma de cruz latina é o mais antigo templo jesuíta da Argentina. Seu interior elaborado tem detalhes em barroco-rococó. A Capela Doméstica era de uso exclusivo da irmandade. Já as capelas laterais eram destinadas uma aos índios e outra aos colonos brancos. Algumas das faculdades que compõem a universidade ainda funcionam no quarteirão que, assim como seu equivalente portenho, é conhecido como “Manzana de las Luces”.
Catedral – fica na Plaza San Martín (27 de Abril esq. c/ San Martín). A catedral de Córdoba, cuja construção iniciada em 1574 arrastou-se por duzentos anos, possui múltiplas influências arquitetônicas: neoclássica, andaluza, barroca e nativa. Repare nas torres, decoradas com figuras de índios com saiotes de plumas e trombetas.
Cabildo – Pl. San Martín (San Martín esq. c/ Deán Funes) Construído em 1588, é um dos mais bem preservados dentre os imóveis que sediaram centros administrativos espanhóis durante o período colonial. É utilizado atualmente para concertos e exposições culturais.
Museo de Arte Religioso Juan de Tejeda – Independencia, 122. Funciona em um dos claustros do Monastério das Carmelitas Descalças de Santa Teresa de Jesus, provavelmente o segundo mosteiro das Américas, fundado em 1628. Seu acervo inclui uma riquíssima coleção de arte sacra, com esculturas, pinturas cusquenhas e objetos de culto.
Museo Historico Provincial Marqués de Sobremonte – Rosario de Santa Fé, 218. Tão interessante como suas coleções é o imponente imóvel que foi residência de Don Rafael Nuñez, Marquês de Sobremonte e Governador de Córdoba de 1784 a 1797. Conservado em seu estado original, é provavelmente o mais antigo imóvel residencial existente na cidade. Possui diversos pátios e mais de vinte quartos. No interior há uma sucessão de cômodos (sala de jantar, cozinha, salões e quartos) com móveis e uma enorme variedade objetos de época e instrumentos musicais.
Parque Sarmiento – Inaugurado em 1911, o parque situado na parte mais alta da cidade é obra do paisagista francês Thays, que também projetou os parques de Palermo, em Buenos Aires. O parque, que porporciona vista panorâmica da cidade, conta com um roseiral e um Jardim Zoológico. Não sei se por ser julho e inverno, o parque estava muito feio, seco, sem vida.
As Estâncias jesuíticas
No século XVII, Córdoba foi palco de intensa presença de missionários jesuítas, que procuravam catequizar e educar a população nativa. Os recursos que sustentaram as atividades religiosas e educacionais dos jesuítas em Córdoba vinham da agricultura e da pecuária praticadas em seis fazendas (estancias): Caroya, Jesús María, Santa Catalina, Alta Gracia, Candelaria e San Ignacio. As cinco primeiras integram a lista do Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO e as quatro primeiras podem ser facilmente visitadas a partir de Córdoba.
1) Caroya – A 44 km ao norte de Córdoba pela RN 9. Há ônibus a partir de Córdoba da empresa. É a mais antiga das construções rurais dos jesuítas na região, de 1616. Um amplo pátio interno e a capela são as principais partes da edificação, que sofreu diversas modificações ao longo dos séculos. Em 1814, funcionou ali uma fábrica de armas brancas do Exército do Norte. Nas proximidades formou-se, no final do século XIX, uma colônia de imigrantes do norte da Itália, vindos do Friuli, cujos descendentes produzem até hoje salames e queijos bem reputados.
2) Jesús María – A 50 km ao norte de Córdoba pela RN 9. Há ônibus a partir de Córdoba da empresa Fono Bus, que parte da estação rodoviária de Córdoba, Boletería 64 / 65 (1h). Na Estancia San Isidro, fundada em 1618, que deu origem à cidadezinha de Jesús Maria, os jesuítas produziam vinho, atividade da maior importância para sua missão catequizadora, já que sem vinho, não há missa. Aliás, foi dali que saiu o primeiro vinho elaborado no Novo Mundo, o Lagrimilla, bebida licorosa fabricada até hoje. Das construções originais da estancia ainda podem ser visitadas a igreja, a residência dos padres e a bodega. Ali funciona oMuseo Jesuítico Nacional, que exibe vasta coleção de objetos da era colonial, tanto de cunho religioso quanto móveis e artefatos empregados na produção de vinho.
3) Santa Catalina – A 70 km ao norte de Córdoba e a 20 km de Jesús Maria. De Jesús Maria, siga as indicações. Nessa estancia de 1622, que foi a maior de todas, subsiste uma linda igreja barroca, bem como os pátios internos extremamente bem conservados. A fazenda, que foi o principal centro de produção agropecuária dos jesuítas, passou às mãos de uma família local quando a ordem foi expulsa da América e, embora possa ser visitada, é ainda hoje uma propriedade particular.
4) Alta Gracia – A 38 km ao sul de Córdoba pela RP 5. Padre Domingo Viera esq. c/ Solares. A Estancia Jesuitica de Alta Gracia está situada no centro da cidade do mesmo nome e sua igreja Nuestra Señora de la Merced é até hoje sede da paróquia local. A fazenda foi doada por Don Alonso Nieto de Herrera à Companhia de Jesus quando nela ingressou, em 1643. Criação de gado, agricultura e comércio de mulas eram as principais atividades dos padres em Alta Gracia. Mais tarde, a fazenda foi residência de ricões do pedaço, como Don Santiago de Liniers, Vice-rei do Rio da Plata, herói na tentativa de invasão inglesa de 1807, que morreu fuzilado na revolução de maio de 1810. Na sede funciona hoje o Museo Nacional “Casa del Virrey Liniers” (Fecha às segundas-feiras. Visitas guiadas gratuitas. Além do imóvel em si constituir uma interessante atração, há maquetes, objetos e decoração de época em cada cômodo, visando reproduzir os costumes e o modo de vida dos habitantes da região dos séculos XVII ao XIX. Trata-se de uma das mais completas coleções do gênero existentes em toda a Argentina, o que torna a visita imperdível.
Alta Gracia é conhecida por seu clima particularmente saudável. Foi para tentar uma solução para a asma crônica de Ernesto “Che” Guevara que sua família mudou-se para lá quando ele ainda era garoto. Che viveu em Alta Gracia entre 1932 e 1943.
Museo Casa de Ernesto “Che” Guevara – Avelladenda, 501 foi visitada por Fidel Castro. Algum sentimento de culpa em relação ao velho companheiro de Sierra Maestra? Afinal, por pressão dos russos que, nos tempos da Guerra Fria, temiam um conflito aberto com os Estados Unidos, o dirigente cubano deixou Che (considerado demasiadamente “aventureiro e gauchiste” pelos soviéticos) entregue à própria sorte quando este tentou implantar uma guerrilha na Bolívia. Como se sabe, Che foi morto nessa ocasião, aos 9 de outubro de 1967, em uma pensão na cidade de La Higuera.
5) Candelaria A 220 km a noroeste de Córdoba pela RN 38 e a 73 km de Cruz del Eje.Bem mais afastada da cidade de Córdoba que as demais, a estancia jesuíta de Candelaria pode ser visitada por quem tiver mais tempo para permanecer na região e estiver disposto a conhecê-la a fundo. Foi construída em 1683 para ser um centro produtor de animais de carga, principalmente mulas utilizadas no transporte de bens que iam e vinham do Alto Perú, nome então dado à atual Bolívia. As muralhas da estancia demonstram que sua sede não era apenas uma residência, mas tinha também características de fortificação, provavelmente visando proporcionar defesa contra eventuais ataques de habitantes nativos, nem sempre contentes com a presença dos padres europeus. Subsistem na sede uma capela, os quartos e o pátio central; as dependências anexas começaram a ser restauradas desde que o conjunto passou a integrar o Patrimônio da UNESCO.
Embora seja uma das maiores cidades da Argentina, os preços praticados em Córdoba, aliados a uma moeda local desvalorizada com relação ao Real (nas casas de câmbio, nessa segunda semana de julho/14, R$ 1,00 está valendo $ 3,80 pesos), fazem do destino um atrativo para nós, brasileiros, em épocas de crise financeira mundial.
INFORMAÇÕES E SERVIÇOS
Site do país – www.argentina.gov.ar
Site da Secretaria de Turismo da Argentina – www.turismo.gov.ar
Secretaria de Turismo de Córdoba – Predio Ferial Córdoba, tel. 54 (0351) 434-8260 / 64. www.cordobaturismo.gov.ar
Dirección de Turismo de la Municipalidad de Córdoba – Rua Rosario de Santa Fe, 39, tel. 54 (0351) 434-1215 / 434-1216 / 434-1227. www.cordoba.gov.ar
Informações turísticas em Córdoba (centro histórico) – Rua Independencia esquina com Pasaje Santa Catalina, tel. 54 (0351) 434-1200. Diariamente, das 8h às 20h. O aeroporto e o terminal rodoviário também contam com o mesmo serviço de apoio ao turista e os atendentes são muito simpáticos.
Fuso horário – A Argentina segue a mesma hora estabelecida em Brasília, exceto durante algumas semanas do horário de verão brasileiro em que os relógios argentinos estão uma hora atrasados. O horário de verão argentino começa no final de dezembro.
Código do país – 54
Código de Córdoba – 0351
Moeda – A moeda local é o peso argentino.
Tax Free – Faça compras sem culpa em todo o território argentino. Turistas estrangeiros podem solicitar reembolso de até 16% do IVA (Imposto de Valor Agregado) em compras superiores a $70 em locais aderidos ao programa. No entanto, não esqueça de pedir a nota fiscal e a folha de Tax Free preenchida pelo estabelecimento, pois serão indispensáveis para os trâmites de devolução do imposto no aeroporto.
Idioma – Espanhol. É cada vez mais comum escutar português pelas ruas de Córdoba, sobretudo nos meses de férias, devido aos grupos de brasileiros que chegam à cidade para estudar a língua oficial do país.
Internet e telefone – A oferta de locais para acessar a Internet não é tão grande quanto as cabines telefônicas disponíveis para fazer ligações nacionais e internacionais. As ruas do centro histórico, como San Martín e avenida Colón, são os locais ideais para encontrar cyber cafés. Alguns restaurantes e cafés também disponibilizam sinais Wi-Fi .
Comércio – O horário comercial pode variar de acordo com a estação do ano, como verão e inverno. No entanto, os estabelecimentos costumam funcionar das 8h30 às 20h, durante a semana, e das 8h30 às 13h30, aos sábados. A siesta, hábito espanhol de fechar o comércio entre o almoço e o meio da tarde, só é seguido nos estabelecimentos localizados nos bairros.
Gorjeta – É normal deixar 10% de gorjeta, pois as contas em restaurantes não incluem o valor de serviço dos garçons.
Segurança – Embora seja a segunda maior cidade de toda a Argentina, Córdoba ainda proporciona uma certa tranquilidade para os locais e os turistas. A regra vale para qualquer cidade com grande movimento: evite circular sozinho por lugares isolados e deixar a mostra carteiras, celular e máquina fotográfica.
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