Em setembro de 2012 escrevi um texto sobre a Trud, minha vizinha romena que vivia aqui, no prédio onde moro. Quando ela e o marido emigraram para Israel, fugindo do regime comunista “até aliança, eu deixei para trás”, lembrava a Trud. Mais tarde, ela e o marido – já falecido e sepultado no cemitério do Butantã –, se instalaram definitivamente em São Paulo.

Seu nome de batismo é Gertrud Milstein e é nascida na Transilvânia, a “terra do Drácula”, como ela mesmo diz. Há aproximadamente um ano e meio começou a desenvolver o mal de Alzheimer e atualmente vive no Residencial Israelita na Vila Mariana.
Hoje fiz uma visita a ela. Como de costume, muito simpática e sorridente, veio me receber no corredor e mostrou o apartamento onde vive. Fiquei contente em vê-la feliz, amada e respeitada por todas as cuidadoras do lugar. Andei com a Trud pelos jardins do lugar e ela me dizia: “veja que lindas as palmeiras e árvores. A natureza é linda!” As vezes ela lembrava quem sou, as vezes não. Perguntava repetidamente sobre sua mãe e eu dizia: “ela está bem, não se preocupe”.
No mais sua saúde encontra-se estável: ela se alimenta bem, consegue comer sozinha, é capaz de andar grandes distâncias – com a mesma desenvoltura de quando morava aqui no prédio – e pelo que percebi é uma das poucas idosas da Casa de Repouso que conversa e interage com os funcionários e enfermeiros! Seu único problema é a visão, que está um tanto fraca.
Não sei como será o futuro nem quanto tempo sua doença demorará para evoluir ainda mais, mas sei que sua mudança para lá foi a melhor escolha, pois a Trud não tem família. Parece-me que o seu único parente é um primo de segundo grau que vive na Alemanha. Ela fez a doação de seu apartamento para a entidade assistencial, ainda em lucidez e em troca disso é bem cuidada. Muito justo.
Vi a internação da Trud de forma dolorosa, pois estávamos acostumados a nos falarmos quase todos os dias. Mas, para ela, que muitas vezes não se lembrava mais de se alimentar, foi a melhor solução. Muitas vezes a internação de um ente querido pode ser interpretada como falta de amor ou algo do estilo para quem vê o problema “de fora”! E não é! Hoje vi que foi uma decisão importante para preservar a saúde da Trud!
Curtir isso:
Curtir Carregando...
que bom que a Trude tem você na vida dela! Essa amizade é muito bonita e cada vez mais, comovente.
CurtirCurtir
Comentário por Vera Grellet — junho 15, 2014 @ 10:25 |
Oi Vera! Agora, que ela está em um lugar mais perto, quero ver se vou visitá-la pelo menos a cada 15 dias. Bjs. Augusto
CurtirCurtir
Comentário por Augusto Martini — junho 15, 2014 @ 16:47 |
[…] Leia a segunda parte! […]
CurtirCurtir
Pingback por Trud – uma imigrante romena de alma brasileira! | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — junho 15, 2014 @ 17:05 |
[…] Quem quiser saber um pouco mais da história dessa guerreira acesse o post 1 e o post 2. […]
CurtirCurtir
Pingback por Trud – uma imigrante romena de alma brasileira! Parte 3 | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — maio 12, 2015 @ 17:53 |