A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

fevereiro 20, 2014

Reflexões sobre a eutanásia… praticada em animais – parte 4

Boa tarde!! Toda a vida tive cães e, apenas um gato, o Leopoldo José, que ganhei depois que vim morar em São Paulo. Hoje ele mora com a amiga Clau, em Bauru e tem um irmãozinho, o Lipe! Como moro em apartamento, não gosto da ideia de ter um cão num ambiente sem terra. Quando eu era criança, em Rio Claro/SP, os meus avós tinham vários cães no sítio em que moravam, meus tios tinham cães, meus vizinhos tinham cães. E em nossa casa também, sempre tivemos um ou dois cães! Lembro que ainda criança tivemos  o Pelé, que era um doce de cachorro. Tivemos um outro que com a idade foi perdendo a visão, a audição e estava já muito debilitado…Já quase não se aguentava em pé e teve mesmo que passar pela eutanásia…. Foi horrível…. Depois vieram muitos outros e eram como parte da família. Chorávamos quando adoeciam ou morriam. Mas, a perda da Bubba foi uma dor horrível, diferente das outras… Ainda hoje choro só de me lembrar dela. Se pudesse realizar um desejo era tê-la de volta…. Mas, tenho consciência que assim, da forma como a coloquei para “dormir”, acabei com o sofrimento dela….

Bubba, Ro e Endgy

Bubba Eduarda e seus filhotes, com minhas sobrinhas Rosana, Endgy

Os três próximos parágrafos foram escritos baseados em uma mensagem que troquei com meu amigo Fernando, que também perdeu o Bidu faz pouco tempo.

Vejo tantos amigos e muita gente deixando recados aqui no blog que sentem uma dor profunda de quem perdeu seu “amigo de estimação”. Muitos não conseguem elaborar o luto. Eu mesmo ainda tenho fotos da Bubba em meu computador, num porta retrato de um móvel da sala, no meu celular, sonho com ela, as vezes me pego choroso lembrando das lambidas que ela me dava na cara, dos abraços. Como disse, já tive muitos cães, e ela foi o bicho mais carinhoso de minha vida. Ou um deles! Tenho dificuldades de falar sobre isso.

Lipe

Lipe

Penso que todo esse conflito sobre a eutanásia animal é baseado na questão de que em nossa cultura, os animais de estimação são elevados ao estatuto do humano, mas, pela lei, a eutanásia neles é permitida. Isso confunde a cabeça, pois para os humanos, a eutanásia é proibida, mas e quando nossos animais de estimação são, também, vistos por nós, como humanos? Por que matá-los? Ocorre que eu sou favorável à eutanásia em humanos e acredito que, por isso, consiga elaborar o luto.

Sim, eu amava a Bubba como a um humano. Projetava nela uma série de representações boas de minha vida, de minha infância, me sentia protegido em minha casa sabendo que ela estava lá fora “guardando-a” de qualquer intruso. E recebia dela um amor incondicional. Ela me fazia gracinhas para chamar minha atenção, latia para me chamar… Enfim, ela era única, sem precedentes… Ah, e agora eu me pego aqui, chorando, escrevendo isso.

Interromper voluntariamente a vida de um pet é a situação que um veterinário mais detesta de enfrentar. Ela significa que já não existe mais nada a fazer de forma a resolver o caso apresentado. Para o dono do animal significa um sentimento de culpa e de abandono de um amigo que sempre o apoiou. Muitos donos, como forma de escape procuram transferir a responsabilidade para o veterinário, o que é errado. Por coerência, e, porque não, lealdade, para com o fiel amigo, o dono do pet tem de assumir a responsabilidade como sua, pois é a ele que cabe unicamente a decisão. O veterinário somente apresenta as hipóteses disponíveis.  

Leo

Leo

Os veterinários apontam algumas situações em que a eutanásia se torna necessária: uma doença incurável em que a qualidade de vida do animal esteja de tal forma comprometida;  um nível de agressividade elevado que impeça o convívio do animal consigo próprio, com outros animais ou com pessoas.

Pelos comentários em posts aqui do blog, há pessoas que são totalmente contra a eutanásia, mas a questão principal é se será correto deixar um animal continuar a viver (será isso vida?) com dores tão fortes que a medicação não o alivia, somente porque o dono terá sentimentos de culpa por colocá-lo para “dormir”. Penso que não devemos esquecer de que pessoas em sofrimento pedem para as deixarem morrer tal o seu desespero. Será correto deixar um animal agonizar dias a fio sem esperança só porque não há coragem de pôr fim ao seu sofrimento?

Muitas pessoas criam cães de uma forma que estes se tornam de tal forma agressivos que a única solução é a eutanásia. Esta é a situação mais triste pois a culpa não é do animal, mas de quem não o soube educar. O que dizer dos cães que atacam e matam e que acabam abatidos? O verdadeiro criminoso é aquele que achou engraçado ter um cão para meter medo aos outros e que o induziu a atacar  pessoas.

Penso que a melhor solução seria as clínicas veterinárias terem um documento que o dono do animal preencha, explicando os motivos,  de forma a evitar equívocos. Assim, o dono terá tempo de refletir na ação que deseja tomar. Já ouvi falar de pessoas que desejam abater um cão por ele fazer muito barulho ou simplesmente por mudarem de casa, não terem espaço para ele e decidem pela eutanásia por não terem tempo para lhe arranjar um novo lar. Essas sim, são pessoas sem o menor escrúpulo e que nunca deveriam ter tido um pet. A eutanásia não é para comodismos, mas só para situações extremas.

Conselho – se algum dia se vir confrontado com a necessidade de eutanasiar o seu animal pense bem. Se não houver alternativa de tratamento, em minha opinião é o último ato de amizade que lhe pode dar. Oferecer-lhe um repouso calmo e com dignidade evitando mais sofrimento.

Leia um belo artigo sobre o tema Eutanásia em animais  Família faz ensaio fotográfico emocionante para registrar último dia de cão e, no original, em inglês This Story Of A Dog’s Last Day On Earth Is Beautiful And Utterly Heartbreaking

18 Comentários »

  1. Oi Gu! Eu tbém tive que optar pela eutanásia e tbém confesso que não foi nada fácil… Lembro do meu cachorro todos os dias, mas p que me conforta é saber que fiz o que pude por ele mesmo sabendo dos problemas de saúde que tinha. Bjosss

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    Comentário por Rosana Christofoletti — fevereiro 20, 2014 @ 15:34 | Responder

    • Viu sua foto com a Bubba e os filhotes? Bjs

      Em 20 de fevereiro de 2014 15:34, A Simplicidade das Coisas — Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — fevereiro 20, 2014 @ 15:39 | Responder

  2. Oi Gu, saudades da Bubba….
    Eu também tive que optar pela eutanásia , lembra do Yuri ??? Esse cachorro era especial !!! E num foi nada fácil, tanto que não consegui levá-lo, quem fez isso foi o Rogério, eu só chorava, mas ele não tinha mais jeito, pois a doença tomou conta e, já não se alimentava nem bebia mais agua, porque andar há tempos não fazia mais . Triste , não tivemos opção. Tenho saudades dele até hoje,.
    Nesses casos também sou a favor da eutanásia, e acho que deveria ter também em humanos, tanto que já disse , que se um dia descobrir que tenho algo e não tem cura, não quero ficar sofrendo, posso estar errada, mas é uma opção minha. Deve haver algum jeito.
    Hoje tenho mais duas cachorras que são minhas filhas , companheiras e quem conhece sabe que trato como da família, não quero nem pensar em ficar sem um dia !!!!
    bjusss

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    Comentário por Regiane C. Christofoletti Gouveia — fevereiro 21, 2014 @ 11:24 | Responder

  3. 😉

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    Comentário por cozinhapramachos — fevereiro 23, 2014 @ 22:39 | Responder

  4. Estes dias recebi a triste noticia de que a minha cadela Kikas tem dois cancros , cancro da mama e cancros dos ovários.
    Vejo-a tão triste, os seus olhos muito tristes a revelar um enorme desgaste e sempre com uma lágrima no olho, sonda temos a hipótese de lhe fazer uma operação mas o risco de morrer lá é grande por ela já ter12 anos, segundo a veterinária aquilo está com risco eminente de rebentar, nao sei o que fazer estou a pensar em fazer lhe a eutanásia porque sei que ela está a sofrer bastante mas a verdade é que nao sei estou assim tão preparado para abdicar a minha real companheira, so que nao a quero ver sofrer e nao quero que ela tenha uma morte dolorosa, porque está cadela nao merecia. A minha mãe costuma dizer que ela é eu somos uma espécie de “cão e gato” porque eu estou sempre a pegar com ela e ela sempre gostou que eu lhe fizesse isso, que pegasse com ela. Eu sei que ela sabe que eu sempre a amei que ela foi uma grande companheira para mim e que irei ter de tomar uma decisão para o bem dela, mas a verdade é que me custa ter de optar pela eutanásia mas acho que é melhor para ela, porque ela nao merece sofrer assim tanto, ela merecia ter um final feliz.
    O mal é que ela já nao come nada há 6dias e os médicos nãos lhe deram nem uma semana de vida, custa muito ter de deixar para trás os nossos companheiros, a verdade é que ela veio pra minha casa há 12anos,tinha eu 6 anos e lembro me dê todos os momentos que tive com ela como se fosse ontem, e esta é a decisão mais cruel da minha vida. Porém sei que ela foi muito feliz a meu lado e sei que ela está prestes a partir por isso devo lhe dar um final calmo e tranquilo, eu sei que ela sente que o final está próximo…

    Espero que leia a minha história e que sempre que quiser falar sobre a sua buba eu tou disponível e prazer eu próprio lhe falar também da minha Kikas. Porque o cão é o melhor amigo do homem e a verdade é que eu aprovei alegrias com a kikas a meu lado e mesmo com ela longe de mim eu irei me lembrar sempre dela…

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    Comentário por Ricardo carvalho — julho 11, 2014 @ 23:47 | Responder

    • Bom dia Ricardo.
      Temos laços de carinho e ternura com nossos amigos animais e as vezes é até maior que com certos “humanos” com os quais convivemos.
      Espero que fique tudo bem com você!
      Um abraço.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — julho 12, 2014 @ 10:32 | Responder

  5. Parabéns pelo post, passei, junto com minha esposa, pelo processo super traumático e chocante de encaminhar nosso amado gato, o Panqueca, para eutanásia, foi uma experiência dolorosa e pela qual me pego chorando várias vezes ao dia, não sei se é culpa, ou incapacidade de ajudá-lo mais em vida. Eu e minha esposa rodamos sp inteira em busca de ajuda pro caso dele, realizamos mil exames para saber que se tratava da cruel e incurável doença chamada PIF, ele já não comia já alguns dias, bebia pouquíssima água, ficava parado o dia inteiro e parecia sentir dores o tempo todo…peço apenas que Deus o guie em paz e que ele saiba que é um grande anjo que veio em nossas vidas…Obrigado pelo post novamente, Deus o abençoe. Abraços Carlos

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    Comentário por Carlos Francisco Penteado — setembro 25, 2014 @ 1:15 | Responder

    • Bom dia Carlos.
      Agradeço sua passagem pelo blog e pelo seu depoimento. Sempre é bom que os visitantes tenham acesso às várias visões sobre o assunto.
      Abraços.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — setembro 25, 2014 @ 9:18 | Responder

  6. Olá Augusto,
    Já postei várias vezes aqui.
    Ainda não consegui superar a eutanásia que autorizei na minha cachorra Gaby que estava com linfoma. Já faz 2 anos e meio!!!!!
    Não acho isso normal. Sinto que fiquei com um impressão terrível de que não esperei a hora certa e segui o conselho de um amigo veterinário que mora no interior a não fazer a quimioterapia pois linfoma não tem cura em cachorros.

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    Comentário por Mauro — setembro 22, 2015 @ 22:49 | Responder

    • Oi Mauro. Bom dia! Meu amigo – não penso que seja algo anormal. Em meu caso já se passaram mais que dez anos. E ainda quando penso nisso choro e sinto-me culpado. Quando isso acontece penso nos momentos bons que passei com a Bubba. Continuo chorando, mas é algo mais leve para o coração. Um abraço. Paz e bem. Augusto

      Em 22 de setembro de 2015 22:49, A Simplicidade das Coisas — Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — setembro 23, 2015 @ 8:48 | Responder

  7. No meu caso é como se fosse uma ideia obssessiva. Uma ideia fixa que não sai da minha mente…..

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    Comentário por Mauro — setembro 23, 2015 @ 22:34 | Responder

  8. Tbem tive que optar por fazer um dos meus dormirem…minha Dolinha…linda teve um câncer na garganta. começou a regurgitar tudo que comia até a agua que bebia…sou a favor…enquanto ela estava bem eu deixei vive-la…qndo complicou, não tive escolhas…Sou FAVOR …pois eu…minha pessoa…acha que é muito egoísmo…deixar eles sofrerem. um abraço!

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    Comentário por jailson. — janeiro 26, 2016 @ 16:22 | Responder

    • Oi Jailson.
      Agradeço seu depoimento ao blog em um assunto tão polêmico.
      Abraços.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — janeiro 26, 2016 @ 16:25 | Responder

      • Bom dia a todos,
        não posso conter as lágrimas ao ler os textos publicados por pessoas que, em alguns casos, passaram pelo que estou vivendo agora.
        Faz um mês que permiti a eutanásia de minha cocker de quatorze anos e meio.
        Que experiência surreal. A princípio não quis aceitar quando o veterinário recomendou, ou melhor, ofereceu como sendo a única possibilidade.
        Brenda vinha tratando reincidências de câncer desde 2009, bastante tempo para um cão. Foram diversas cirurgias, nas quais cada vez retiravam um pedaço dela: mamas, um pedaço da língua, um olho. Com muita bravura e muito carinho ela sempre se recuperou e eu tinha muito orgulho dela. Mas desde o final do ano passado, a doença voltou forte e apesar das químios, os tumores se multiplicaram pelo corpo. O mais grave é que atingiram os pulmões, comprometendo a respiração. Minha tristeza foi enorme, mas tive que reconhecer que ela estava mal. Foi então que o oncologista sugeriu que fizéssemos a eutanásia. Argumentou que minha atitude era egoísta, querendo tê-la junto a mim e desconsiderando o desconforto permanente na sua vida, por causa da respiração. muitos amigos e familiares me recomendaram o mesmo. Até que depois de uma noite em que passei deitada no chão com ela, pois estava muito aflita, pensei que sim, deveria dar alívio a ela. Que sensação enganosa. Concordo com você Mauro, quando diz que esta atitude é fruto de precipitação. Sim, me precipitei e fiz algo insano, levando-a ao hospital, pedindo que dessem um fim á sua vida. à vida de alguém a quem eu havia amado tanto e que tinha me amado tando, de maneira incondicional, que tinha total confiança em mim, que tinha nos dado tantas alegrias,
        Que dor, que arrependimento, que vergonha de ter sido tão covarde a ponto de não poder enfrentar ver seu sofrimento. De ajudá-la a passar por tudo abraçada a ela.
        E o pior é saber que agora sim, não ha nada que eu possa fazer, senão amargar um sentimento de culpa
        Não recomendaria a eutanásia de um animal para ninguém.
        Ester

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        Comentário por ester — maio 17, 2016 @ 15:09

      • Boa tarde Ester.
        Me emocionei com seu depoimento. Que sua dor seja breve e acalme-se com o passar do tempo.
        Paz e bem.
        Augusto

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        Comentário por Augusto Martini — maio 17, 2016 @ 15:38

      • Olá Ester,
        Ainda não superei a eutanásia da minha cachorra Gabi. Procuro pessoas que queiram dixcutir o assunto com maior proximidade.
        Meus tels.:11/ 9.92723816 / 11 / 36634073.
        Qualquer contato será bem-vindo.
        Vamos melhorar……

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        Comentário por Mauro Raposo de Mello — maio 20, 2016 @ 15:31

  9. Muito triste este dia, foi difícil decisão de eutanásiar nosso cãozinho Tob Ly. Um cocker caramelo, manso, muito gracinha, viveu 17 anos, estava cego, surdo, com dor e não se alimentava mais. Estamos sofrendo. Nesta terra nada é eterno, tuda natureza sofre.
    Deus cuide de nós e nos conforte.
    Obrigada pela reflexão.

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    Comentário por MAGALI DE FÁTIMA PIRES PAES — novembro 6, 2018 @ 22:26 | Responder


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