Trabalho na Escola Fazendária de São Paulo, que fica na área central de São Paulo – na Rua do Carmo, uma das travessas da Rua da Tabatinguera.
Veja aqui mais curiosidades sobre o Largo do Carmo.
O nome “Tabatinguera” originou-se de um barro branco que havia em certos locais à beira do rio Tamanduateí, lá pelos idos dos anos 1600. Esse barro se chamava “barro da Tabatinga” e era usado para pintar casas (taba= aldeia; tinga= branco).
Havia na rua Tabatinguera uma chácara, em cujos fundos estava a Fonte de Santa Luzia (atualmente essa fonte está inativa. Ela ficava a direita de quem entra na Capela, onde hoje está construída uma gruta). Essa chácara pertencia à família do Conde de Sarzedas, o capitão-general Bernardo José de Lorena – Governador da Capitania de São Paulo. Em 1901, a então proprietária mandou construir a Capela do Menino Jesus e Santa Luzia, que existe até hoje.
A Rua Tabatinguera já teve os nomes de “rua do Matemático” e “rua Dr.Rodrigo Silva” (que hoje é uma rua ao lado da igreja de São Gonçalo). Em 1822 chamou-se “rua Detrás da Boa Morte” (do Carmo).
A Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia, também conhecida como Capela de Nossa Senhora da Cabeça, fica na Rua Tabatinguera, nº 104. Hoje, no horário do almoço, estive lá junto com minha amiga Vera Helena Santos Grellet, para a qual estou apresentando a “conta gotas” as relíquias do centro de São Paulo!
A Capela tem estilo neo-gótico (estilo típico das construções brasileiras erguidas no início do século XIX, onde se observa uma junção do estilo gótico medieval com estilos clássicos, junção esta encontrada nas antigas catedrais francesas), como a Catedral da Sé (que teve o início de sua construção em 1913).
A Capela do Menino Jesus e Santa Luzia foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (CONDEPHAAT), pois possui um enorme valor em virtude de sua pintura mural estar totalmente preservada. Foi construída pelo Arquiteto Domingos Delpiano – nascido na Itália e que foi um dos sete primeiros padres salesianos que chegaram ao Brasil em 1883.
É dele o projeto e a construção de várias obras, dentre as quais se destaca o Monumento a Maria Auxiliadora, para propagar sua devoção à Santa, construído em Niterói, no alto de uma colina, a cem metros do nível do mar, sobre uma rocha que lhe serve de alicerce. As obras ornamentais da Capela são de autoria do pintor florentino Orestes Sercelli.
Segundo o Sr. Pedro, um dos responsáveis pela manutenção e que está por lá há 24 anos, a Capela de Santa Luzia hoje é de propriedade da Mitra Diocesana e está localizada onde outrora existiu uma Chácara, de propriedade de Anna Maria de Almeida Lorena Machado, uma “virtuosa dama da sociedade paulista”, como a definiu um jornal da época, que não mediu esforços para construir, em sua chácara, uma capela para homenagear o Menino Jesus e Santa Luzia, santos de sua devoção. A Capela sempre foi mantida em perfeito estado de conservação por Anna Maria, que patrocinava festas celebradas sempre nos dias 13 e 25 de dezembro, religiosamente.
A devoção de Anna Maria ao Menino Jesus e à Santa Luzia nasceram por conta de um acidente. Retornando de uma viagem de navio que fez à Europa para ir até Paris, aconteceu um naufrágio, onde muitas pessoas perderam a vida. Mas, Dona Anna Maria foi salva e perdeu todos os seus pertences, entre eles uma lindíssima imagem do Menino Jesus de Praga.
Desesperada, começou a rezar fervorosamente por um milagre: o de reaver a imagem do Menino Jesus. Em uma praia, ao amanhecer, enquanto aguardava o retorno, viu a imagem flutuando e se aproximando da faixa de areia. Ao recuperar a imagem prometeu que, ao regressar ao Brasil, construiria uma Capela em honra ao Menino Jesus e Santa Luzia, o que realizou em 13 de dezembro de 1901. Anna Maria faleceu em 11 de junho de 1903 e está enterrada do lado esquerdo do altar da Capela.
Após sua morte, seus herdeiros mantiveram os cultos em atenção a um pedido expresso e deixado em seu testamento. Com o passar do tempo, os herdeiros começaram a enfrentar problemas financeiros e os cultos e a conservação da Capela foram se tornando mais difíceis, razão pela qual delegaram tal tarefa à Cúria Metropolitana, que se incumbiu dos cuidados até 1921, quando a incumbência passou a ser das religiosas Servas do Santíssimo Sacramento, que vieram a São Paulo para instalar a primeira sede da Adoração Perpétua ao Santíssimo Sacramento. Em 1929, as religiosas se mudaram para um prédio na Rua da Glória e o cuidado da Capela passou aos Padres Sacramentinos.
Tempos depois, a Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia passou a ser cuidada pelos Missionários de São Francisco de Sales, que estabeleceram ali a Capelania dos franceses durante 30 anos até transferi-la para o Colégio Pasteur. A Missão Católica Espanhola instalou-se na Capela e ficou por seis anos. Após a saída dos padres espanhóis, a Capela ficou praticamente abandonada. Em 1970, a pedido de Dom Agnelo Rossi, assumiu a Capelania Dom Ernesto de Paula, bispo da Diocese de Piracicaba que, mesmo com sérios problemas de saúde e com idade avançada, imprimiu uma nova vida ao lugar: restaurou o salão paroquial; construiu a ante-sala da sacristia; promoveu festas religiosas e a devoção do Menino Jesus e Santa Luzia, recolheu valiosas obras de arte e as encaminhou ao Museu de Arte Sacra, na Avenida Tiradentes, entre outros feitos. Dom Ernesto faleceu em 1994 e está sepultado na Cripta da Catedral da Sé. Nesse mesmo ano de 1994, mais precisamente no dia 13 de junho, a Capela do Menino Jesus e de Santa Luzia foi tombada pelo CONDEPHAAT –(Resolução SC 30/95, de 12/07/95, publicada no DOE 13/07/95, p. 24).
Serviço:
Capela do Menino Jesus de Praga e de Santa Luzia
A missa na forma extraordinária do rito romano (conhecida como Missa Tridentina), com canto gregoriano, acontece todo domingo às 16h30.
Rua Tabatinguera, 104 – Centro (próxima a uma das saídas do metrô Sé e da Praça João Mendes)
Sé, São Paulo- SP
Fone: (11) 3104-8032
FOI MUITO BOM CONTAR TODAS ESSAS INFORMAÇÕES!!! OBRIGADA! Consuelo
CurtirCurtir
Comentário por Consuelo — maio 25, 2015 @ 10:50 |
Boa tarde Consuelo.
Agradeço sua visita ao A Simplicidade das Coisas.
Um abraço.
Augusto
CurtirCurtir
Comentário por Augusto Martini — maio 25, 2015 @ 14:56 |
[…] nas plantas anteriores, como a de Jules Martin, de 1890. Dona Anna também mandou construir a Capela de Santa Luzia (na Rua Tabatinguera – clique no link que saberá mais sobre a Capela) que, após a sua […]
CurtirCurtir
Pingback por Palacete Conde de Sarzedas e o Museu e Centro Cultural do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — dezembro 1, 2015 @ 14:35 |
Boa tarde, obrigada pelas otimas informaçoes….a Missa Tridentina com canto Gregoriano continua sendo aos domingos as 16:30 hs?
CurtirCurtir
Comentário por Sueli A Lorenzetti — dezembro 23, 2015 @ 17:40 |
Bom dia! Feliz 2016 e perdão pela demora em responder. Sim, continua sendo aos domingos, 16h30. Abraços.
CurtirCurtir
Comentário por Augusto Martini — janeiro 5, 2016 @ 9:01 |
[…] Capela de Santa Luzia e do Menino Jesus de Praga […]
CurtirCurtir
Pingback por Fazesp – Escola Fazendária de São Paulo | A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini — outubro 20, 2017 @ 9:01 |