A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

novembro 8, 2013

Para a maioria dos brasileiros, é fácil descumprir as leis

No primeiro semestre de 2013, a instituição da qual a população mais desconfiava eram os partidos políticos (95,1% dos brasileiros desconfiam), seguida do Congresso Nacional (81,5%). Com índice melhor que as polícias, aparecem a Igreja Católica (50,3% desconfiam) e as Forças Armadas (34,6%).

Os resultados de uma pesquisa nacional da Escola de Direito de São Paulo da FGV – Fundação Getulio Vargas nos faz pensar que os brasileiros não acreditam em nada. De fato, os resultados sobre a fé e a confiança dos cidadãos em seis grandes instituições, como partidos políticos, o Congresso, a polícia, a Igreja Católica, a mídia e os militares, pode nos levar a acreditar que os brasileiros se tornaram descrentes de tudo. O que não é verdade.

A charge do Clayton

Vejamos alguns resultados. No País, 82% dos cidadãos acreditam ser fácil desobedecer as leis. “Esses dados parecem indicar que a obediência às leis no Brasil ainda exige uma justificativa”, disse a coordenadora da pesquisa.

Segundo a pesquisa, verifica-se também que quanto maior a renda do entrevistado, menor é o cumprimento. Os entrevistados que recebem até dois salários mínimos apresentaram resultado mais elevado (7,6), do que os que recebem mais de 12 salários mínimos, com 7,2. Quanto à escolaridade, os entrevistados com menos anos de estudo apresentaram o maior índice (7,5), em contraste com os entrevistados com mais anos de estudo (7,0 e 7,1).

Em relação ao respeito às autoridades, 81% dos entrevistados acham que as pessoas têm de pagar uma quantia a alguém, mesmo que discorde da decisão, se a ordem partir de um juiz. O percentual cai para 43% se a ordem partir de um policial.

Outro tema citado foi a expectativa de punição diante de algumas situações. Para 80% dos entrevistados, levar itens baratos de uma loja sem pagar, “muito provavelmente” acarretará em punição; 79% consideraram que, se dirigirem após consumir bebida alcoólica, serão punidos; 78% afirmaram ser possível sofrer uma punição se estacionarem em local proibido. No entanto, 54% dos entrevistados responderam que é “provável ou muito provável” que a compra de um CD ou DVD pirata resultará em punição.

Atravessar a rua fora da faixa de pedestre foi apontado como conduta errada ou muito errada por 94% das pessoas.

Também a imprensa está perdendo, a cada dia, a credibilidade. A população está confiando menos na imprensa. A pesquisa da FGV mostrou alta desconfiança em relação aos meios de comunicação: TVs não têm a confiança de 71%, mais, portanto, que a polícia, e a imprensa escrita de 62%.

Em segundo lugar nas pesquisas, a população está confiando menos na polícia, segundo dados do 7º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento mostrou que 70,1% dos brasileiros ouvidos na pesquisa não confiavam na polícia no primeiro semestre de 2013, contra uma taxa de 61,5% no mesmo período do ano passado.

Os dados foram produzidos a partir da pesquisa índice de Confiança na Justiça Brasileira (ICJBrasil), da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, e fazem parte do Anuário. Foram coletados junto a 3.300 brasileiros de oito estados brasileiros por semestre.

O professor da FGV Rafael Alcadipani afirma, em artigo no Anuário, que alguns fatores que contribuem para a desconfiança nas polícias são a baixa taxa de resolução dos crimes, a burocracia no atendimento ao cidadão e a imagem de violência que está associada às polícias, principalmente à Polícia Militar. “Vale lembrar que os constantes confrontos entre PMs e manifestantes que aconteceram neste ano terminaram por reforçar ainda mais a imagem de uma polícia truculenta” afirma Alcadipani, no Anuário.

O levantamento conseguiu captar a insatisfação da população em relação à atuação das polícias nos protestos populares de junho e isso foi mais um fator para influenciar o índice de desconfiança.

Segundo a FGV-SP, Pernambuco é o estado em que as pessoas que procuraram a ajuda das polícias se mostraram mais insatisfeitas com o trabalho das corporações. Só 27% dos cidadãos que solicitaram apoio da PM no segundo trimestre de 2013 se disseram satisfeitas ou muito satisfeitas. O percentual foi de 25% para a Polícia Civil. A Bahia é o estado em que houve maior índice de satisfação com a PM (54%) e com a Polícia Civil (50%). O Rio foi o estado com segundo melhor índice de satisfação da população com a Polícia Civil (43% ficaram satisfeitos). No Rio, o índice de satisfação com a PM ficou em 45%, o mesmo que no Amazonas. Estes dois estados só ficaram atrás da Bahia no quesito “satisfação com a PM”.

Até mesmo a Igreja Católica, que ainda é professada por mais de 60% dos brasileiros, que sempre esteve presente na política social do país e que goza de boa reputação em geral, começou a perder credibilidade. Hoje, apenas 49,7% confiam nela e mais da metade a rejeitam, 50,3%. Isso, mesmo após a visita do Papa Francisco em julho passado, que parecia ter significado uma injeção para os católicos, a ponto de muitos evangélicos confessos que, seguindo o exemplo de generosidade e simplicidade do Papa, disseram que queriam voltar a ser católicos.

E o levantamento mostrou que os brasileiros gostam de política, mas não dos partidos. Eles preferem as ONGs, especialmente aquelas que trabalham em ambientes sociais esquecidos pelas instituições estatais. Acabam votando naqueles que sabem que são mais propensos a “fazer favores”. Bem, fica provado o oportunismo do povo: grande parte sonha em “ter um político corrupto” na família que possa resolver todas suas dores e problemas. Querem a felicidade fácil e a qualquer custo.

2 Comentários »

  1. OI GU,INFELIZMENTE,É ISSO MESMO,NINGUÉM ACREDITA EM MAIS NADA, COM TANTA CORRUPÇÃO NESSE PAIS!!!

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    Comentário por amartini2013 — novembro 9, 2013 @ 14:33 | Responder


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