A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

outubro 29, 2013

A paçoca da Semana Santa no sítio de minha avó

Já falei muito aqui sobre as casas da minha infância. Todas elas tinham o cheiro do pão quentinho saindo do forno e o gosto do queijo feito no sítio de minha avó. Para mim, a cozinha sempre é um lugar marcante para a família. E estávamos sempre em volta do fogão de lenha, feito de cimento queimado em um vermelho bem escuro e polido que refletia as cores do fogo da lenha queimando. Que sabor tinha tudo que era feito ali. Me lembro que ficava ansioso ali do lado esperando terminar o doce de leite, o arroz doce, o doce de abóbora… Em época de milho, a cozinha virava festa com toda a família reunida para preparo do curau, do bolo de milho e à noite, o milho assado na brasa da lenha. Que cheiro delicioso exala o milho assado!

Em casa tudo era um pouco artesanal – a manteiga minha mãe mesmo fazia. Nos fundos da casa haviam árvores frutíferas e uma horta… saudades daqueles tempos!

Nos últimos dias tiveram contato com posts escritos pela Tereza, minha irmã mais velha. Muitos me disseram que deveria criar um blog para ela. Foi o que fiz. Visitem o Memórias de Tereza que ela dará continuidade aos “escritos” por lá. Esse abaixo, é a última produção.

Fui cobrada por minha prima Cida de ter esquecido de narrar algo que aconteceu numa quinta feira da semana santa.

Minha avó era muito religiosa e na sexta feira santa, quem tivesse mais de sete anos não podia comer carne, tomar leite e nada que fosse feito de seus derivados .Então na quinta feira costumava-se fazer paçoca de amendoim. Isso já era tradição na família desde os meus bisavós que,  aprenderam com os pais deles desde a época da Itália, e eu até agora ainda faço.

Na quinta feira santa, logo de manhã, a tia Leonor torrou os amendoins, atarraxou o moinho na mesa da cozinha e lá fomos eu e a Cida moer os amendoins.  Ela colocava no moinho e eu virava a manivela, até que emplastou tudo e não ia mais. Então a Cida disse: – deixa que eu empurro  com a mão e você vira! E eu virei, né! Nossa! Foi uma gritaria! Prendeu o dedo dela no moinho  e ai ela chorava porque doía. E eu, de medo,  já que minha avó veio pelo corredor gritando em italiano :”MARIA VIRGINE! DIO SANTO! COSA ME HAI FATO”? Que quer dizer ”VIRGEM MARIA ! SANTO DEUS! O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ?”

Então o tio Henrique teve que atrelar o cavalo na charrete e leva-la em Ajapi na farmácia para fazer curativo no dedo machucado. Depois a tia Leonor lavou o moinho e terminou de fazer a paçoca sozinha. Essa é uma paçoca de amendoim para se comer de colher. Se alguém se interessar aqui vai a receita:

MOINHO DE CARMINE ANTIGO

– Torre 1kg de amendoins em uma panela grossa mexendo sem parar até ficarem marrons não muito escuro;

– 1 pacote de farinha de milho de meio quilo;

– torre um pouco numa panela.  Moa os amendoins, que agora pode ser moído no liquidificador;

– coloque em uma vasilha grande, depois moa também a farinha;

– coloque 1 kg de açúcar cristal e misture tudo muito bem

Está pronta a tal da paçoca! Tomara que vocês gostem !!!!

2 Comentários »

  1. Hummmm….
    Que delícia essa paçoca, eu quero !!!! ontem mesmo falei dela para minha vizinha.
    Quando fizer lembra de mim……. rsrsrsrsrsrs
    bjusss

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    Comentário por Regiane C. Christofoletti Gouveia — outubro 29, 2013 @ 20:32 | Responder

  2. Republicou isso em A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini.

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    Comentário por Augusto Martini — março 24, 2016 @ 15:03 | Responder


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