Acabo de sentar em frente ao computador e abrir o meu e-mail. Começou a anoitecer, há barulho lá fora na rua, mas, ao abrir uma mensagem encaminhada pela minha sobrinha Tatiana e começar a ler o texto que veio anexo, parece que os grilos cantam lá fora!! Uma de minhas irmãs, a Tereza, ganhou um notebook de presente de aniversário. Nunca tinha acessado tal modernidade. Mas, em apenas pouco mais de 30 dias já está bem adaptada. No texto que recebi ela narra um pouco do que lembra de sua infância. São lembranças gostosas, alegres e tristes. Lembranças gastronômicas que trazem nas memórias o arroz branquinho e o frango do próprio galinheiro, abatido pelas ágeis e habilidosas mãos da tia Leonor ou de minha avó quando moravam no Sítio Bela Vista em Rio Claro/SP e onde a Tereza passava a maior parte das férias escolares. O arroz e o feijão eram os da lavoura da família, colhidos por eles, deixados secar no quintal e depois debulhado, grão por grão. E, por fim, a grande tigela de salada colhida da horta que ficava ao lado do poço, tudo fresquinho.
A claridade meio tímida da lamparina fraca e movida a querosene recebia reforço do fogo da lenha que ainda queimava no fogão à lenha logo ali do lado, na cozinha da tia Leonor, e o seu calor, aconchegante à brisa da noite, quase chegava a ser tão intenso quanto ao das conversas animadas, piadas e gargalhadas e os “causos” sem fim contados pelo meu avô.
Ao contrário da claridade avermelhada e aconchegante das lamparinas, o breu do entorno da casa revelava apenas os sons da noite que embalavam o jantar numa educada orquestra de grilos e sapos que não atrapalhava em nada a conversa animada: ouvia-se o coaxar dos sapos, o perfeito coral de grilos em todos os seus tons e ritmos próprios, o miado do gato, o latir dos cachorros, o mugido de uma vaca que não queria dormir…
No sítio o sono chegava rápido. Todos logo se acomodavam porque o dia começava muito cedo e, de repente a casa inteira se apagava e a animada conversa dava lugar ao repouso absoluto… Bem, tudo isso não antes de todos rezarem e participarem do terço – quesito obrigatório ao final do dia.
E então, um sonoro co-co-ri-có servia de despertador. Vacas aguardavam impacientes no curral, em meio a insistentes mugidos para a sua ordenha iminente. Um porco na engorda que esperava para ser abatido para o aniversário de meu avô. Espigas no milharal esperavam ser colhidas para serem transformadas numa deliciosa pamonha ou cural. Melancias e abóboras prontas para serem colhidas…
Ah, se a vida sempre acontecesse assim, com a Simplicidade das Coisas como tudo deveria ser…
Nos próximos nove posts vocês entrarão em contato direto com as memórias da Tereza. Aguardem. Acredito que irão gostar.
Enquanto isso, se quiserem, podem voltar a ler as minhas memórias de infância.
Querido Augusto, és vinho de boa safra, e tuas raízes indicam isso. São memórias de um tempo bom, cheinho de alegria, compartilhamento, desenvolvimento, afetividade, esperança. Quanta sabedoria, de nossos velhos… e como falta isso nos lares brasileiros.
Você e Tereza, me fazem lembrar de minha infância, e que saudade sinto dessa aurora.
Concordo, ah se a vida acontecesse assim, com a Simplicidade das Coisas…
Forte abraço.
Hozana
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Comentário por Hozana Rivello — outubro 13, 2013 @ 23:13 |
Querida Hozana,
Você, sempre tão amável e gentil. Que bom que conseguimos remete-la de volta para a infância…
Bjs. do amigo,
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — outubro 14, 2013 @ 10:01 |
“Ah, se a vida sempre acontecesse assim, com a Simplicidade das Coisas como tudo deveria ser…”
Podemos sim, tornar a nossa vida simples, a ideia é fácil mas concretizar é difícil. Curtir o momento presente. Preciso elaborar melhor essa ideia que não é minha mas da psicologia budista.
bjs vizinho!
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Comentário por vera — outubro 14, 2013 @ 9:50 |
Oi Vera, querida! Obrigado pela visita. Um dia concretizaremos e firmaremos a simplicidade em nossas vidas. Chegaremos lá! Bjs.
Em 14 de outubro de 2013 09:50, A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini
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Comentário por Augusto Martini — outubro 14, 2013 @ 9:52 |