Atualmente, se você perguntar para uma criança quais são seus brinquedos e brincadeiras preferidas, certamente ouvirá o seguinte: play station e jogos eletrônicos em geral. No meu tempo eram as pipas em seus diversos formatos – quadrado, maranhão ou as mais sofisticadas, como o “caixa” e outros. Rodar pião também era uma das minhas brincadeiras favoritas. Fazíamos campeonatos! Brincávamos de pegá-los ainda rodando, nas mãos. Ou entrelaça-los, ainda rodando, com a fieira. Jogar bola (futebol) nunca gostei. Rodava muito pneus nas ruas de terra. Lembro que não foi fácil conseguir um velho pneu de carro naquela época! O único osso do corpo que quebrei até hoje foi o do antebraço esquerdo, numa dessas brincadeiras com pneus. Mas, certamente as bolinhas de gude e os papagaios (pipas) eram os meus preferidos.
Minha mãe limitava as brincadeiras – se jogasse bolinha de gude não poderia empinar pipa no mesmo dia. Era uma ou outra brincadeira e com tempo limitado. Tinha as lições de escola por fazer e a divisão das tarefas nos serviços caseiros. Varria quintal, arrancava erva daninha, secava louça, varria a casa, etc…
Nas brincadeiras sempre havia alguns momentos de confusão e briga entre eu e meus amigos. E tudo se resolvia rapidamente.
Ah, o empinar pipas. Olhar para o alto e ver a beleza de uma pipa colorida flutuando, fazendo acrobacias… Isso me encantava e me fazia correr e voar junto com ela. No caso das bolinhas de gude era como um hipnotismo – o brilho do vidro e das várias cores das bolinhas de gude e os giros piruetas e efeitos que elas proporcionavam no jogo, apenas com o impulso do meu polegar, era algo mágico. As guardava em uma lata vazia, dessas de leite Ninho. E como era difícil achar uma lata vazia e em boas condições no lixo dos anos 70! Não era como hoje. Era objeto de luxo!
Dia desses, em meu trabalho, na Fazesp, fiz um curso chamado Administração do Tempo. Deveria tê-lo feito naquele tempo! Assim, poderia estabelecer uma hora para brincar de uma coisa e depois brincar de outra e assim obter prazer nas duas coisas em tempos diferentes. E ficaria satisfeito, com a bela sensação de estar me divertindo brincando da outra coisa, mas, o delírio da brincadeira anterior iria permanecer.
Dizem que se temos que escolher alguma coisa, perdemos em outra. Os especialistas em comportamento humano dizem que não é nada disto – uma escolha é um ganho, uma superação das dúvidas, uma tomada de decisão! Com ela você abandona a vacilação e segue adiante assumindo a postura responsável e madura por seus atos, deixando para trás algo que não seria realmente importante. Dessa forma, o processo de escolha deve ser embasado por análises feitas levando em conta o momento, personagens, objetos e objetivos envolvidos, vantagens e outros tantos dados e informações que permitam tomar uma decisão em que não há possibilidade de arrependimentos, pois todos os “senões” foram identificados, abordados e devidamente examinados para uma tomada correta de decisão. Bem, o que importa é que uma escolha parece que deve ser balizada por uma atitude racional. E ser racional é uma forma de proteção. Para ter racionalidade nas atitudes, não se deve correr riscos e tampouco sair da área de conforto. Mas, e a paixão? Sinceramente eu penso que quando a gente opta em fazer e agir as coisas pela paixão pode não ser a forma mais segura, mas certamente será a forma mais divertida. O preço a ser pago pelas escolhas feitas pela paixão sempre será uma incógnita, no entanto, a alegria ou tristeza que podemos aguardar dali, como caminhamos sem rumo e temos uma bela surpresa na virada da próxima rua, certamente nos dá aquela sensação de estarmos vivos, é ou não é? A paixão pelo que se faz sempre moveu a humanidade – que o digam Leonardo Da Vinci, Monet, Marco Polo, Cristóvão Colombo, Mozart…
Poxa! Comecei a escrever sobre a minha infância e minhas escolhas naquela época e descambei a pensar sobre o meu EU aqui e agora e sobre as escolhas da vida adulta. Em meu trabalho diário, a escolha pela ótica da lógica me preserva e me dá segurança, mas, a escolha apaixonada me liberta e me torna vivo. Aí eu penso: o que é melhor? Como será a minha vida no futuro? Devo viver tranquilamente uma vida e uma velhice sem sobressaltos, sem medos e sem mudanças? Ou continuo a jogar as minhas bolinhas de gude? Ou opto por tê-las sempre ao alcance da mão, dentro de minha latinha?
E hoje? Vivo e enfrento os mistérios da vida e o desconhecido que se apresenta? Devo correr atrás das pipas e descobrir novos caminhos? Ah, viver a vida! Como diz a canção: “viver e não ter a vergonha de ser feliz”. O duro disso tudo é perceber que a minha vida ainda é construída por escolhas e se são as escolhas certas eu nunca saberei. As vezes, como nesse momento, me pego pensando ser esta a verdadeira magia de viver.
Bom dia, Gú!
Eu ainda peguei um pouco dessas brincadeiras… também gostava das bolinhas de gude, de bater figurinha, de jogar taco na rua, de andar de pé de lata. Quantos tombos… rsrsrsrs
Essas crianças de hoje em dia nunca saberão o que é andar de perna de pau…
Bateu saudades, viu…
Bjos…Rô
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Comentário por Rosana Christofoletti — setembro 5, 2013 @ 11:35 |
Oi Ro, minha querida. Saudades de vc! Bjs. Gu
Em 5 de setembro de 2013 11:35, A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini
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Comentário por Augusto Martini — setembro 5, 2013 @ 12:16 |