Para Endgy e Bruno, com carinho!
Em meados do século passado, a maioria das famílias não dizia a seus filhos que foram adotados, mas hoje esse paradigma parece ter mudado.
Quando tinha 16 anos, tive um namorico com uma garota, em Rio Claro/SP, que era filha adotiva, mas não sabia. Quando descobriu, me disse: “minha mãe não é minha mãe.” Teve várias crises. Ficou doente. Quando quis saber quem era sua mãe biológica, recebeu a resposta: “Eu nunca vou dizer quem é, vou levar esse segredo para o túmulo”. Coisa parecida está sendo abordada na novela das 21h.
Hoje, assim como eu, a garota de minha juventude já passou dos 50, ainda vive em Rio Claro, é casada e tem filhos. Mas, certamente foi torturante saber que teve uma mãe antes e uma mãe depois em sua vida e terem-lhe negado saber quem é. É dramático descobrir assim, tardiamente, porque é uma identidade, são estruturas perdidas, quebras de relações afetivas, cai por terra tudo o que foi construído. O filho adotivo tem uma história anterior que lhe pertence e deve ser respeitada. (more…)