Morar no centro de São Paulo – parte 2

Desde que eu deixei Rio Claro, interior de São Paulo e vim tentar a vida aqui em São Paulo várias pessoas me pedem dicas de como morar em São Paulo. E eu sempre respondo que se você não quer ficar neurótico com o trânsito, não quer depender de carro o ideal é morar no centro.

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Faz já algumas décadas que as maiores cidades do mundo se empenham no resgate de suas áreas centrais, inclusive São Paulo – onde, aparentemente, começa a existir uma tendência nesse sentido. A boa notícia é de que as pessoas estão voltando a morar no Centro paulistano. Segundo o IBGE, eram 170 mil moradores na região, em 1991. Nove anos depois, o Censo de 2000 detectou queda para 140 mil. Mais dez anos se passaram e, no Censo de 2010, um crescimento de 17,7% foi apontado, elevando os moradores no centro para mais de 160 mil moradores. 

Atualmente, o governo estadual participa de maneira efetiva desse esforço, com a recém-lançada iniciativa de incentivar a ocupação da área central de São Paulo, prevendo a construção ou reforma de 10 mil unidades habitacionais. Novos lançamentos imobiliários estão pipocando pelo centro. Há mais tempo a Prefeitura vem desenvolvendo planos nessa direção, destacando-se o Projeto Nova Luz, uma intervenção urbana abrangente, destinada a dar resultados no médio prazo. A iniciativa privada também participa, há bastante tempo, com a operação Viva o Centro.

Historicamente, o esvaziamento do Centro, como aconteceu em São Paulo, é o mesmo que costuma acontecer nas maiores cidades. Na medida em que surgem novos bairros residenciais, é para lá que se mudam as famílias inicialmente instaladas no Centro.

O empenho internacional de resgatar as regiões centrais das metrópoles tem como razão maior o aproveitamento de uma área que se caracteriza pela ótima estrutura de serviços – restaurantes, bares, cinemas, supermercados 24 horas, padarias, mercadinhos, além de transporte público abundante, redes de água, luz, esgoto e gás – e pela presença de empresas privadas e repartições públicas que garantem milhares e milhares de empregos. Reocupar de novo o Centro, portanto, significa utilizar uma ótima estrutura instalada e colocar as pessoas perto de seus empregos, com efetivos reflexos na melhoria do trânsito. Por exemplo – eu vou a pé para o trabalho. Chego em 20 minutos de caminhada.

Hoje em moro em um apartamento no centro de São Paulo, próximo da Praça da República (a vejo de minha janela), Theatro Municipal, bons restaurantes, padarias. Também é bem próximo ao Copan e da Praça Roosevelt. Todos me falam: “Nossa você mora bem!”. Aparentemente sim, se for comparar com as pessoas que moram em lugares bem distantes, em zonas afastadas – realmente é!

Mas, morar no centro também tem seus contras – há ruas que depreciam o lugar onde você mora – durante o dia é um ambiente movimentado, mas a noite muitos lugares do centro se transformam. Ruas ficam desertas, com pontos de prostituição, etc. Muitos moradores de rua espalhados pelas calçadas. Mas, isso não é privilégio do centro – eles estão espalhados por todos os cantos da cidade. Até em bairro considerados nobres.

Em contrapartida, tenho ônibus para todos os lados da cidade exatamente na porta do meu prédio. Duas linhas do metrô a menos de 100 metros.  Muitos teatros, mini mercados 24 h, ótimas padarias, etc.  Não compensa?

Abaixo, fotos do apartamento onde moro.