O tango poderia permanecer o mesmo de sempre, como na primeira metade do século XX, quando era a música do subúrbio e considerado bandido, porque para muitos argentinos, uruguaios e fãs de outras partes da América do Sul, Ásia e Europa lhes causa encantamento dançar tango (e também a quem vê). Mas os jovens músicos de Buenos Aires não querem a permanência das mesmas melodias e poemas, valorizam isso, mas se esquivam do que dizem cheirar a naftalina. É por isso que eles estão renovando o tango, atualizando suas letras, cruzando gêneros e incorporando tecnologia em seus sons. Dão vida nova às queixas do bandoneon.
Esta nova geração deu vitalidade ao Festival Mundial de Tango e que há uma década é realizado todos os anos em Buenos Aires. Dizem que há que se renovar o tango para que não seja uma música morta. “Temos que renovar o tango”, diz Cardenal Dominguez, um dos novos cantores. Dominguez fazia rock, mas no início dos anos 90, quando o tango estava “parado”, segundo ele, fora de moda na Argentina, começou a cantá-lo em um show de variedades em um reduto cult de rock dos anos 80, o El Parakultural . Cardenal sentiu a necessidade de “entrar na música”, a mesma que tinha ouvido desde a infância, que então “odiava”, mas depois aprendeu a “desfrutar”. Mas ele entrou no tango para renová-lo, assim como outros artistas, como os das orquestras El Arranque e Típica Fernández Fierro, Daniel Melingo, o quinteto 34 Puñaladas, o quarteto La Quimera del Tango, o sexteto La Chicana e o dúo Gotan Project.
A popularidade do tango começou a diminuir nos anos sessenta, quando o rock explodiu entre os jovens. Na década de 80 o tango era algo sem vitalidade, refratário, que estava morrendo. A última ditadura Argentina (1976-1983) matou o tango porque era mais rebelde do que rock. No final dos anos 80 se esgotaram as fórmulas do rock, e com o “Menemismo” (movimento em pról a Carlos Ménen) dos anos noventa houve uma busca de identidade nacional. Em 1994, o espírito do tango começou a ressurgir.
“O que define o tango atual do antigo é a audácia de interpretar”. O Jornalista Franco Varese, do Jornal La Nación que escreveu recentemente sobre o surgimento de novas letras de tango no século XXI, nas quais reflete uma cidade onde travestis e catadores de papelão têm aparecido. Ele também diz que o tango tinha atingido um grau muito grande de academicismo, parecia quase um clássico, muito difícil de tocar, ao contrário do rock.
Mas hoje o tango busca um novo frescor. Ainda é a música típica de Buenos Aires, onde a maioria dos cidadãos não sabe dançar ou cantar as letras. Tampouco se escuta com frequência os velhos intérpretes nas estações de rádio. O que mais se houve hoje é o “electro tango”. O “dois por quatro” se renova!
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