O almoço de hoje será em homenagem a uma amiga muito querida – Imaculada – do Grupo de Educação Fiscal do Ceará. Acordei pensando nela, lembrei de nossas conversas sobre Fortaleza, e fiquei com vontade de comer baião de dois.
A cozinha desse maravilhoso estado do Nordeste brasileiro tem sabores tropicais e exóticos, com temperos peculiares, os quais agradam aos mais exigentes paladares. De um modo geral, os pratos refletem traços marcantes da cultura popular e da influência deixada pelos colonizadores. Os frutos do mar estão presentes por lá, sendo encontrados com variedade em toda a extensão do litoral cearense. Caranguejos, siris, camarões, e ostras estão no cardápio dos restaurantes, que os servem de formas diferentes e apetitosas.
Mas, não só de mar vive a culinária cearense. Do sertão, vem a carne de sol com paçoca e macaxeira (mandioca por aqui), o popular baião de dois, o feijão verde (igual ao que comprei ontem na zona cerealista de São Paulo), além de comidas com forte tempero como sarrabulho, a carneirada e a panelada. Porém, tem também os deliciosos doces e bolos das festas juninas, os saborosos sucos e sorvetes feitos com frutas tropicais.
A culinária do ceará tem influência direta dos costumes alimentares dos primitivos índios que habitavam o Estado, enquanto outros pratos são originários dos colonizadores europeus. A influência negra, que foi muito forte na região Nordeste, principalmente no ciclo da cana-de-açúcar, também deixou marcas pela cozinha de lá. Toda essa mistura de raças é responsável pela saborosa mistura que lá existe.
Símbolo da culinária cearense, a lagosta é um produto do mar muito requisitado. O Ceará é o maior exportador brasileiro do produto, sendo Fortaleza reconhecida nacionalmente como o local onde se prepara a melhor lagosta do país. Outros crustáceos bastante consumidos são o caranguejo, siri e a ostra.

Missa do vaqueiro – sertão Cearense
Servido de diferentes formas, o camarão também é muito apreciado. Normalmente, os pratos com camarão são baseados nas receitas nordestinas como “camarão no leite de coco”, a “caldeirada” (ensopado de camarão com verdura, legumes e diversos temperos), e o camarão ao alho e óleo.
Na mesa do cearense podem ser encontradas várias guloseimas, apropriadas para o café da manhã ou na tradicional merenda (expressão tipicamente nordestina, como diz Imaculada). Das casas de farinha, vêm as tapiocas (preparadas com goma e coco ralado), o grude (também feito com goma e coco ralado) e a rosca de goma. Nos engenhos de cana de açúcar, são feitos o caldo de cana e a popular rapadura. A cachaça, no entanto, é o principal produto de cana de açúcar e o único que é engarrafado sob marcas famosas e internacionalmente conhecidas. Muitas delas são vendidas com nomes e embalagens exóticas, inspirados no folclore popular. Ah! Quando for para Fortaleza, certamente minha amiga me aguardará com uma dessas famosas cachaças!
As frutas tropicais como caju, mamão, coco, murici, manga, cajá, sapoti, graviola, siriguela, pitomba, cajarana, maracujá, goiaba, abacaxi, são encontradas por lá. Delas são produzidos os mais saborosos sucos, doces e sorvetes que deixam qualquer um com água na boca. Segundo Imaculada, em Fortaleza, as sorveterias dispõem de um cardápio variado de sorvetes feitos com frutos tropicais. Do caju se faz a cajuína, bebida não-alcoólica, de ótimo sabor. Já experimentei e gostei. Ela deve ser tomada bem gelada!
Mas, o meu almoço de hoje não vem do mar – vem do sertão. Arroz, feijão, manteiga de garrafa (ou da terra) e queijo coalho combinam para fazer um dos pratos mais populares: o baião de dois. Qualquer domingo quero experimentar fazer a paçoca, o cuscuz, a peixada, a galinha a cabidela, que são outras delícias de lá. Mas, agora, deixo para para vocês a minha receita de hoje.
BAIÃO DE DOIS
Ingredientes
- 1/2 kg de feijão de corda cozido(s)
- 2 xícara(s) (chá) de arroz cozido(s)
- 250 gr de queijo de coalho
- 1 copo(s) de manteiga-de-garrafa
- 250 gr de carne seca cozida(s)
- 250 gr de linguiça calabresa defumada picada(s)
- quanto baste de coentro picado(s)
- quanto baste de coentro (ou cebolinha verde picada, para quem não gosto de coentro)
Modo de preparar
Coloque a manteiga de garrafa numa panela, deixe aquecer e adicione a linguiça. Refogue.
Adicione a carne seca desfiada. Refogue um pouco.
Junte o feijão de corda escorrido (feijão verde), misture.
Coloque o arroz, misture. Coloque um pouco mais de manteiga de garrafa, misture novamente. Tempere com coentro e cebolinha e, por último o queijo de coalho picado, um pouco mais de manteiga de garrafa e misture novamente. Tempere com mais coentro e cebolinha. Sirva quente.
Curiosidade
A palavra “baião” é o nome de uma dança típica do nordeste, que por sua vez é derivada de uma forma de lundu, chamada “baiano”. A origem do termo se tornou popular com a música Baião de Dois – uma parceria do compositor cearense Humberto Teixeira – com o “Rei do Baião”, o pernambucano Luís Gonzaga, que se estivesse vivo completaria 100 anos em 2012.
A história do baião de dois remonta das dificuldades das pessoas do sertão no período da seca, em que tinham que lutar para não estragar nada. Assim, uniram o arroz, o feijão, o queijo de coalho, a carne de sol, a manteiga de garrafa e criaram um prato só. Daí a origem do Baião de Dois, que sempre foi fundamental para dar sustento aos vaqueiros.
De dar água na boca. Realmente, o Ceará é um Estado encantador. Já fui duas vezes lá. Adorei.
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Comentário por Fernando Teixeira — setembro 2, 2012 @ 21:52 |
Oi Fer. Eu ainda não conheço o Ceará. Mas, espero conhecer Fortaleza logo, logo. Bjs.
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Comentário por Augusto Martini — setembro 2, 2012 @ 22:29 |
Adorei ser a inspiração para o baião! rsrrsrsr
Tenho certeza que ficou delicioso. Melhor só mesmo vindo aqui; falta de convite não é! Assim, você vai ver ao vivo, em cores, sons e sabores tudo que relatou sobre meu belo estado.
Um vídeo para ilustar: http://www.youtube.com/watch?v=oTm5q6_pRWI&feature=related
Bjs
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Comentário por Imaculada — setembro 3, 2012 @ 1:19 |
E vai ter uma cachacinha me esperando? Rs
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Comentário por Augusto Martini — setembro 3, 2012 @ 8:22 |
Bom Dia!!!
Obrigado por falar tão bem do Ceará. Sou cearense que moro na Bahia há 30 anos, mas não esqueço jamais a “Terrinha”.
Me criei comendo estas coisas que você citou. Não deixe de experimentar a Paçoca que é outra “DELÍCIA” tanto quanto o Baião.
Muriçi e Pitomba também não tem aqui. O suco de Muriçi para mim é Excelente.
Vou aproveitar para deixar aqui a receita da paçoca como minha mãe fazia.
Dessalga a Carne de Sertão(não é Carne de Sol) é a popular Jabá.
Mais ou menos em 3 aguas(qualquer coisa no final acerta o sal).
Então bota para assar sem assar demais. Tempera com Coentro e cebola roxa. Bate esta carne assada com farinha em um pilão de preferência grande que é para caber tudo e não ficar caindo no chão a cada batida. Se a paçoca ficar seca pode ir dosando com um pouco do óleo que foi assada a carne. Então bate esta mistura até cansar o braço. Só está boa quando começar a cheirar dentro do pilão.
Depois é só se Deliciar. Acontece uma quimica que não sei explicar.
Não é o mesmo sabor se comer a farofa com a carne.
Bom Apetite
Maria
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Comentário por Maria — setembro 3, 2012 @ 9:32 |
Oi Maria.
Obrigado pela visita ao blog e por ter deixado a receita da Paçoca!
Abrs.
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Comentário por Augusto Martini — setembro 3, 2012 @ 9:48 |
AMO baião de dois !!!!!!
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Comentário por tripfeeling.com — setembro 4, 2012 @ 17:30 |
Olá!
Agradeço sua visita!
Abrs.
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Comentário por Augusto Martini — setembro 5, 2012 @ 8:25 |