Esta maravilhosa obra de arte é um tributo para a cidade que nasceu das águas. Entre os anos de 1903 e 1918 esteve instalada entre o “Paseo de Julio” (agora Avenida Leandro N. Alem), cruzamento com a rua Cangallo (hoje tenente-general Perón) e foi objeto de vários escândalos.
É obra daquela que foi considerada a primeira escultura argentina, Dolores “Lola” Mora Vega.
O trabalho foi realizado na Itália e veio para Buenos Aires em partes, tendo como destino o lugar que ocupa a pirâmide da Plaza de Mayo. Criou-se um grande alvoroço, já que iriam colocar na frente da Catedral uma peça com nudez completa, tanto masculino quanto feminino. Considerava-se ofensivo e indecente.
Em nome da “moralidade e decência”, sugeria-se que fosse instalada longe (para a época) como em Mataderos ou Parque los Patricios. Finalmente, em 21 de maio de 1903, foi inaugurado em meio a muita polêmica – não houve a participação na cerimônia de autoridades nacionais ou mulheres. Isso é paradoxal, já que o tema é considerado por alguns como uma homenagem às mulheres.
A “Fonte das Nereidas” mostra o nascimento de Vênus (Afrodite), deusa do amor, beleza e graça, tanto para a mitologia grega como a romana, nascida da espuma do mar.
O estilo da obra é o neoclássico e o conjunto tem uma concha enorme, de cujas águas surgem tritões e cavalos. O pilar central é sustentado por duas Nereidas.
A fonte permaneceu no lugar onde se instalou até 1918, quando ela foi transferida para a interseção da Avenida Tristán Achaval, no antigo Paseo de la Costanera Sur, que agora pertence ao moderno bairro de Puerto Madero.
En 1971 houve um movimento para colocá-la na interseção das avenidas 9 de Julio e Santa Fé, mas não pode ser realizado. Na tentativa de retirada para a mundança surgiriam rachaduras e estas poderiam aumentar.
Lola Mora estava à frente de seu tempo. Usava calças para trabalhar, pois permitiam mais liberdade e conforto.
Enquanto trabalhava na instalação de sua obra, tiveram que cercar o local para “evitar a imoralidade” da população vê-la vestida assim. Ela estudou em Roma, com o mestre italiano Giulio Monteverde (1837-1917), autor do “Monumento a Mazzini” em Piazzale Roma e do maravilhoso “Cristo” na capela do Cemitério da Recoleta. Ela supervisionou a transferência e posterior montagem da fonte, se encarregando das despesas.
Apenas duas esculturas em uma abóbada no Cemitério da Recoleta são assinados com seu nome de casada “Lola Mora Hernandez – 1912”.
Ela nasceu na aldeia de Trancas, província de Tucumán, em 1866 e morreu em extrema pobreza em Buenos Aires em 1936.
Obrigado por assinar o meu blog! Espero que goste!