A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

maio 24, 2012

Aprenda a lidar com a sensação de vazio, tristeza, inferioridade

Hoje, muitas pessoas estão sentindo uma sensação de vazio interior. Ela pode ser expressada como uma sensação geral de desconforto ou insatisfação, de que algo não está certo sobre elas ou suas vidas, ou sentem que não encontraram seu lugar no mundo, deixando-as com uma sensação de insignificância.

Sentimento de ausência de significado na vida

São pessoas que tendem a recorrer a livros de autoajuda, à introspecção e auto-conhecimento. Elas tentam se conhecer melhor, saber quais são os seus problemas, tentam enfrentá-los e superá-los e, geralmente, sentem-se melhores como pessoas. 

Alguns sentem um verdadeiro sentimento de profundo vazio, como se não tivessem identidade, não sabem bem quem são, para onde ir ou o que fazer para mudar isso.

Acabei de receber o texto abaixo. Quem o enviou foi uma amiga. E trata justamente disso. Boa leitura!

Aprenda a lidar com a sensação de vazio

01/10/2011

A quase indefinível sensação de necessidade e carência foi descrita pela filosofia, pela psicologia, pela literatura. “Na mitologia grega, a mãe de Eros, o desejo, é a Penúria, a falta. Sabiamente, os gregos colocavam a carência como a origem de tudo que desejamos na vida. Para eles, esse gosto de escassez, de insuficiência, de insatisfação é a grande faísca que dá partida às nossas ações, planos e sonhos”, diz a professora de mitologia Helenice Hartmann.

Saber disso gera alívio. Muita gente não consegue identificar esse aperto no peito que nos angustia, e mal percebe que ele está ali presente, ou que sequer existe. Ao dar um nome para esse sentimento difuso, mas insistente, a vida pode se reorganizar de uma maneira diferente.

Podemos reconhecer o que nos incomoda e, mais que isso, observar como essa falta primordial é capaz de conduzir, nem sempre de uma maneira mais sábia, a maioria dos nossos movimentos existenciais.

Com base nessa nova consciência, é possível, então, uma regulação mais equilibrada de nossos desejos: já sabemos o que os origina, e assim podemos administrá-los melhor. Se admitimos que essa falta jamais será preenchida com as ilusões do universo material, ou mesmo emocional, vamos abrandar a fome com que nos atiramos às pessoas e às coisas.

Dessa maneira, é possível nos contentarmos mais com a vida, e até nos alegrarmos e nos sentirmos gratos com o que já temos, pois atendemos a essa necessidade de outra forma. “Não se trata de suprimir o desejo, mas de transformá-lo: de desejar um pouco menos aquilo que nos falta e um pouco mais aquilo que temos; de desejar um pouco menos o que não depende de nós e um pouco mais aquilo que de fato depende”, sugere o filósofo francês contemporâneo André Comte-Sponville. Sem dúvida, isso já é um ótimo começo.

O psicanalista francês Jacques Lacan se aprofundou no tema no século 20. Ele afirmava que esse vazio primordial alimenta a procura do homem por sua própria verdade. Portanto, para Lacan, a falta não é, em si, negativa ou indesejável, mas o poderoso estopim de uma busca interna que pode se tornar reveladora.

A lógica é simples: se espero conseguir algo, é porque me falta alguma coisa, certo? Portanto, a esperança primordial, aquela que alicerça todas as outras esperanças que habitam nosso coração, é nossa vontade de conseguir preencher esse vazio que nos consome. Por isso mesmo, os estoicosdesconfiavam muito dela. “Esperar um pouco menos, amar um pouco mais”, propunha essa antiga corrente de filosofia da Grécia. Em outras palavras, mais ação e menos expectativas.

Porque ao colocar o desejo de satisfação no futuro, nos deslocamos do presente e aumentamos nossa angústia. Para evitar isso, os estoicos adotavam uma medida prática: satisfaziam-se com o que tinham.

Para eles, desejar mais do que o momento proporciona era garantia de infelicidade.

E há outro bom motivo para não se depender da esperança da satisfação de um desejo: assim que o realizamos, outro buraco se forma, outra falta, que exigirá o seu preenchimento. “Assim que um objetivo é alcançado, temos quase sempre a experiência dolorosa da indiferença, ou mesmo da decepção”, continua o educardor e pensador francês Luc Ferry.

Viver entre a esperança de ter, ou ser, e o medo de não ter, ou de não ser, pode se tornar outra forma de tortura. “O medo é a face complementar da esperança. Temos esperança porque, no fundo, temos medo de não ter nosso desejo satisfeito. Esperamos que ele se realize, mas temos medo de que ele não se realize”, diz indo direto ao ponto a monja budista americana Pema Chödron.

Em resumo, para não sofrer tanto com as expectativas, é necessário aceitar a vida como ela é, e reconciliar-e consigo mesmo. “É possível fazer planos, é claro, mas não depender disso para ser feliz. A felicidade está dentro de nós, e não fora, no outro, no futuro ou em outras circunstâncias”, diz Pema. Ao constatar isso, já fica mais fácil nos livrarmos de outra forma de sofrimento ocasionado pela falta: a inveja.

Fonte: Vida Simples. Reportagem: Liane Alves. Edição: Amana Zacarkim.

23 Comentários »

  1. Muito legal, mas é uma daquelas filosofias extremamente difíceis de colocar em prática, tais como manter a calma, fazer exercícios, não levar estresse pra casa, entre outras…

    Abs

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    Comentário por carlos lima — maio 24, 2012 @ 11:09 | Responder

  2. Já passei por “exatamento isto” e por tempo prolongado.
    Eu sentia exatamente um “Vazio” que eu tentava preencher e quase sempre não conseguia.
    Acho que tem a ver com “Passagens ” em nossas Vidas. Ou Portais pelos quais passamos. Eu acho que tem a ver com a educação que mulheres da geração anos 60 recebemos. Como por exemplo: – A busca desesperada pelo Principe Encantado e quando ele não vem a busca se torna mais Frenética.
    E aí tentamos transformar Sapos em Principe e transformamos nossa vida em um Inferno quase sempre.
    E aí dizemos: – Na Busca de ser Feliz me tornei muito Infeliz.
    Esta foi minha experiência e posso dizer que em parte ainda é, só que não procuro mais.
    Estou Reaprendendo que como aos 15 anos a pessoa que mais me fazia Feliz e Preenchida era Eu Mesma.E que a Responsabilidade de me Fazer Feliz é “Minha”.
    E aí a Busca acaba e o Vazio se esvai…

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    Comentário por Maria Martins — maio 24, 2012 @ 15:23 | Responder

    • Oi Maria.
      Muito obrigado pela visita ao blog e pelo comentário que só fez acrescentar.
      Abrs.

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      Comentário por Augusto Martini — maio 24, 2012 @ 15:30 | Responder

  3. Realmente não é fácil. Mas a prática leva à perfeição! A gente vai tentando, tentando e um dia aprende…se não nessa vida, nas que virão!!!

    Bjs

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    Comentário por Imaculada — maio 25, 2012 @ 11:20 | Responder

    • Oi Imá!

      Se a prática não levar à perfeição, pelo menos aprendemos com os tombos. Rs. Bjs.

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      Comentário por Augusto Martini — maio 25, 2012 @ 11:25 | Responder

  4. Augusto, com um abraço de Luz e Paz, sempre.
    Auto-estima lá ‘no dedão do pé’ hoje em dia parece mais comum que resfriado.
    Olha que eu me esforço, viu.
    Eu li ‘Places that Scare us’, ou ‘Lugares que nos assustam da monja budista AMERICANA Pema Chodrom com algum esforço, mas foi muito bom.
    Assim,. tudo o que nos assusta são apenas ‘lugares’, onde não estivemos antes.
    Tudo de Bom.

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    Comentário por sissi2011 — maio 25, 2012 @ 18:11 | Responder

    • Oi Simone. Obrigado pela visita! Ainda não li esse livro, mas estou curioso. Vou ler! Abraços.

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      Comentário por Augusto Martini — maio 26, 2012 @ 0:42 | Responder

  5. gostei muito do seu texto, é o que preciso de subsídio para meu momento atual
    grande abraço!

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    Comentário por RoPertile — maio 28, 2012 @ 12:33 | Responder

  6. Queria eu por em prática tudo e mandar pra longe a tristeza e sentimento de perda que me domina!

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    Comentário por roberto — fevereiro 25, 2013 @ 15:47 | Responder

  7. Esse vazio que o ser humano sente, é a falta de Deus, somente Ele pode preenche-lo e nos fazer felizes de verdade!

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    Comentário por niurleide — março 26, 2014 @ 0:53 | Responder

    • E#xiste no ser humano um espço que tem a forma de Deus. Tenta-se preencher com tudo mas é impossivel porque esse lugar é do Criador, Senhor E Salvador. “Entrega o teu caminho a Deus, e o resto tudo ELE fará”

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      Comentário por Mirene — maio 21, 2014 @ 8:42 | Responder

      • Oi Mirene.
        Agradeço sua visita ao blog.
        Abraços.
        Augusto

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        Comentário por Augusto Martini — maio 21, 2014 @ 8:43

  8. ACHO QUE NUNCA SE CONSEGUE SER FELIZ SOZINHA ISSO ESTÁ ERRADO EM DIZER QUE A PROPRIA TEM QUE ACHAR A FELICIDADE

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    Comentário por EDUARDA — julho 23, 2014 @ 11:00 | Responder

    • Oi Eduarda. Desculpe, mas discordo de você. Eu acredito sim que uma pessoa possa ser feliz sozinha. Quando eu digo sozinha, é sem um companheiro ou companheira, mas com amigos.
      Abraços.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — julho 25, 2014 @ 20:28 | Responder

  9. esta sensaçao de vazio é a falta de deus no caração se apegue em deus desde novo que isto nao aparecera mas eu sinto um vazio devido a uma depressao , mas isto nao me abala estou com deus vou sempre para a igreja , para deus nada é impossivel, ele pode fazer isto sumir de min tenho fé e acredito nele , em isaias na biblia fala sobre pessoa de vazo vazio , isto é a falta de deus , meu fecebook Aécio Machado

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    Comentário por Aécio Machado — janeiro 28, 2015 @ 19:09 | Responder

  10. gostei

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    Comentário por jose luis — agosto 22, 2016 @ 17:04 | Responder

  11. Na verdade o mundo parece requerer demais de nos quando isso acontece as exigências são tantas que nos fazem cair no vazio, eu sinto esse vazio não preenchido talvez por não estar nos padrões exigidos ou sei lá o que ,ainda to tentando entender…

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    Comentário por Lidiane Cp — dezembro 9, 2017 @ 13:52 | Responder

    • Olá Lidiane. Bom dia!
      Penso que nos cobramos muito e na maioria das vezes queremos nos enquadrar naquilo que achamos que parece ser o correto para o outro e não para nós.
      Eu pessoalmente me preocupo muito com o que os outros vão achar. E não tem que ser assim, não é mesmo?
      Um abraço e agradeço sua visita ao blog.
      Augusto

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      Comentário por Augusto Martini — dezembro 11, 2017 @ 11:17 | Responder


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