Recebi o texto abaixo do Giorgio, um amigo. Foi escrito pelo Ivan Martins, editor executivo da Revista Época. Junto com o texto veio um depoimento do Giorgio, onde diz que acha que há em todos nós um tanto de homem velho e outro tanto de homem novo e quanto a isso não entende que seja um problema em si; a questão está na proporção de cada um desses tipos tão distintos na composição do nosso modo de ser, pensar e agir.

O movimento do "homem novo" deve começar por refletir na sua liberdade condicionada e, paulatinamente, conquistar a sua liberdade para além das limitações da razão e...assumir que tem emoções, sentimentos, desejos...francamente limitados pelas "amarras" da cultura, das crenças, das normas sociais e pelo "medo" de si próprio. Um homem novo, se existir, tem que ser um homem que para além da morte se vá libertando e "rasgue" as referidas amarras nem que seja para chorar mais a vontade.
Digo isso porque já fui um homem extremamente velho quando ainda era jovem e graças a algumas lições da vida percebi que não era tarde, ainda que maduro, para me tornar um homem novo… de novo. Hoje não é mais o orgulho que me move ou me estaca diante do devir da vida, e sim o bem estar que só a compreensão descomprometida com essa ou aquela moral é capaz de proporcionar… tento dia-a-dia, nem sempre com sucesso, sorver mais significado dos pequenos momentos e detalhes do que dos objetivos inexoráveis e das compulsões dramáticas.
O homem velho em mim se esvanece mais e mais a cada nó górdio desatado; diga-se: daqueles velhos laços ditos familiares e que de familiares mesmos tiveram sempre tão pouco. Mais um fim de ano se aproxima… mais um teatro se anuncia; mas o que seria de nós se assim não fosse, não é mesmo?
Somos sempre menos do que gostaríamos e talvez muito mais do que merecemos… porém, questões sobre merecimento são para os clérigos de plantão. Prefiro a eterna insatisfação bem vivida dos novos, à que o regozijo petulante dos velhos diante da obra de suas vidas.
O Homem Novo, meu amigo: Ele cozinha, compra flores e cuida do filho. E no final da balada, vejam só, agarra a própria mulher.
Ivan Martins
É editor-executivo de ÉPOCA
Eu não sei o que é uma gérbera, mas tenho um amigo que sabe. De vez em quando ele acorda cedo e vai ao Ceasa atrás de flores mais baratas. Conhecer flores, acordar cedo e ir ao Ceasa são três coisas que ele faz e eu não faço – e que fazem dele um homem mais legal do que eu.
Outro dia eu deixei uma mensagem no Twitter dizendo que esse amigo era um exemplo do Homem Novo. Agora, aqui, com mais que 140 toques de espaço, eu queria elaborar melhor a ideia (que ele, claro, desaprova).
O que define o Homem Novo são diferenças funcionais em relação ao Homem Antigo. A espécie antiga tem enorme dificuldade em se dedicar ao cotidiano da família, ou faz isso de um jeito rígido, compartimentado: carro, encanamento, investimentos, eu cuido. O resto é coisa de mulher, certo?
Os Homens Novos fazem diferente. Eles cozinham, para começar a lista das vantagens funcionais da espécie. Não fazem lentilha uma vez por ano ou tomam conta do churrasco no domingo, embora possam fazê-lo. Eles cozinham rotineiramente. A mulher chega do trabalho e é recebida com comida quente, saborosa e inventiva. Existe.
Homens Novos se importam com detalhes. Cuidam da pintura e da decoração. Trabalham, mas se ocupam do jardim. Dão banho no bebê e dão o som na festa do amigo. Levam os filhos ao médico.
Eles conseguem passar horas em casa, conseguem dar atenção à família, conseguem ser simultaneamente práticos, descolados e amorosos. E no final da balada, vejam só, podem ser vistos beijando a própria mulher.
O Homem Novo estabelece um balanço equilibrado entre trabalho e casa – essa é a marca mais evidente do seu estilo pessoal –, enquanto o Homem Antigo dedica seu tempo e boa parte da sua libido à carreira.
O Homem Antigo é invariavelmente provedor (que o Homem Novo nem sempre é), mas pouco sabe da casa e da rotina dos seus filhos, embora possa estar por ali, meio entediado, porque a vida de verdade está lá fora.
Afinal, os melhores Homens Antigos são idealistas – vivem o tempo heróico das grandes ideias e dos grandes acontecimentos – mas são desatentos, profundamente desatentos, ao que ocorre na intimidade da casa. O tempo doméstico e suas histórias tornam-se propriedade exclusiva das mulheres. Uma perda irreparável.
Claro, o Homem Novo não existe em carne e osso em lugar algum. Meu amigo deve ser frequentemente um animal de sofá indolente, como boa parte dos maridos. Mas ele tenta estabelecer com os mundos do trabalho e da família uma relação que eu acho – além de urgente – revolucionária.
Depois que a mulheres ocuparam o mundo do trabalho, é hora de os homens ocuparem, pacificamente, o território doméstico das mulheres. Talvez seja um jeito, o único jeito, de resolver os impasses da família moderna – e, quem sabe, os impasses da própria masculinidade no século 21.
Boa parte dos homens hoje em dia além de não negar sua emoção(hoje em dia eles não tem vergonha de chorar), também estão abertos ao diálogo, sobretudo com seus filhos. Hoje os pais estão mais próximos de seus filhos, não são mais aquela figura rigorosa, distante e que causava medo. Mas, vale lembrar que alguns homens não se atualizaram e repetem o comportamento de seus pais. Atualmente meu pai é avô e como avô ele é muito mais maleável com seus netos se permitindo curtir o lado mais agitado/hiperativo das crianças. De fato é muito importante os homens dividirem as atividades domésticas com as mulheres. E a gentileza é algo que toda mulher gosta, por mais independente que ela seja.
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Comentário por Emília — novembro 18, 2011 @ 8:45 |
Oi Emilia.
Vc me fez lembrar do meu pai – homem duro, que nunca nos pegou no colo para fazer um carinho. Depois, quando os netos nasceram, amoleceu. Adaptou-se ao meio. Imagem linda vê-lo com alguns dos netos no colo. Bjs
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Comentário por Augusto Martini — novembro 18, 2011 @ 8:51 |
Esse homem novo surgiu depois da mulher nova, na minha opinião. A mulher, cada vez mais independente, foi saindo dos papéis tradicionais, principalmente, atuando no mercado de trabalho. Isso está quase que estampado na atual composição das empresas, especialmente, na nossa seara, os órgãos públicos. Com isso, a mulher tem menos tempo para se decicar ao lar, e assim, o homem precisa de mais participação doméstica. Eu sou solteira, moro só, mas ouço o que falam amigas e colegas casadas sobre o auxílio do marido, imprecindível, para várias tarefas. Uma delas me contou que fim de semana é dia já combinado do marido fazer a faxina da casa. Sobre cozinhar, tenho notado que o homem tem participado bastante, até como uma forma de higiene mental. E esse homem novo vai se tornando hábito, cada vez mais. Agora, que esse homem deixe de lado o homem velho, completamente, eu lá tenho minhas dúvidas. O maichismo está arraigado na cultura brasileira, assim como preconceito racial, e outros. Talvez, essa cultura precise crescer, para dar maior liberdade ao homem novo e à mulher nova. Silvia
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Comentário por Silvia Gouvea — novembro 18, 2011 @ 9:02 |
Bom dia Silvia.
Agradeço pela visita e pela contribuição.
Abrs
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Comentário por Augusto Martini — novembro 18, 2011 @ 9:24 |
[…] semana o Augusto fez um excelente post sobre o ” novo homem“. vai lá ler e me diz o que achou ( ou diz pra […]
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Pingback por o lado Elaine Cristina de cada homem | Isso é coisa de Lilly — novembro 23, 2011 @ 20:51 |
Olá Augusto, conheci seu blog através da Lilly
Achei fantástico o seu post de hoje, e tomei a liberdade de comentar sobre ele em meu blog.
parabéns!
RoPertile
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Comentário por RoPertile — novembro 24, 2011 @ 23:07 |
Boa noite!
Agradeço pelo comentário em seu post. Sempre que quiser visitar o blog ou comentar algo no seu, será um prazer.
Abraços.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — novembro 24, 2011 @ 23:29 |
muito obrigado pelo seu comentário.
o que voce disse é muito emociante, um belo depoimento
estarei inserindo seu blog no meu blogroll, seus post são ótimos!
Mais uma vez, agradeço!
Abraços
RoPeritle
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Comentário por RoPertile — novembro 25, 2011 @ 13:59 |
Oi Rosângela. Farei o mesmo. Vou inserir o seu blog em meu blogroll.
Abrs.
Augusto
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Comentário por Augusto Martini — novembro 25, 2011 @ 14:08 |