Escrevi o post de hoje a pedido da Tereza, uma de minhas irmãs…
Adoro os animais! Lembro que no meu tempo de criança e desde muito cedo, sempre tivemos um ou dois cachorros em casa. Eram outros tempos. Vivia em Rio Claro/SP, onde nasci. Sempre tivemos quintal grande. Hoje moro em apartamento, continuo gostando de cachorros, mas tenho consciência de que não é bom para eles viveram confinados em um lugar pequeno. Cachorro precisa de espaço para correr, latir e rolar na grama!
A primeira memória que tenho de um cachorro em casa é lá pelos meus 5 anos. Tínhamos um vira latas chamado Pelé, que meu pai trouxe para casa. Alguém de coração duro o abandonou na Prema – Tintas e Preservação de Madeiras, onde ele trabalhava. Meu pai ficou com dó do bichinho, adotou-o e o levou para casa. Eu e minhas irmãs – Tereza e Ivone ficamos felizes, porque ganhamos o nosso primeiro cachorro!
Mas vamos lá – voltemos à tal da história do Pelé que a Tereza pediu para que eu relatasse e que tem ligação com o dia 2 de novembro (Finados) – dia em que meu pai levava a gente no cemitério de São João Batista. Isso era sagrado. E calhava de ser o período da colheita de melancias e abacaxis. Assim, na Avenida da Saudade – que é uma das mais bonitas ruas de Rio Claro por conta da excelente arborização – nesse dia montavam-se barracas para a venda desses frutos.
Naquela época quase ninguém tinha carro. Usávamos o transporte público, que era bem mais precário que o de hoje. E o ponto de ônibus ficava “longe” de casa – morávamos na Vila Martins e tínhamos que ir a pé até a Vila Aparecida. Bem, a palavra longe aqui foi empregada às minhas memórias de criança. Não era tão longe assim. Tínhamos que caminhar umas oito quadras. E no local sempre havia uma montoeira de gente esperando o ônibus.
E lá fomos nós – banho tomado, roupa impecável e caminhando até o ponto.
Logo após a nossa chegada, quem aparece todo serelepe? O Pelé! Havia pulado o portão, usou seus dotes de bom farejador e achou a gente. Em poucos segundos se misturou no meio do povaréu. Chegou o ônibus e embarcamos. Já acomodados, qual não foi nossa surpresa ao vê-lo ao nosso lado, de lingua de fora, rabo de abano. Logo se enfiou embaixo do banco onde minhas irmãs estavam sentadas. Ficou bem quietinho – feito um bom menino!
Chegando ao cemitério, ele, todo festeiro, fez a nossa alegria também – visitamos os túmulos de todos os parentes – e o Pelé todo metido pulando por cima deles, cheirando, língua de fora por conta do calor.
Na hora de voltar para casa, como de costume, meu pai comprou uma melancia bem grande e a acomodou embaixo do braço. E lá estávamos novamente em um ponto de ônibus. E o Pelé ao nosso lado.
No momento de embarcar, o motorista que era o mesmo da vinda e que tinha visto o cachorro descer junto com a gente, estava ao lado da porta e disse: o cachorro não pode entrar!
E lá ficou o pobre do Pelé, do lado de fora, com cara de choro, sem entender o que acontecera, soltando um som que parecia um gemido entremeado com algumas latidas. E eu e minhas irmãs, dentro do ônibus chorávamos também…
Quando o ônibus pôs-se em movimento, tivemos uma alegria repentina: percebemos que o Pelé vinha atrás, correndo feito um louco para não se perder da gente.
O coitadinho correu até não poder mais… Em certo momento escutamos um grito, outros carros passando e nada mais do Pelé.
Recomeçamos a choradeira que perdurou até chegar em casa. Obrigamos nosso pai a pegar a bicicleta e voltar para procurar o Pelé. Ele foi. Voltou uma hora depois – não havia achado nem rastro do cachorro.
Logo se fazia noite e fomos deitar, ainda chorando e achando que o nosso cãozinho tinha morrido. Mas uma surpresa viria logo. No começo da madrugada escutamos um barulho como se fossem unhas sendo raspadas na parede perto da janela do nosso quarto, o qual dava direto na calçada. Junto com o barulho vinham uns gemidos baixinhos, como se fosse um choro.
Meu pai se levantou e foi olhar o que era. Ficamos espreitando pela fresta da porta. Estava bem escuro e não tínhamos uma luz no quintal. Naquele tempo, as lâmpadas dos postes de rua eram bem fracas… E para nossa alegria lá estava ele – o nosso Pelé! Tão exaurido que não conseguia pular o portão de entrada da casa e teve que arrumar um jeito de chamar a atenção. Funcionou!
Como ele conseguiu voltar até nossa casa eu não sei, pois teve que atravessar toda a cidade. Mas isso pouco importava naquele momento, frente a alegria de tê-lo novamente em nosso convívio.
Pelé viveu conosco por alguns longos e ótimos anos. Ainda hoje tenho muitas saudades de sua companhia. Ele deve estar vivendo lá em cima, ao lado de São Francisco, esperando o meu momento de atravessar a ponte. Então virá ao meu encontro, abanando o rabo e pulando em meu rosto, para dar umas lambidas.
não é engraçado como nos esquecemos de fatos antigos, mas lembramos de todos os cachorros que tivemos??
porque será que estes anjos peludos nos cativam, conquistam um pedaço do nosso coração eq do se vão deixam ali um buraquinho?
eu lembrei agora de todos os que ja tive na vida:
a Joia, uma pequines, era moda na época.
o bobi, o buby e o baby…3 peças raras que conviviam na boa: bobi era border colli, buby pastor branco e baby um pequines chato.
o popoyo e a pitty, dois fox paulistinhas
a Loba cristina I, e a loba cristina 2…21 anos vivendo ao lado destes dois pastor alemão que me ensinaram que o que esta raça tem de mais bonito é a fidfelidade e o olhar apaixonado pelo dono…
e hj de manha eu acordei e ainda estava um pouco escuro.
peguei uma xicara de café e me sentei na minha varanda, o lugar que eu, a loba e o gato mais gostamos.
tomei o café com o pé em cima dela…como um tapete imenso e peludo.
depois me deitei do lado, dei uma abraço e disse: bom dia fofucha, vai ficar deitada sua preguiçosa???
senti uma energia boa, de alegria vinda dela…
não sei se é normal amar tanto um bicho assim…e de algumas pessoas eu apenas ter o sentimento de tolerancia…
mas sei que alguma coisa o animal fez para que eu o tratasse assim.
amor e fidelidade.
como reagir negativamente a tanto carinho?: so tendo um coração duro.
e um olhar de cachorro amolece qualquer um.
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Comentário por coisadelillylilian — novembro 10, 2011 @ 10:33 |
Ai Lilian, que depoimento emocionante…
Bjs
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Comentário por Augusto Martini — novembro 10, 2011 @ 10:40 |
Os animais sabem o que é Amor Incondicional, eles apenas amam seus donos nada mais!!! Nós cuidamos deles e eles também cuidam de nós, às vezes não dá nem para saber quem é dono de quem. A ilustração do cachorrinho(logo acima) me fez lembrar meu falecido vira-lata de nome Rex, um cachorro muito amigo, querido e inteligente. As características comuns de Rex e Nick(meu atual mascote)são: o jeito moleque/espevitado e muuuuito amigos.
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Comentário por Emília — novembro 11, 2011 @ 9:28 |
Oi Emilia.
Estou há alguns dias com um “hospede” em casa – o Frederico – um poodle preto que não tem cara de poodle. Os pais dele estão reformando o apartamento e ele ficará um mês comigo. É lindo, amoroso e quieto! Adora ver os passarinhos que aparecem para comer na varanda do apartamento. Vou sentir falta quando ele se for. Bjs.
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Comentário por Augusto Martini — novembro 11, 2011 @ 9:34 |
Não conhecia essa história do Pelé. Adorei. Só fiquei apreensiva com o que teria acontecido depois que vocês perderam ele de vista. Ainda bem que teve um final feliz!!! Beijo.
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Comentário por Rosana — novembro 11, 2011 @ 10:47 |
Oi Ro!
Já imaginou o desespero que sua mãe, sua tia e eu ficamos, não é? Mas tudo acabou bem. Bjs.
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Comentário por Augusto Martini — novembro 11, 2011 @ 11:01 |
[…] Morando nessa casa, tivemos também o caso do cãozinho Pelé que pode ser lido aqui. […]
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