A Simplicidade das Coisas — Augusto Martini

setembro 27, 2010

Brasil – o país do futuro?

Acabo de ler no El País, a reportagem que está abaixo. Nela, o jornalista Andrés Oppenheimer discorre sobre o título desse post. Diz que há um consenso cada vez mais forte entre os especialistas de que o Brasil é a nova potência mundial emergente. Talvez seja assim, mas o Brasil precisa superar um obstáculo interno e potencialmente fatal: o auto-convencimento de sua inevitável ascensão para o clube das nações mais poderosas.

Essa é uma das principais conclusões que Oppenheimer diz ter chegado na semana passada quando participou de um painel intitulado “Brasil: uma potência em ascensão”, durante a Conferência das Américas, promovida pelo The Miami Herald e Banco Mundial. Diz ele que não há dúvida de que o Brasil está desfrutando de uma boa corrida. As coisas andam tão bem que até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recentemente anunciou, em tom de brincadeira, que “Deus é brasileiro. ”

Espera-se que a economia cresça 5% este ano. O país descobriu recentemente que tem uma das maiores de reservas de petróleo submarinas do mundo, e o Brasil foi designado para sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, que vai oferecer aos brasileiros uma oportunidade única para promover o país no exterior.

Em artigo da revista Time, um jornalista exarcebado recentemente nomeou Lula como “a pessoa mais influente do mundo”. O jornal britânico The Economist já havia publicado um artigo de capa intitulado “O Brasil decola”, observando que ao longo dos próximos 14 anos, o Brasil vai subir o seu status de oitava economia do mundo para a quinta maior, ultrapassando o Reino Unido e a França. Dois novos livros publicados nos EUA este mês, Brazil on the Rise, do jornalista do The New York Times, Larry Rohter, y The New Brazil, do professor da Universidade Johns Hopkins, Riordan Roett – coincidem no geral com essas projeções otimistas.

No painel da Conferência das Américas, todos os participantes concordaram que o Brasil se tornou em um país previsível, no qual os presidentes têm mantido a política econômica durante 16 anos, gerando a confiança e aumentando o investimento nacional e estrangeiro. A candidata do PT, Dilma Rousseff, que provavelmente vai ganhar as eleições presidenciais, não se desviará do curso econômico, segundo dizem.

No entanto, os debatedores ressaltaram vários perigos potenciais, indicando a antiquada infra-estrutura e a baixa qualidade da educação que poderão retardar o crescimento. Alguns também alertaram para risco de que setores radicais do partido governante se sintam tão confiantes, que se Dilma vencer com grande número de votos, que pretendem regressar às políticas nacionalistas e estatizantes do passado, e que a nova presidenta, se eleita, talvez não tenha o carisma Lula para controlar a extrema esquerda em seu partido.
“Uma coisa que me preocupa um pouco é que eu vejo um pouco de triunfalismo do Partido dos Trabalhadores”, disse Rohter. “Há quase arrogância, a sensação de que eles inventaram a roda, uma falta de vontade para reconhecer o papel que elevou o boom das matérias primas no sucesso do país nos últimos 16 anos. ”

Isso leva alguns setores do partido a pensar que o Brasil possa continuar crescendo sem investimentos estrangeiros em áreas essenciais como petróleo e agricultura, segundo disse. Mas Rohter afirmou que não acha que o triunfalismo se imponha, porque grande parte da população vê o futuro com cepticismo. “Uma das coisas mais saudáveis que tem acontecido é que os brasileiros já não falam sobre o Brasil como “o país do futuro [do mundo]”, mas como “a quinta potência”, disse ele. “Isso é um objetivo muito mais realista. ”
O colunista do El País, Andrés Oppenheimer, dá sua opinião: “espero que Rohter esteja certo, porque algo que eu percebi durante a minha recente viagem à China e Índia é que estas duas potências emergentes têm uma coisa em comum: a crença de que os outros poderes estão por trás de quase todas as áreas”.

Em quase todas as entrevistas com funcionários chineses e indianos, Oppenheimer diz que o impressionou a preocupação deles de que seus países não estão progredindo em educação, ciência e tecnologia tão rapidamente quanto outros países, e que estão atrasados. Disse que não viu a mesma preocupação, e com humildade, nos encontros que teve com autoridades brasileiras.
Oppenheimer diz que os chineses e os indianos têm uma saudável dose de paranóia construtiva, que os leva ao progresso constante. A menos que o Brasil adote a mesma atitude e evite a complacência que pode causar a profecia do exterior, não chegará a converter-se em uma das grandes potências mundiais emergentes.

1 Comentário »

  1. Mesmo com tantas expectativas positivas, o Brasil e seus dirigentes(de qualquer partido) devem trabalhar muito e apresentar resultados igualmente positivos, para que o estigma do País do “Jeitinho” seja coisa do passado. Gosto de pessoas bem humoradas, mas o carisma de Lula tem algo de irresponsável e uma arrogância que só falta dizer: tô nem aí prá galera…

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    Comentário por Emília — setembro 28, 2010 @ 15:52 | Responder


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